Ômicron: professores alertam para “caos” em escolas da Inglaterra

Representantes de escolas e de sindicatos de professores da Inglaterra descrevem um cenário de caos nas unidades de ensino, à medida que a variante Ômicron se propaga pelo país. Os níveis de ausência estão aumentando, e o governo de Boris Johnson é cobrado a adotar medidas adicionais de proteção das comunidades escolares.
Entre as medidas que os diretores das escolas e os sindicatos de professores reclamam, informa nesta terça-feira (14) a edição online do jornal britânico The Guardian, estão a utilização de máscaras nas salas de aula, regras mais apertadas de isolamento e melhor ventilação dos espaços internos.
Os efeitos da propagação da covid-19, especialmente da variante Ômicron, são sentidos entre populações escolares. Nas regiões mais afetadas, há turmas que estão sendo enviadas para casa, com aulas online, devido ao número de professores doentes ou em isolamento.
Segundo o sindicato NASUWT, em algumas das escolas inglesas, até metade do quadro de professores está ausente por doença ou isolamento. A estrutura sindical defende o adiamento do início do segundo período e a montagem de instalações de testagem da covid-19 nos estabelecimentos escolares, no próximo mês de janeiro.
O jornal cita uma carta do secretário-geral do NASUWT, Patrick Roach, ao secretário da Educação: “Pedimos que evite uma repetição da confusão e do caos que, no ano passado, afetou a confiança parental e do público e minou o árduo trabalho de professores e diretores de escolas em seus preparativos no início de 2021”.
“Um anúncio imediato, por parte do governo, de medidas adicionais para os colégios é, pensamos, essencial antes de a maioria das escolas e colégios fecharem para as férias de Natal”, acrescentou Roach na carta enviada nessa segunda-feira.
O secretário britânico da Educação, Nadhim Zahawi, pediu maior adesão do pessoal escolar às doses de reforço da vacina contra a covid-19, afirmando que, por agora, não vê razões para que se decrete o fechamento generalizado de escolas. Em contraste ao otimismo do titular da Educação, o secretário da Saúde, Sajid Javid, reconheceu que o governo não está em condições de garantir que as escolas permanecerão de portas abertas. O responsável pela Associação Nacional de Diretores Escolares, Paul Whiteman, colocou também a tônica no “realismo”.
“Já há caos em algumas escolas com o impacto da onda de Ômicron. Atrasar a ação até que a vacinação faça efeito pode, na verdade, manter as crianças foras das escolas em longo prazo. O governo deve agir para encontrar soluções de ventilação, protocolos sensatos e eficazes de isolamento e levantar a pressão desnecessária da inspeção e outros fardos burocráticos. Dessa forma podemos concentrar-nos em manter as crianças onde elas devem estar”, advertiu.
Também citado pelo The Guardian, um porta-voz do Departamento de Educação lmbrou que o governo já está adotando medidas “que vão ajudar a lidar com a variante Ômicron, incluindo o pedido aos alunos mais velhos e ao pessoal escolar que utilizem máscaras em áreas comuns e às escolas secundárias, que forneçam testes no início do próximo período”.
Maremoto da Ômicron
Na noite de domingo (12), o primeiro-ministro britânico dirigiu-se ao país para pedir à população, a partir dos 18 anos, que tome as doses de reforço da vacina contra a covid-19, diante do que descreveu como a perspectiva de “um maremoto de Ômicron”.
Antes da declaração de Boris Johnson, as autoridades de saúde do Reino Unido elevaram para quatro o alerta da pandemia, perante a propagação da nova cepa.
“Temo que estejamos enfrentando uma emergência na nossa batalha com a nova variante. É agora claro que duas doses da vacina são simplesmente insuficientes para dar o nível de proteção de que todos precisamos. Mas a boa notícia é que os nossos cientistas acreditam que, com uma terceira dose, uma dose de reforço, podemos voltar a fazer subir o nosso nível de proteção”, afirmou o governante.
“Neste momento, os nossos cientistas não podem dizer se a Ômicron é menos severa. E mesmo que isso seja verdade, já sabemos que é de tal forma transmissível, que uma onda de Ômicron numa população que não foi reforçada acarretaria o risco de um nível de hospitalização que poderia sobrecarregar o Serviço Nacional de Saúde e levar infelizmente a muitas mortes”, acrescentou Johnson.


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