Líquido vermelho da carne não é sangue; saiba mais

Foto: Jason Leung/Unplash

Sempre tem alguém no churrasco que gosta de carne mal passada e é comum se referir a ela como uma carne que está “sangrando”.


Mas, na verdade, o líquido que sai do alimento não é sangue. Boa parte dele, inclusive, vai embora durante o abate do boi.


Para explicar o que é esse líquido, o g1 conversou com os médicos veterinários Alessandra Silva Dias Campos e Felipe Machado Sant´Anna, professores do Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH).


Eles explicaram ainda como o sangue é retirado dos bovinos e por que a carne encolhe quando a cozinhamosConfira:


O que é o líquido vermelho da carne bovina?

líquido vermelho da carne tem origem em uma proteína chamada mioglobina, que é encontrada dentro das células que formam as fibras musculares dos bovinos.


Ela é responsável pela coloração dos músculos dos animais, que depois se transformam na carne que chega até a mesa.


Durante o processo de transformação do músculo em carne, uma quantidade de água é liberada das fibras musculares e, associada a ela, parte da mioglobina também é liberada, gerando o líquido vermelho característico da carne.


A mioglobina é uma proteína que se liga ao oxigênio que chega às células, sendo responsável pelo transporte e armazenamento deste dentro dos músculos.


Uma vez dentro das células musculares, o oxigênio poderá ser utilizado para a produção de energia, possibilitando as funções de contração e relaxamento muscular, dizem os veterinários.


Como o sangue do boi é retirado?

Antes da sangria, o boi passa pela etapa de insensibilização, uma técnica que retira a sensibilidade dele a estímulos externos. — Foto: Reprodução/ TV TEM

Antes da sangria, o boi passa pela etapa de insensibilização, uma técnica que retira a sensibilidade dele a estímulos externos. — Foto: Reprodução/ TV TEM


Cerca de 60% a 70% do sangue do boi é retirado durante a sangria, etapa do abate onde um corte é feito na região do pescoço do boi, permitindo a saída do sangue, que é recolhido, por sua vez, em calhas específicas nos abatedouros.


Esse processo permite que o líquido seja retirado de forma rápida e abundante, segundo os veterinários. O restante do sangue (30% a 40%) fica retido em órgãos e músculos.


A legislação prevê que, antes da sangria, o animal passe pela etapa de insensibilização, uma técnica que retira a sensibilidade dele a estímulos externos, o que, segundo os veterinários, é “uma norma importante dentro da concepção de abate humanitário”.


Tudo isso está previsto no Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA) e na Portaria 365, de 16 de julho de 2021.


Por que a carne encolhe quando a gente cozinha?

Isso ocorre porque parte da água da carne é perdida durante o cozimento.


O teor médio de água presente na carne das espécies de açougue (aves, suínos e bovinos) é de cerca de 75%, seguido de proteínas (23%), gorduras (1,8%) e sais minerais (0,2%).


Alguns fatores podem contribuir para uma maior perda de água durante o cozimento, como o excesso de sal e a perda por descongelamento.


“Sendo assim, recomenda-se sempre temperar a carne no ato do preparo, evitando salgá-la em excesso, pois o sal favorece a perda de líquido das fibras, fazendo com que a carne encolha e também se torne mais dura”, afirmam.


Em relação ao descongelamento, quando este é feito de forma rápida (como deixar a carne sob o sol, descongelar em micro-ondas ou em temperatura ambiente), a carne perde mais água durante o cozimento.


Isso ocorre porque não há tempo suficiente para que as fibras reabsorvam a água que estava antes congelada nas fibras musculares, que será perdida no aquecimento.


Fonte: G1


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