A escola estadual de ensino médio Clícia Gadelha, na região do São Francisco, em Rio Branco, passa por problemas estruturais.
Na escola, há rachaduras do chão ao teto, vigas soltas e portas desalinhadas. Na sala de gestão, o teto e a parede estão cedendo e a porta precisou ser serrada para que ela possa fechar. Do lado de fora, as peças de madeira que sustentam o telhado estão se soltando da parede. Já dentro das salas de aula, o chão está rachando e o forro despenca com a compressão das paredes. A rampa de acesso para cadeirantes também está comprometida.
Com todos esses problemas, os pais estão preocupados que a estrutura possa desabar. Melissa, mãe de dois filhos, um de 17 e outro de 16 anos, está decidindo se os filhos vão continuar na escola.
Se tivesse aula presencial, como ficaria? O meu coração fica à flor da pele, eu fico totalmente insegura, não tenho certeza se meus filhos irão continuar aqui, estudando ano que vem. Não é pela questão da gestão, dos professores, não é isso, é pela estrutura da escola. A escola precisa ser demolida, e aí vem a pergunta: se a escola for demolida, para onde que vão esses alunos? O que vai ser feito em 2022?”, questiona Melissa.
Para não pôr a vida dos alunos em risco, a direção da escola decidiu manter as aulas em modo remoto. A Sandra mora na região do Quixadá, na zona rural de Rio Branco e relata que o filho, de 17 anos, tem dificuldades para acessar a internet e acompanhar as aulas.
“Tem sido muito difícil, porque para começar meu filho é de zona rural. Tem que pegar a apostila, tem toda dificuldade, é muito difícil e não aprende não, aprende o básico do básico, porque eles têm que fazer sozinho, né? Meu filho começou estudando aqui no primeiro ano, próximo ano já termina e pelo que eu vejo vai continuar remoto, do jeito que está,” lamenta.
Os pais têm se reunido com a direção da escola para relatar os problemas. Amarildo é conselheiro escolar, e tem um filho de 16 anos que estuda na escola. Ele afirma que foi cogitada a volta das aulas presenciais, mas os pais não aceitaram. Ele conta ainda que alguns pais já pediram a transferência dos filhos.
“Os alunos que estudam aqui, quase todos são do bairro e com isso nenhum pai gostaria de levar o seu filho para longe, uma vez que na nossa cidade até os ônibus é um outro problema. Então. a gente já matricula os filhos perto da nossa residência, para que haja uma facilidade entre Estado e família, mas nessa condição não há”, diz o conselheiro escolar, Amarildo Alves.
Ofícios enviados à Secretaria de Educação
Segundo a coordenação da escola, diversos ofícios foram enviados para a Secretaria Estadual de Educação, solicitando a manutenção e reforma do prédio. Mas não houve retorno da pasta, portanto, a coordenação não tem previsão de quando haverá uma intervenção na estrutura do colégio.
“Todos os caminhos legais, nós já fizemos. A gente manda ofício, a Secretaria de Educação manda a equipe aqui, a equipe vistoria tudo, faz o seu relatório, leva para a Secretaria de Educação e a gente fica aguardando pacientemente. Por último agora, nós já tivemos duas vistorias do Corpo de Bombeiros. O Corpo de Bombeiros já interditou, inclusive, a sala da gestão, sugeriu a interdição e pediu que houvesse uma fiscalização, um levantamento técnico da situação e nós estamos aguardando” explica Sandra Buh, coordenadora de ensino da escola.
Ação de vândalos
Um dos blocos do edifício está sem luz, depois que vândalos invadiram a escola e arrombaram a caixa de distribuição de energia para furtar os fios. Com a escola sofrendo frequentes invasões, vários boletins foram registrados na polícia.
“E além do furto, nós temos também a questão do vandalismo, algumas pessoas pulam o muro da escola no fim de semana, destroem a tampa da caixa d’água, quebram torneiras, fazem necessidades fisiológicas dentro da escola. Para resolver essa situação, teríamos que ter alguém presencial aqui, porque tem um detalhe, nós não temos câmeras suficientes para cobrir todo perímetro escolar”, conta a coordenadora.
Os pais também reclamam que os filhos não estão tendo aulas das disciplinas de sociologia e física, pois faltam professores para lecionar as matérias na escola.
“O que a escola faz? A escola vai no setor de lotação, a Secretaria de Educação tem ciência de que faltam esses professores e eles já disseram pra gente que vão enviar, e nós estamos aguardando. O ano letivo encerra agora em janeiro, e nós estamos aguardando que até o final do ano letivo venham esses professores. Porque quem determina quem vai ser lotado na escola é o setor de lotação da Secretaria de Educação”, diz Sandra.
Secretaria diz que faz estudo para reforma da escola
Aberson Carvalho, chefe do Departamento de Gestão de Redes da Secretaria de Educação, diz ter acompanhado a situação da escola, e que há engenheiros da equipe de infraestrutura de obras visitando a escola.
“É uma escola que fica na parte alta da cidade, a Clícia Gadelha, desde o início do ano, passou por um problema de fissuras nas paredes de alguns blocos, estamos fazendo estudos através da engenharia na parte geológica por conta do acidente do terreno. Como são investimentos que terão que ser feitos, nós precisamos trabalhar a parte estrutural da escola. É necessário saber se os problemas geológicos permanecerão se vamos ter que realocar a escola para um outro local próximo a comunidade, em uma nova construção”, explica.
O chefe do Departamento frisa que a secretaria zela pelos alunos, por isso as aulas permanecem na modalidade remota.
“Temos uma grande preocupação, é uma obra de grande porte, que nós vamos precisar de tempo para fazer. E pensando nisso nós estamos fazendo um estudo de ordenamento de rede, onde os alunos que continuarão lá, vão ter que ser deslocado para outras escolas no entorno, buscando dar acesso à aula presencial no ano de 2022, no entanto garantindo que a vida deles possa estar segura”, completa Carvalho.