O Acre bateu um novo recorde de casos de Covid-19 nesta segunda-feira (31) com 3.111 novos casos em 24 horas. Com isso, apenas em janeiro, o estado acreano registrou um total de 12.876 pessoas infectadas pela doença. Esse total é quase que 90% maior do número registrado em janeiro de 2021, que foi 6.847.
A maior quantidade de pessoas doentes tinha sido registrada no último dia 22, quando o estado chegou à marca de 1.529 casos novos em 24 horas.
A explicação para o aumento é a chegada da variante Ômicron no estado. Outro fator relevante pode ter sido a testagem em massa. Entre os dias 24 e 28 a saúde de Rio Branco abriu um ‘drive-thru’ da testagem no estádio Arena da Floresta, Segundo Distrito da capital acreana.
Em cinco dias de ação, dos mais de 5 mil testes feitos, 2.652 exames tiveram resultado positivo para a Covid-19. As pessoas atendidas tiveram acesso a médicos e remédios para iniciar o tratamento de forma imediata contra a doença.
Ainda há 505 exames à espera de análise do Laboratório Central de Saúde Pública do Acre (Lacen).
O boletim de leitos divulgado diariamente pela Saúde mostra que em todo o estado há 73 pessoas internadas, sendo 65 com teste positivo. Dos 30 leitos de UTI existentes, 17 estão ocupados, uma taxa de 57%. São 20 leitos de UTI em Rio Branco e 10 em Cruzeiro do Sul. Com relação às enfermarias, há um total de 56 pessoas internadas, sendo que tem somente 53 leitos, com isso a taxa de ocupação é de 105,35%.
Mortes e vacinas
O único mês que tinha se aproximado do total de casos registrados em janeiro desse ano foi março de 2021. Na época, o estado acreano teve 12.123 casos positivos e 264 mortes pela doença. Março foi um dos meses de 2021 mais letais para a população do estado.
Já em abril do ano passado o número de mortes subiu para 267 mortes e esse foi considerado o mês mais letal.
Se o número de casos positivos de Covid-19 em janeiro deste ano assusta, o número total de vítimas fatais reduziu em relação a janeiro do ano passado. Nos primeiros 31 dias de 2022, o Acre teve 20 mortes pela doença.
Em janeiro 2021, 72 pessoas perderam a vida para a Covid. A redução é de mais de 72% entre os períodos avaliados.
O g1 ouviu o médico e integrante do comitê Acre Sem Covid Osvaldo Leal sobre os dados registrados. O profissional destacou que o contágio da variante Ômicron está menos grave porque grande parte da população está imunizada com a vacina.
“Essas pessoas, que inclusive já tem o reforço, mesmo que no Acre o percentual dele seja pequeno, estão desenvolvendo sintomas leves da doença. Pegam a variante, mas desenvolvem forma leve da doença. Ao passo que, pessoas que não estão vacinadas, hoje são o grande contingente de pessoas que estão internadas ou em estado grave em UTIs”, destacou.
O profissional frisou que os dados comprovam que pessoas que ainda se recusam a tomar a vacina, seja por influência ou convicção, estão se prejudicando e prejudicando outras pessoas. Ele frisou que o tempo de internação das pessoas vacinadas também é menor.
“No dia 25 desse mês, a Secretaria Municipal do Rio de Janeiro publicou uma variação comparando os não vacinados com os vacinados e concluiu que o risco de morte para o não vacinado no público idoso é 27% vezes maior do que o público vacinado. São números muito eloquentes e que mostram que estávamos vivendo a epidemia do negacionismo. Esse público que acaba precisando de um suporte hospitalar acaba ficando internado por menos tempo porque desenvolve sintomas mais leves”, complementou o profissional.
O médico relembrou também que, em 2021, o sistema de saúde entrou em colapso pouco depois que a vacina começou a chegar até a população. Este ano, com a Ômicron, que é mais contagiosa, se não tivesse vacina seria necessário uma grande estrutura hospitalar para atender a população. Ele disse que o número de mortes também teria sido grande.
