O Brasil gerou 324.112 empregos com carteira assinada em novembro deste ano, informou o Ministério do Trabalho e da Previdência ontem. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ao todo, segundo a pasta, o país registrou em novembro 1.772.766 de contratações e 1.448.654 de demissões. O resultado mostra piora na comparação com o mesmo mês do ano passado, quando foram abertas 376.265 vagas formais. Contudo, foi o melhor resultado mensal desde agosto deste ano, quando foram criados 275.284 empregos com carteira assinada.
No acumulado no ano, foi registrado saldo de 2.992.898 empregos, decorrentes de 19.136.617 admissões e 16.143.719 desligamentos. No mesmo período do ano passado, houve criação líquida de 121.931 postos formais. O setor de serviços ficou com o maior saldo, totalizando 180.960 novas vagas, seguido por comércio (139.287), construção (12.485) e indústria (8.177).
Para o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, esse é o terceiro melhor mês do ano na geração de empregos formais, atrás de fevereiro, que teve 389.679 vagas criadas; e agosto, com 375.284 novos postos de trabalho. Durante coletiva de imprensa virtual, ele disse que o resultado é fruto do grande esforço da sociedade e do governo do presidente Jair Bolsonaro.
“(O governo) Manteve uma disciplina fiscal importante, manteve um processo de simplificação, desburocratização, digitalização do governo, revisão de normas regulamentadoras, de simplificação e condensação da legislação trabalhista infralegal. Tudo isso com objetivo de simplificar, facilitar e permitir que as empresas brasileiras, os empregadores brasileiros, pudessem, a cada dia, ter mais tranquilidade para trabalhar e ter a condição de fazer seu negócio prosperar”, disse o ministro.
Muitas vagas de emprego hoje em dia precisam de especialização, seja graduação ou curso técnico. Layane Pereira, 27 anos, acaba de conseguir emprego por meio de um curso do Renova DF. “Eu estava desde 2019 desempregada, mas sempre fazendo serviços à parte, como faxina, eventos fritando salgados, panfletagem em alguns lugares. Mas nunca deu certo como algo fixo”, conta.
Ela diz que fez uma entrevista na quarta- feira e que já vai começar no próximo dia 27. “Não foi fácil encontrar (emprego). Eu participo de um grupo no WhatsApp que posta vaga todo dia. E eu enviava currículo todos os dias para vagas em que eu me encaixava. Mesmo assim, nem sequer para entrevista fui selecionada”, lembra.
Temporário
Ela diz que fez uma entrevista na quarta- feira e que já vai começar no próximo dia 27. “Não foi fácil encontrar (emprego). Eu participo de um grupo no WhatsApp que posta vaga todo dia. E eu enviava currículo todos os dias para vagas em que eu me encaixava. Mesmo assim nem sequer para entrevista fui selecionada”, lembra.
Benito Salomão, mestre em economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), afirma que o saldo apresentado em novembro está relacionado com a abertura de vagas temporárias. “Durante o final do ano, ocorre criação de vagas em grande parte dos setores, como serviços, comércio varejista, que têm uma sazonalidade muito forte nessa época entre novembro e dezembro”.
Porém, segundo Salomão, há, também, o fator da vacinação, que ajudou na reabertura de postos. “Por exemplo, serviços como shows e cinema voltaram a funcionar. Com isso, eles vão contratar. Porém, o prognóstico para 2022 é de cautela, porque essas vagas temporárias de dezembro não devem permanecer no primeiro semestre de 2022. Então, o ritmo de crescimento do emprego vai ser menor no primeiro semestre”, pontua.
A economista e consultora em investimentos Catharina Sacerdote concorda: “Os dados do Caged até aqui demonstram um aquecimento no mercado de trabalho, mas esse período de novembro e dezembro sempre foi aquecido, por causa das vendas de final de ano”.
Além disso, de acordo com ela, considerando que boa parte da população está vacinada, muitos prefeitos autorizaram algumas prestações de serviços que estavam bloqueadas, seja pela impossibilidade de realização sem o contato físico, seja pelo aumento da capacidade de funcionamento. “É possível confirmar essa percepção por meio dos dados de crescimento dos serviços e comércio — que tiveram os maiores incrementos”.
Projeções
Segundo ela, no entanto, é possível ter uma percepção mediante algumas variáveis que já acendem um sinal de alerta. “As expectativas de crescimento do PIB estão muito baixas, tanto para 2021 quanto para os anos seguintes. Outro exemplo é que 2022 é ano eleitoral, período em que há muito foco no processo das eleições, deixando de lado pautas importantes para a população”, ressalta.
Expectativas para 2022 ainda incertas
Ao serem ajustados, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostraram, no fim de novembro, que o saldo do emprego formal no Brasil, quando comparado com o mesmo mês de 2020, foi negativo.
Segundo a economista e consultora especialista em investimentos Catharina Sacerdote, em geral, as taxas positiva de emprego são reflexo de melhorias na economia. Como houve mudança na forma de cálculo dos dados do Caged, contudo, é bastante desafiador fazer uma comparação com anos anteriores, sendo preciso buscar outros elementos para apontar novas direções.
“Os dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), que são levantados de maneira diferente do Caged, apontam que há mais de 13 milhões de pessoas desempregadas. E uma parte significativa está em busca de vaga há mais de 24 meses”, destaca a especialista.
Os novos dados do cagastro geral mostram que o saldo de emprego mais representativo é observado na atividade econômica de serviços — informações, comunicação, atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistrativos —, do qual se depreende que a atividade econômica começa a apresentar sinalização de melhora. Em seguida, está o comércio — que inclui a reparação de veículos automotores e motocicletas — reforçado pelas promoções da Black Friday.
Segundo Otto Nogami, professor de economia do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, entretanto, o dado mais importante é quando se comparam os saldos deste ano com os do ano passado, quando houve uma queda expressiva de 21,8%. “A exemplo do que foi verificado no mês de outubro, quando a queda em 12 meses foi de 35,93%”, observa.
Reação do mercado
Os dados reforçam o que se vem constatando com relação a outros indicadores, aponta Nogami. “A economia vem apresentando ao longo deste ano sinais de debilitação, com quedas seguidas no nível da atividade econômica”.
De acordo com o especialista, portanto, há “reação do mercado à falta de um planejamento de política econômica para resgatar o processo de crescimento e desenvolvimento do país”.
Sem espaço fiscal, completa o economista, “falhas na tentativa de conter a escalada dos preços e o agravamento do cenário político institucional acabam fragilizando, cada vez mais, o mercado de trabalho, que também apresenta uma queda no salário médio de admissão, denotando outros problemas estruturais da economia brasileira.
Fonte: Correio Braziliense