O médico Pablo Ruan, residente 1 em cirurgia geral, postou, em sua conta no Twitter, um relato sobre um paciente que ele acompanhou e intubou em um de seus plantões no Pronto Socorro da capital acreana.
Na publicação, o médico conta que, para ajudar um colega, assumiu um plantão de última hora e, antes mesmo de chegar a unidade hospitalar, recebeu uma ligação onde foi informado sobre um paciente que estava em um quadro complicado.
O homem internado tinha 29 anos e estava isolado por tuberculose, febre de 40°, hipotenso, taquipnéico, toracostomia em selo d’água à esquerda, leuco estourado e choque séptico. O médico conta que tomou todas as medidas necessárias para resgatá-lo do choque, mas não obtinha resposta. “Me vi naquele cara, parece que toda hora eu fazia algo pra mim”, escreveu.
Diante de um quadro delicado e sem vaga para transferi-lo para a Unidade de Terapia Intensiva, Pablo resolveu chamar uma fisioterapeuta para ajudá-lo a intubar o paciente e, mesmo com alguns contratempos, o homem foi intubado. Contudo ele continuou a evoluir mal.
O plantão acabou, mas nos dias seguintes o médico sempre perguntava por ele. Até que, 15 dias depois, foi chamado para fazer uma traqueostomia em outro hospital e ao chegar lá era o homem que ele havia atendido no PS.
Mesmo ouvindo que o homem, talvez, não resistiria, o médico acreditava que ele resistiria sim. Dias se passaram e em um plantão, ao checar as vagas de UTI para um paciente que iria ser operado, Pablo foi informado que o homem do leito 10, o mesmo que ele vinha acompanhando, pegaria alta e foi até ele.
Pablo conta que se aproximou do paciente emocionado e disse que ele [o homem] não lembrava dele, mas que o conhecia bem e ficou surpreso ao ouvir “Lembro sim, doutor, você disse, no PS, que iria me intubar”.
E como presente de Natal, mais tarde, o médico recebeu de outra colega um vídeo mostrando o homem saindo do hospital.
Ao Ecos, o medico relembra que antes de entubar o paciente, chamou a família e conversou sobre o quadro clínico explicando o que seria o melhor para ele no momento para poder sobreviver. Após as explicações, os familiares fizeram uma oração e o médico seguiu para intuba-lo.
“É comum ter paciente grave em plantão de emergência, mas em plantão de enfermaria, que foi esse que eu fiz, teoricamente é só pra intercorrência pequena. Agora, tem pacientes que marcam a gente e serve de aprendizado como pessoa e profissional. Esses a gente não esquece, lembra nome, idade, como foi o caso, toda internação e leva essa história pra vida. Mesmo para desfecho bom ou ruim”, destaca.
Vídeo do paciente ao pegar alta:
Pablo Ruan de Macedo Monteiro, 29 anos, que é acreano e formou em medicina pela Universidade Federal do Acre, conta que é filho único e perdeu o pai quando tinha 12 anos, e deste então, foi criado pela mãe, Adriana Macedo, que é funcionária pública e buscou oferecer o melhor suporte educacional para que ele seguisse com a carreira que desejasse.
Estudou o ensino fundamental em escola pública e no ensino médio foi para um colégio particular. Após conclusão do ensino regular, foram três anos de curso preparatório até ser classificado para cursar medicina na Ufac.