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O que não pode faltar no Natal das famílias?

Foto: arquivo pessoal

Não há dúvidas de que neste ano as festas natalinas terão um clima diferente do ano anterior: cheias de expectativa e esperança de um ano melhor que está por vir. Em 2020, abraços e trocas de presentes nas comemorações de Natal foram substituídos por lives e videochamadas, e a ceia foi realizada somente entre pessoas que dividiam a mesma casa. Para muitos, este será o primeiro Natal com familiares e amigos depois da fase mais severa da pandemia de coronavírus, que fez com que entes queridos ficassem separados por mais de um ano, mas por um bem maior: a vida.


Com o avanço da vacinação, a chegada dos últimos dias de 2021 veio com alta expectativa pelo retorno dos encontros familiares e celebrações de fim de ano. Para muitos brasilienses, o Natal será o grande reencontro, o dia em que todos poderão finalmente se abraçar e festejar a alegria de estar ao lado das pessoas que lhe são caras. Um momento de emoção e de agradecimento, depois de tudo que vivemos por quase dois anos. Sem dúvida, todos concordam que a receita para uma noite de Natal perfeita é estar com aqueles que ama, partilhar alegria e sorrisos.


Neste ano, o Natal será ainda mais especial para a família Furtado Lopes. Será a primeira vez que, oficialmente, passarão com a família completa. Flávia Furtado, 39 anos, e o marido Wagner Lopes, 47, sempre tiveram o sonho de adotar um filho; só não sabiam quando seria. “A Isabela veio em 2010, e quando ela estava com 7 anos, começou a pedir uma irmã. A partir daí, decidimos entrar na fila de adoção e começamos todo o processo de cadastramento”, conta o servidor público.


Em 2018, o casal foi habilitado e começou a procura. “Ficamos muito tempo procurando. Eu sabia que meu coração bateria mais forte quando eu encontrasse minha filha”, relata a doula. E foi em setembro de 2020, quando a foto de Mariah, com 13 anos na época, que morava em Curitiba, apareceu pela primeira vez para Flávia. “Eu chorei muito e sabia que era minha filha. Eu tive a certeza na hora”, recorda. A sentença final da adoção saiu em agosto de 2021, e esse será o primeiro Natal com a família completa.


“Era para ser”, diz Mariah Furtado, 14. Inicialmente, ela não queria sair da sua cidade natal, mas depois de um tempo na espera, cogitou a possibilidade de mudar para outro estado e pediu para ser colocada no cadastro nacional. “E foi de cara. A primeira família que apareceu foram eles, e eu senti que iria dar certo e que seriam meus pais”, conta. Mesmo com medo do desafio que seria mudar para Brasília, ela garante que foi a melhor decisão que tomou. “Eu realmente me encontrei aqui, sinto que é o meu lugar. Estou muito feliz com esse Natal, esperei muito por isso. Oficialmente, uma família. Não tem quem me tire daqui”, brinca.


Flávia explica que a relação da adoção com o Natal tem um significado ainda mais importante para ela. “A gente comemora o nascimento de Jesus, que foi um filho adotivo. Acima de qualquer coisa, Ele é filho de Deus e se tornou filho adotivo de José e Maria, ela aceitou ser mãe adotiva dele. Poderia dizer não, mas ela se abriu para receber um filho enviado por Deus. E, como cristã, eu acredito que minhas filhas foram enviadas por Deus. Adotiva ou biológica, a diferença é o tempo que ele mandou cada uma.”


Oração

O Papai Noel Edson Neri, 63 anos, ao contrário do que todos pensam, não distribui presentes na noite de Natal; ele comemora com a família. “Nossas festas são sempre em família e com amigos. Vem gente de toda raça, de toda cor e de todos os lugares, mas sempre em família. Fazemos uma grande festa”, conta. E o que não pode faltar no Natal do Noel? Oração. Para ele, antes de qualquer coisa, a data marca a chegada de Jesus ao mundo. “Por isso, entendo ser um tempo de comemoração, de celebração e de oração. Oração pela paz, pelo amor das famílias. Resumindo, no Natal festejamos a chegada do nosso salvador a esse mundo”, diz.


A receita de um Natal perfeito não existe, na opinião do Noel. Mas ele observa que, talvez, se todos tivessem o pleno entendimento da data, as pessoas aproveitariam mais o momento e promoveriam a proposta que Deus pediu “que é de vivermos como irmãos e em paz, sem fome e sem miséria”, salienta. Para Edson, o espírito natalino precisa se manter vivo entre as famílias. “Assim, poderemos nos preparar, enfeitando nossas casas, preparando a festa, esquentando nossos corações para que possamos unir todos os nossos sentimentos e sentidos em prol da celebração.”


