A cuidadora de idosos Tatiane Pereira dos Santos, de 26 anos, e uma amiga dela, de 27, foram falsamente acusadas de tentativa de furto pelo segurança de uma loja em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, nesta sexta-feira (17). As duas mulheres são negras.
Tatiane e a amiga foram a uma loja da Pernambucanas, no bairro São Benedito, e experimentaram saias. Elas não gostaram dos produtos, devolveram e foram embora.
Quando as duas estavam em outro estabelecimento, Tatiane ficou sabendo que uma foto delas estava circulando em um grupo de WhatsApp de comerciantes da região associada a uma tentativa de furto.
“Galera, essas duas tentaram furtar aqui agora na Pernambucanas”, dizia a mensagem, enviada por um segurança da loja.
“Eu não acreditei no que eu estava vendo. Sou mãe de três filhos, trabalho desde os 17 anos de idade. Minha amiga está grávida. A gente saiu da loja chorando, com todo mundo olhando. Foi uma situação muito constrangedora, muito humilhante”, conta Tatiane.
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Imagem mostra mensagem acusando mulheres de tentativa de furto em loja de Santa Luzia — Foto: Redes sociais/ Reprodução
Ela e a amiga registraram boletim de ocorrência. O caso foi registrado como calúnia, mas a vítima acredita que a falsa acusação de furto tenha sido motivada por preconceito.
“Será que é pelo cabelo colorido, pela roupa, pela cor? A gente não fez nada que desse a entender que iria levar roupa sem pagar. Eu estou muito mal. Nos meus 26 anos nunca passei por isso”, afirma.
A Polícia Militar (PM) conversou com o segurança, que disse que enviou a foto por “suspeição de furto” das duas clientes. Ele afirmou, ainda, que tem costume de enviar imagens de possíveis suspeitos ou de autores de crimes ocorridos dentro da loja.
O suspeito foi conduzido à Companhia da Polícia Militar, onde foi lavrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência.
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Caso ocorreu na loja Pernambucanas na Avenida Brasília, no bairro São Benedito, em Santa Luzia — Foto: TV Globo
O advogado das vítimas, Marcos Philip Fernandes dos Santos, afirmou que vai ajuizar uma ação judicial pedindo a reparação dos danos morais causados pela falsa acusação.
“Nenhuma delas tem qualquer tipo de registro policial por qualquer prática criminosa. Me parece e parece a elas também que todas as acusações têm um caráter claramente discriminatório. A razão não sabemos, pode ser por gênero, por questões econômicas, pela forma como elas se vestem e até mesmo por questões raciais”, disse o defensor.
Em nota, a Pernambucanas afirmou que “lamenta profundamente o ocorrido e informa que está apurando os fatos para tomar as medidas necessárias”.
“A empresa, que tem uma história de 114 anos com o Brasil, é integralmente comprometida com a ética, integridade e respeito a todos, e repudia toda e qualquer forma de discriminação junto a seus clientes ou colaboradores. A companhia reforçará os procedimentos para evitar que esse tipo de situação não ocorra novamente”, diz o texto.
Fonte: G1