A polícia investiga o assassinato do empresário Anselmo Becheli Santa Fausta, de 38 anos, conhecido como Magrelo ou Cara Preta. Ele foi morto por um pistoleiro ao lado de um subordinado seu, conhecido como Sem Sangue. O crime aconteceu no Tatuapé, na zona leste de São Paulo, na segunda-feira, 27. O assassino usou uma pistola semiautomática para disparar mais de uma dezena de tiros antes de fugir.
Policiais envolvidos na repressão ao crime organizado suspeitam que os dois tenham sido assassinados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC) em um acerto de contas que pode iniciar uma nova guerra pelo poder dentro do crime organizado. Cara Preta era ligado a Emivaldo da Silva Santos, conhecido como BH, que havia recebido a tarefa de resgatar Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, da prisão, mas não cumpriu a ordem. Marcola atualmente está em um presídio federal como a maioria da cúpula da facção.
De acordo com as investigações do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), BH também está jurado de morte pela facção. Ele está foragido. Cara Preta atuaria na Bolívia e no Peru, trazendo drogas para o Brasil, que depois seriam exportadas para a Europa por meio do porto de Santos. Ele seria ligado à facção e tido pelos investigadores como um “fantasma”. Cara Preta teria conseguido retirar judicialmente seu nome e foto de arquivos judiciais. Nos registros do Gaeco constam uma única prisão do acusado.
Segundo as investigações, Cara Preta era “muito respeitado na facção”. “Ele vivia nas sombras. Uma pessoa discreta e respeitada por Marcola. Há uma suspeita de que seja uma disputa interna pelo poder, pois o BH, que é ligado a ele, era também ligado ao Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue”, afirmou o promotor Lincoln Gakiya. Gegê do Mangue foi morto em 2018, no Ceará, em uma disputa pelo controle do setor mais lucrativo do PCC, o Tomate, como é chamado o tráfico internacional de drogas.
As mortes de Cara Preta e Sem Sangue estão sendo investigadas pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo. Por enquanto não há informações sobre a identidade do pistoleiro.
Salve
Ao mesmo tempo, os bandidos fizeram circular um salve proibindo a comercialização da droga conhecida como k4 nos presídios dominados pela facção. Trata-se de um canabinoide sintético, que imita a maconha, mas com poder uma centena de vezes mais forte do que o princípio ativo da maconha, o THC. Ele era levado em papel para presídios do Estado. A proibição do PCC atinge seus integrantes como os que têm negócios particulares com a droga. A razão para a proibição do k4 é que o entorpecente estaria causando muitas brigas nas cadeias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.