Família

Família é o segredo para o Natal perfeito da secretária de Estado de Justiça e Cidadania, Marcela Passamani, 40. “O Natal é um momento muito especial de confraternização e de fortalecimento dos laços com as pessoas que fazem parte das nossas vidas”, conta. Por isso, ela faz questão de passar com a família, principalmente com os filhos e o marido. “Nem sempre é possível reunir todo mundo, como nossos pais, sogros e irmãos, ainda mais por causa da pandemia”, lamenta.


Este ano, apesar do cenário ser melhor do que o vivido em 2020, graças ao avanço da vacinação, a celebração vai ser apenas entre os quatro. “Para mim, isto é o Natal perfeito: estar com quem eu amo. Este será um Natal para descansar, agradecer, reenergizar e pedir muito a Deus por saúde, proteção e muita disposição.” Marcela acrescenta que tudo isso é importante para que, com o olhar solidário, responsável e amoroso, ela possa continuar cuidando de tantas pessoas em 2022. “O que não pode faltar neste dia é amor ao próximo, gratidão por todas as coisas boas que aconteceram, a esperança em dias melhores e vontade de fazer o bem.”


Amor e solidariedade

Depois da Santa Missa, o padre Carlos Henrique Silva, da Paróquia São Pedro de Alcântara, no Lago Sul, também comemora o Natal com ceia e comunhão entre família e amigos. Para ele, a noite perfeita ressuscita a alegria da salvação, a solidariedade e a disponibilidade de compartilhar amor com os que mais precisam. “Como cristão e padre, Natal é a presença de Deus na minha e na vida do mundo. E precisamos celebrar o verbo que se fez carne, a presença de Deus. E a melhor forma é com muito amor”, aponta.


Ele afirma que quando consegue demonstrar amor na vida das pessoas, está fazendo aquilo que Jesus deixou como mandamento. “Ele veio para salvar, e não condenar. É uma presença amiga. Sinto o acolhimento dele na minha, e por isso posso também acolher outras pessoas que Deus colocou no meu caminho. Não pode faltar amor, porque Deus é amor e Ele nos amou tanto que enviou o único filho para nos salvar”, acrescenta.


Gratidão

Esse é o ingrediente que não pode faltar na noite de Natal da família Mendes Caiado. Mãe de sete, a educadora parental e escritora Julyana Mendes Caiado, 45 anos, tem o costume de fazer a ceia natalina em casa, mas no ano passado, com o falecimento do pai após complicações da covid-19, a comemoração foi transferida para a casa de mãe dela. Este ano, ela vai reunir a família novamente em casa. Ela conta que o Natal sempre foi muito esperado quando era criança. “Eu morava na cidade e nessa época íamos para o interior, então eu associava a data à liberdade”, recorda.


Quando se tornou mãe, Julyana criou o hábito de comemorar com familiares. Mas quando os filhos cresceram, uma nova tradição em família foi sendo criada. “Eles não queriam ir para o Natal, queriam fazer. E eu entendi que precisava proporcionar isso a eles. Nasceu deles fazer nosso Natal, e fomos criando nossas próprias tradições. Uma delas é a de agradecer pelas coisas que aconteceram no ano”, conta a educadora parental.


Estarem juntos e exercer a gratidão se tornou a grande tradição das noites de Natal da família. “Temos uma geração de corações credores, onde estamos sempre em dívida, e os filhos pedindo e querendo. Por isso, precisamos mostrar o tanto que estarmos juntos é importante, e devemos agradecer tudo que temos. Ano passado, acreditávamos que o pior já tinha passado e estava tudo bem. Logo meu pai faleceu de sequelas da covid. A gente sabe o quanto é difícil, mas precisamos ter o coração grato pelas coisas boas que vivemos durante o ano”, afirma.


Julyana conta que ganhou uma latinha de presente, com a palavra “gratidão”, e que na noite de Natal a família vai usá-la para escrever e depositar nela tudo aquilo que são gratos. E durante o ano que vem, quando alguém estiver passando por algum momento difícil, poderá pegar esses papéis e lembrar que sempre há motivos para agradecer. “Teremos essa esperança viva durante o ano inteiro. É algo simples, mas importante. A gente esquece os milagres diários. Natal geralmente se assemelha à troca de presente, mas nunca se pode esquecer que estamos comemorando o nascimento de Jesus, e nada melhor do que ser grata a tudo que ele fez por nós.”


Para a escritora, uma noite de Natal perfeita é quando se pode estar em família. “Não gosto de grandes comemorações, apesar de já ser uma grande comemoração, porque só nós já somos nove”, brinca. Ela acrescenta que um Natal perfeito é quando se tem consciência da importância de estar junto daqueles que amam. “Para mim, como mãe, não é sobre o que ganhar, mas o Natal é perfeito quando olho para os meu filhos”, conclui.


Fonte: Correio Braziliense


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