A exigência do passaporte vacinal de viajantes internacionais está no centro das discussões sobre a covid-19 no país. Mas essa é apenas uma das medidas recomendadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e por especialistas.
A obrigatoriedade da exigência desse certificado foi determinada por liminar do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), no fim de semana, na tentativa de conter a nova variante ômicron. Enquanto isso, a decisão do governo brasileiro de querer adotar quarentena de apenas cinco dias aos não vacinados vai na contramão do que está sendo imposto por diversos países.
No Chile, por exemplo, é necessário comprovante de que o passageiro se vacinou ao menos 14 dias antes de embarcar, além de quarentena de sete dias, inclusive para totalmente vacinados, até o resultado do PCR sair.
Para o infectologista Werciley Saraiva, a junção do passaporte vacinal com o PCR negativo realizado antes de embarcar é a combinação ideal para garantir a segurança dos brasileiros contra novas variantes da covid-19. “Se a pessoa está vacinada, ou seja, com menos chances de ser um caso grave, e com o PCR negativo, eu evito que ela traga a doença para o país. Essa é a maneira ideal das coisas funcionarem”, disse.
Para especialistas, o passaporte vacinal é importante, mas é necessário um conjunto de medidas que sejam fiscalizadas pelas autoridades federais. O infectologista Hemerson Luz acredita que a vacinação é um dos pilares principais, bem como o isolamento de casos suspeitos, ainda mais com o advento da variante ômicron, que tem mais transmissibilidade. Para ele, exigir passaporte vacinal é uma medida que contribuiria ainda mais no enfrentamento da pandemia. “A quarentena vai ajudar, associada a um exame PCR negativo”, garantiu.
O incentivo à vacinação é outro ponto citado pelos especialistas. De acordo com eles, as ondas que estão acontecendo em países associados à variante ômicron se caracterizam por baixa adesão da vacinação. “Certamente, esse conjunto de fatores deve ser encarado como uma estratégia com diversas medidas, incluindo a cobertura vacinal. quanto maior, melhor será”, disse Luz.
A fiscalização do cumprimento dessas medidas, no entanto, é essencial, segundo especialistas. O infectologista do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), Julival Ribeiro, criticou a falta de informações sobre a quarentena de cinco dias. Ele concorda com os outros especialistas de que o Brasil precisa de um conjunto de ações para conter o vírus. “É necessário exigir o passaporte da vacina e um PCR negativo até, no máximo, 48 horas antes da viagem. Esse é o ideal“, garantiu o especialista.
Ainda na visão de Ribeiro, a atitude de exigir comprovante de vacinação para eventos, restaurantes e bares, que alguns estados brasileiros tomaram, também é fundamental para evitar um novo surto da doença. “É uma medida sanitária válida, porque neste momento temos que pensar na coletividade e não na individualidade. Portanto, a vacina, associada a outras medidas, deve ser exigida em locais aglomerados como estes”, afirmou.
Fonte: Correio Braziliense