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Em Manaus, casos de hanseníase têm alta de 42% em 2021

Capital amazonense registrou 100 casos confirmados da doença no ano passado.
Teste de sensibilidade para detecção da hanseníase.
Manaus registrou 100 casos de hanseníase em 2021, representando uma alta de 42% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados 70 casos da doença. Os dados foram divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
Segundo a pasta, o surgimento da pandemia da covid-19, no ano passado, pode ter gerado subnotificações de novos diagnósticos em 2020.
Neste ano, a Semsa prepara uma mobilização para o “Janeiro Roxo” – a campanha nacional de prevenção e controle da hanseníase, e inicia nesta segunda-feira (3), a visita em domicílios, selecionados aleatoriamente, realizando um questionário elaborado pelo Ministério da Saúde, nos bairros com maior incidência da doença em Manaus.
De acordo com a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, a ação faz parte de um trabalho para reforçar o diagnóstico precoce da hanseníase, que pode levar de 2 a 7 anos para manifestação dos sintomas, a partir da contaminação.
“Como os sintomas da hanseníase não se manifestam de forma imediata, o diagnóstico precoce da doença é fundamental. Em alguns casos, com diagnóstico tardio, o paciente chega ao serviço de saúde já apresentando sequelas irreversíveis. A ação do Janeiro Roxo tem o objetivo de sensibilizar a população sobre os sinais e sintomas da doença, que tem cura, e fortalecer a detecção precoce”, explica Shádia Fraxe.
A ação de busca ativa que será realizada até sexta-feira (7) , com a atuação de Agentes Comunitários de Saúde (ACSs), vai alcançar 12 bairros de Manaus: Colônia Antônio Aleixo, Jorge Teixeira, Cidade de Deus, Santa Etelvina, Novo Aleixo, Alvorada, Compensa, Petrópolis, Centro, Cachoeirinha, Praça 14 de Janeiro e Japiim. A previsão é que sejam realizadas visitas em 1.106 imóveis.
A chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Ingrid Simone Alves dos Santos, explica que os ACSs irão visitar os domicílios selecionados para a busca ativa de possíveis casos suspeitos, mediante a realização de entrevistas com moradores.
O formulário preenchido será entregue para a equipe de saúde responsável pelo território, que irá avaliar as respostas e agendar as consultas.
Movimentação
No período de 17 a 22 de janeiro, a prefeitura vai organizar a Semana Nacional de Mobilização da Hanseníase, evento coordenado pelo Ministério da Saúde em todo o país, que tem como objetivo ampliar a detecção de casos da doença, assim como no fortalecimento da capacitação dos profissionais de saúde para o diagnóstico e tratamento.
“Uma das estratégias é justamente a aplicação do questionário em domicílio. Com a avaliação das respostas dos moradores ao questionário, os pacientes serão encaminhados para atendimento na Unidade de Saúde mais próxima da residência”, destaca Ingrid.
Além de médico dermatologista, o paciente terá atendimento com fisioterapeutas, médicos clínicos e enfermeiros.
Doença
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo bacilo de Hansen (Mycobacterium leprae) e a transmissão ocorre quando uma pessoa doente, sem ter iniciado o tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros. Os sintomas podem surgir entre dois e sete anos a partir da contaminação.
Na fase inicial da doença, os sintomas são caracterizados por lesões na pele que causam diminuição ou ausência de sensibilidade ou lesões dormentes.
Em estágios mais avançados pode apresentar edema de mãos e pés, febre, dor na articulação, ressecamento dos olhos, nódulos dolorosos, mal-estar geral, dor ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, e a diminuição ou perda de força nos músculos, inclusive nas pálpebras.
A transmissão requer um convívio muito próximo e por um tempo muito prolongado. Por esse motivo é fundamental acompanhar os contatos domiciliares do paciente com hanseníase para um diagnóstico precoce.
Em 2021, dos 100 casos novos de hanseníase em Manaus, 19,35% já apresentavam sequelas no momento do diagnóstico, representando o índice mais elevado dos últimos 20 anos.
“As sequelas atingem mãos, pés e olhos principalmente. No estágio mais avançado, o paciente tem comprometimento na visão e na mobilidade, alguns não conseguem nem abotoar a blusa ou calçar um sapato. O paciente perde também a sensibilidade no local da lesão nas mãos e nos pés, e precisa ter atenção redobrada durante o preparo dos alimentos no fogão para não se queimar, assim como pode acabar machucando os pés sem perceber, o que agrava as lesões”, alerta Ingrid.


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