“Se a gente extrapolar isso que estamos vivendo hoje para o que vivemos o ano passado você pode colocar umas três a quatro estruturas do Into [Institudo de Traumatologia e Ortopedia do Acre] para dar conta do problema que tivemos ano passado. Nesse período ano passado não tínhamos ninguém vacinado, o que segurou foram as medidas sanitárias, uma variante que apesar de grave não tinha um percentual de contágio grande. Imagina a Ômicron o lugar da [variante] gama ano passado. Teria sido um terror”, concluiu.
Internações
O aumento das internações e de casos positivos de Covid-19 também fez com que a Saúde do Acre abrisse mais leitos de enfermagem e de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para atender a demanda este ano. Os leitos foram abertos no Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Acre (Into-AC), em Rio Branco, no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, e no Hospital Regional do Alto Acre, em Brasileia, no interior.
A Sesacre ampliou as vagas de UTI e enfermaria da seguinte forma:
- Rio Branco – 10 novos leitos de UTI Covid no Into-AC. A unidade já dispõe de 40 leitos de enfermaria e, com a abertura dos novos leitos, o número de vagas na UTI sobe para 20;
- Brasileia – mais 10 leitos de enfermaria e cinco semi-intensiva. O hospital tinha apenas três leitos de enfermaria;
- Cruzeiro do Sul – segue com 10 leitos de UTI Covid e 10 leitos de enfermaria.
Outra medida tomada pela saúde estadual foi contratar 49 profissionais para a linha de frente da Covid.
Ao todo, são 25 técnicos de enfermagem, 12 enfermeiros, cinco médicos, três fisioterapeutas, um técnico de laboratório e um biomédico. Os profissionais foram contratados em regime de emergência.
Terceira onda
O Acre registrou, nos 31 dias de janeiro, 12.867 casos novos da doença, conforme dados do boletim diário divulgado pela Sesacre, um salto significativo comparado a dezembro do ano passado que fechou com 171 casos novos.
No último dia 22, o estado chegou à marca de 1.529 casos novos em 24 horas e registrou um novo recorde. A explicação para o aumento é a chegada da variante Ômicron no estado.
Com o aumento no número de casos, as unidades de saúde voltaram a ficar lotadas em Rio Branco. A busca por testes em farmácias também aumentou.
Os médicos que atendem na rede básica de saúde de Rio Branco suspenderam de forma temporária a greve da categoria que já durava mais de um mês. A decisão ocorre devido a terceira onda de Covid que atinge o estado acreano com elevação de casos da doença.
Mutirão de vacinação contra Covid-19 foi realizado em Rio Branco — Foto: Odair Leal/Secom
Vacinação no Acre
Após ficar quase dois meses sem divulgar os dados da imunização contra a Covid-1 no estado do Acre, o painel de vacinação do governo voltou a ser atualizado no último domingo (23).
Conforme os dados, até esta segunda (31), dada da última atualização, foram aplicadas em todo o estado 1.099.904 doses de vacina desde o início da vacinação, em janeiro do ano passado.
Ao todo, 442.828 pessoas tomaram a segunda dose e 11.888 a dose única e, assim, estão totalmente imunizadas. Ainda segundo os dados do painel do governo do estado, 577.743 pessoas acima de 12 anos de idade tomaram ao menos a primeira dose da vacina no Acre.
Já com relação à dose de reforço, que é destinada às pessoas com idade acima de 18 anos, os dados apontam que 54.864 receberam a vacina.
Apesar da atualização, os dados ainda não batem com os divulgados pelo Ministério da Saúde no ‘Vacinômetro SUS’. Segundo o PNI no Acre o número de doses aplicadas que consta no portal estadual sempre vai ter um atraso, uma vez que o Ministério da Saúde recebe a informação atualizada pelos municípios primeiro.