Até aos 24 anos, o volante Marcos Aurélio da Silva Lima, nascido no município de Porto Acre, no dia 8 de agosto de 1976, não pensava em se tornar um jogador de futebol profissional. Mas, pela sua garra nas peladas, ele era um atleta requisitado por times suburbanos para jogar campeonatos amadores, principalmente aqueles disputados no campo do bairro Calafate.
“Não tive a oportunidade de me iniciar em escolinhas ou em times de base. Também não participei de seleções de escolas. Cresci batendo peladas em diversos campinhos na periferia de Rio Branco. Um dos campinhos que eu mais frequentava era o da Semsur [Secretaria Municipal de Serviços Urbanos]. Meu aprendizado foi na prática mesmo”, explicou o ex-jogador.
Quando chegou o ano de 2001, devido às suas ótimas atuações nos campeonatos amadores, Marcos Aurélio foi convidado pelo treinador Raimundo Ferreira para disputar o campeonato estadual pelo Vasco da Gama. Foi no Almirante da Fazendinha que ele virou definitivamente o Marquinhos Calafate. Apelido que foi dado pelo radialista Alberto Casas.
“Eu jogava por um time chamado Estação. Eu sempre me destacava nas competições disputadas no campo do Calafate. Por isso fui convidado pelo Raimundo Ferreira. Meu primeiro jogo com a camisa do Vasco foi contra o Andirá. Ganhamos por 3 a 0. E o título do campeonato ficou com a gente. Foi a segunda vez do Vasco campeão profissional”, falou o ex-craque.
Vasco da Gama – 2001. Em pé, da esquerda para a direita: Serginho, Tucho, J. Maria, Feijão, Evilásio, Ciro, Léo, Josué, Gato, Ferreira e Faísca. Sentados: Marcelo Altino, Raimundinho, Raimundo Ferreira, Dário, Mamude, Siqueira, Paulinho, Cleiton, Marquinho Calafate e Adélcio. Fila da frente: Selcimar Maciel, Marquinho Paquito, Gean, Celso, Léo e Lobinho. Foto/Manoel Façanha.
Marquinhos Calafate, apesar de jogar preferencialmente na posição de cabeça-de-área, não se opunha a ser escalado para outras funções dentro de campo. Dessa forma, dependendo da disponibilidade de atletas ou de eventuais alterações táticas idealizadas pelos treinadores, ele atuava com igual eficiência como zagueiro central, quarto-zagueiro ou lateral direito.
Jogador polivalente e outras camisas
Vasco da Gama – 2001. Em pé, da esquerda para a direita: Faísca, Ferreira, Índio, Ciro, Gato, Cleiton, Marco Antônio “Tucho”, Evilásio, Paulinho Bolívia e Josué. Agachados: Adélcio, Airton, Marquinhos Calafate, Mamude, Dário, Marquinhos Paquito, Siqueira, Jean e Kaiquê. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Essa polivalência foi observada pelos demais clubes acreanos e logo ele recebeu uma proposta vantajosa para deixar o Vasco e ingressar nas fileiras do poderoso Rio Branco, onde acabou sagrando-se campeão estadual em 2004 e 2005. Depois disso, até 2007, quando encerrou a carreira, aos 31 anos, ele ainda teve tempo de vestir as camisas de Independência e Andirá.
Profissionalmente falando, foram apenas sete temporadas e quatro camisas na vida do Marquinhos Calafate. Tempo suficiente, porém, para ele sagrar-se campeão estadual por três vezes. “O meu primeiro título, no meu ano de estreia, em 2001, pelo Vasco, eu tenho como a minha maior alegria no futebol. Ganhamos a final contra o Rio Branco”, garantiu Marquinhos.
Sobre os motivos de parar de jogar tão precocemente, Marquinhos Calafate contou que o futebol não lhe dava muitas condições financeiras para tocar a vida de maneira além do razoável. Aí, de acordo com as suas palavras, ele preferiu voltar a trabalhar na sua profissão original de pedreiro, para poder, consequentemente, dar mais conforto e melhor situação à sua família.
