O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) divulgou nesta quinta-feira (30) que 277 pistas de pouso clandestinas usadas por garimpeiros entre Boa Vista e a Terra Indígena Yanomami foram inutilizadas durante a operação Xaripi, que desarticulou um esquema que abastecia aeronaves.
As pistas de pouso operava prestando apoio logístico ao garimpo ilegal de ouro e cassiterita dentro da Terra Yanomami.
As pistas estavam localizadas na região de Alto Alegre, no Norte de Roraima e Mucajaí, ao Sul. As localizações foram identificadas por meio do uso de informação de inteligência e de ferramentas de sensoriamento remoto.
Os helicópteros e aviões que usavam as pistas clandestinas eram abastecidos em um esquema que levava combustível do Aeroporto Internacional de Boa Vista até a Terra Yanomami. A empresa responsável foi multada em mais de R$ 1,5 milhão.
Houve apreensão de aeronaves, entre aviões e helicópteros, ligadas ao garimpo clandestino. De acordo com Aécio Galiza Magalhães, Coordenador Geral de Fiscalização da Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), devido às dificuldades de acesso, a atividade de garimpo na região demanda “uma rede logística de apoio como pistas de pouso e pontos de abastecimento”.
“A extração ilegal de minérios exige uma robusta estrutura de apoio e demanda altos custos. Por isso a importância de se atuar na raiz nessa cadeia, visando ‘quebrar’ o fluxo logístico dos envolvidos”, disse.
A investigações apontaram ainda que a empresa responsável pela revenda de combustível de aviação em Roraima operava desrespeitando as regras da Agência Nacional do Petróleo (ANP). O regulamento busca, principalmente, assegurar que o combustível seja comercializado apenas por aeronaves registradas na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e em pontos de abastecimento regulares.
A empresa foi multada por comercializar produto perigoso em desacordo com as exigências estabelecidas pela ANP. Os fiscais, segundo o Ibama, realizaram a imediata suspensão da venda de combustíveis de aviação pela revendedora, até que a ANP se manifeste acerca da sua legalidade.
Terra Yanomami
Maior reserva indígena do Brasil, a Terra Yanomami tem cerca de 28 mil indígenas que vivem em mais de 370 aldeias. Alvo frequente de garimpeiros, a região enfrenta tensão entre os invasores armados e os indígenas.
A invasão garimpeira causa a contaminação dos rios e degradação da floresta, o que reflete na saúde dos Yanomami, principalmente crianças, que enfrentam a desnutrição por conta do escasseamento dos alimentos.
Em 2020, o ano da pandemia, o garimpo ilegal avançou 30% na Terra Yanomami. Só o rio Uraricoera concentra 52% de todo o dano causado pela atividade ilegal.
Fonte: G1