Grandes adversários e ótimos parceiros
Vasco da Gama – 2002. Em pé, da esquerda para a direita: Adélcio (massagista), Messias (preparador físico), Josué, Marcelo Cabeção, Juscelânio, Edílio, Jota Maria e Faísca. Agachados: Marquinhos Calafate, Siqueira, Genival, Ciro e Marquinho Paquito. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Jogando sempre em posições defensivas, Marquinhos Calafate, apesar da boa técnica, era tido como um marcador duro, verdadeiro cão-de-guarda da sua grande área. Mas ele disse que tinha alguns adversários que lhe davam muito trabalho. Caso dos atacantes Juliano César, Babá e Rozier. “Esses caras eram habilidosos e velozes. Fizemos bons duelos”, disse o ex-volante.
Rio Branco – 2004. Em pé, da esquerda para a direita: Marquinho Costa, Nego Cajazeira, Máximo, Erismeu, Acosta, Dudu, Vítor, Ismael, Rozier e Ananias. Agachados: Doka Madureira, Wilsinho, Babá, João Paulo, Marquinhos Calafate, César, Ley e Juliano César. Foto/Manoel Façanha.
RIO BRANCO – 2004. Em pé, da esquerda para a direita: Erismeu, Ismael, Nego, Máximo, Marcão, Acosta, Dudu e João Paulo. Agachados: Marquinhos, Juliano César, Dema, Ley, César, Babá, Ananias, Wilsinho, Rozier e Saulo. Foto/Manoel Façanha.
Rio Branco – 2005. Em pé, da esquerda para a direita: Donizete, Dudu, Bonieque, Marinho, Val Manaus, Acosta, Raiscifran, Amarilzon, Norge Romero (médico), Selcimar Maciel (treinador de goleiros) e João Carlos Cavalo (técnico). Agachados: Zedivan, Ley, Zé Marco, Bazinho, Ananias, Zezé, Juliano César, Dema, Neib, Marquinhos Calafate e Manoel (massagista). Foto/Manoel Façanha.
Quanto aos melhores parceiros que teve em campo, aqueles com os quais ele se entendia só com uma troca de olhares, Marquinhos Calafate citou um monte de gente. “Meus grandes parceiros foram Siqueira, Ciro, Paquito, Josué Kaki, Mamude, Jean, Neiber, Rozier, Ananias, Juscelanio, Acosta, Bonique e Dudu. Coincidentemente, a maioria do Vasco campeão de 2001”.
Independência – 2005. Em pé, da esquerda para a direita: Josué, Dudu, Jota Maria, Careca, Amarilzon, Bonieque, Tom, Ciro, Acosta, Val Manaus e Dorielson Mendes (treinador de goleiros). Agachados: Léo, Neib, Marquinhos Calafate, Babá, Pelezinho, João Paulo Andirá, João Paulo e Victor Romero. Foto/Acervo Manoel Façanha.
Muitos desses nomes citados, o ex-volante chamaria para uma seleção de melhores jogadores do futebol acreano. Time que ele escalaria da seguinte maneira: “Valtemir; Paquito, Dudu, Josué e Ananias; Cairara, Mamude, Ciro e Siqueira; Juliano César e Babá”. O melhor treinador para dirigir essa seleção? Marquinhos Calafate cravou o nome de João Carlos Cavallo.
No segundo semestre de 2005, o polivalente Marquinhos Calafate reforçou o Independência na Série C. Foto/Manoel Façanha.
Na temporada 2006, o técnico Paulo Roberto Oliveira contou com o retorno do volante Marquinhos Calafate na Fazendinha. Foto/Manoel Façanha.
No que diz respeito ao futuro, o ex-craque dividiu a sua resposta em duas partes. Uma sobre a vida em geral: “Que Deus possa nos guardar dessas doenças que assolam o mundo”. E a outra sobre o lado esportivo: “Que eu possa, na medida do possível, continuar incentivando o esporte amador, sempre visando o surgimento de novos talentos para o futebol acreano.”
Na temporada de 2007, o polivalente Marquinhos Calafate defendeu as cores do Andirá. No lance, ele tenta se livrar da marcação do estrelado Paulinho Pitbull. Foto/Manoel Façanha.
Fac símile do Jornal Opinião de 23 de janeiro de 2022