O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) realizou a operação especial Energia Segura, que foi executada pelos órgãos delegados em todo o Brasil. No Acre, o órgão delegado é o Instituto de Pesos e Medidas do Estado do Acre (Ipem) e a operação ocorreu no período de 29 de novembro a 3 de dezembro, em Rio Branco.
O Ipem fiscalizou estabelecimentos que comercializam fios e cabos elétricos em toda a cidade, com o objetivo de combater as possíveis fraudes na comercialização de fios e condutores elétricos. Os materiais elétricos utilizados em instalações elétricas devem estar de acordo com as normas para estabelecidas pelo Inmetro, e para isso foram realizados testes dos itens comercializados no local da fiscalização com a presença de representante dos estabelecimentos.
No Brasil, fabricantes tem utilizado uma quantidade inferior de cobre na fabricação de fio e cabos elétricos, fazendo com que esses materiais estejam fora das normas estabelecidas, e infelizmente é uma prática que se estende a todo o País e que está sendo fortemente combatida pelo Inmetro com o apoio do Sindicel, sindicato que representa os grandes fabricantes do setor elétrico.
“O objetivo da operação é a fiscalização na venda de cabos e fios elétricos, que devem estar de acordo com as normas do Inmetro, garantindo assim a eficiência dos materiais e a segurança nas instalações que utilizam esses produtos, como nas instalações elétricas em residências, empresas, indústrias, entre outros locais”, destaca o técnico fiscal da área da Qualidade, Denis Chaves.
Ele afirmou, ainda, que durante a fiscalização a equipe se deparou com vários produtos de procedência irregular quanto aos seus registros, muitos deles cancelados e com ausência de informação do mesmos.
“Temos observado que os produtos estão sendo colocados dentro do mercado com a certificação, mas os consumidores e os comerciantes precisam comprar verificando se realmente possuem o certificado e o registro ativo, para com isso não trazer nenhum tipo de transtorno ao consumidor, esse trabalho é feito também através de um programa de vigilância de mercado que é conduzido entre os Ipens estaduais”, ressalta.
No ato da fiscalização, cinco estabelecimentos que continham itens fora das normas estabelecidas pelo Inmetro foram autuados e os produtos apreendidos ficarão na guarda do órgão apreensor para os trâmites legais, no qual o comerciante terá um prazo de até 10 dias para apresentar nota fiscal do material apreendido.
A operação, que teve inicio em 29 de novembro, já fiscalizou em Rio Branco um total de 7 estabelecimentos que comercializavam fios e cabos elétricos, sendo que em 5 deles houve apreensão de material. Alguns itens foram apreendidos por estarem com certificados cancelados pelo Inmetro e outros por não estarem dentro das normas de fabricação, verificados através de teste de medição com a presença do representante do estabelecimento comercial. A fiscalização teve continuidade até esta sexta-feira, 3, data estabelecida pelo Inmetro, e ocorreu nos principais comércios e distribuidoras de materiais elétricos localizados na capital.
Parceria Inmetro e Sindicel
Para realizar a ação, os técnicos dos Institutos de Pesos e Medidas, órgãos delegados pelo Inmetro, passaram por treinamento oferecido pelo Sindicel (Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não Ferrosos do Estado de São Paulo) em parceria com Inmetro, que se unem no combate às fraudes de fios e condutores elétricos no País.
Os técnicos do Ipem do Acre estiveram em treinamento nos dias 22, 23 e 24/11, e receberam como apoio pelo sindicato a doação de micro-ohmimetro portátil, instrumento doado aos órgãos delegados (Ipem) do Inmetro nos estados. O instrumento é fundamental para a realização da fiscalização técnica, que é a medição da resistência dos produtos. Por serem leves, podem ser carregados nas operações de campo, aumentando a efetividade da fiscalização.
Fraudes
O Inmetro viabiliza soluções de infraestrutura da qualidade que adicionem confiança, qualidade e competitividade aos produtos e serviços disponibilizados pelas organizações brasileiras, em prol da prosperidade econômica e bem-estar da sociedade.
Segundo o órgão, entre as irregularidades identificadas em fios e cabos elétricos, a principal é a utilização de quantidade inferior de cobre na fabricação dos produtos do que a estabelecida pelo Inmetro, elevando a capacidade da resistência elétrica. Resistência elevadas são insuficientes para garantir a condução correta de eletricidade, gerando desperdício de energia e sobrecarregando o fio, com risco de provocar curto-circuito e até incêndios. Isso acontece porque o cobre representa 75% do custo de fabricação dos produtos. Para economizar, fabricantes desonestos substituem o cobre por outro metal menos nobre, que não conduz tão bem a energia.
Para se ter ideia do que essas fraudes representam, em 2019, o Brasil gastou R$ 9,2 bilhões com o desperdício de energia nas instalações elétricas residenciais, chamadas de baixa tensão, de acordo com o Sindicel, sindicato dos fabricantes do setor. Nacionalmente, fios e cabos fora do padrão geram um gasto de energia correspondente a 7% da geração elétrica do País. E o mais grave: em 2020, o sindicato mapeou a ocorrência de 583 incêndios por sobrecarga com 26 mortes. No ano anterior, foram 656 incêndios que provocaram 74 mortes.
Além do combate à fraude, o Inmetro visa à segurança e uso dos produtos comercializados em prol da prosperidade econômica e bem-estar da sociedade, e na operação Energia Segura foram realizados a verificação de registro e selos de certificação do Inmetro bem como a realização de testes de medição de resistência dos produtos com aparelho especiliazado, o micro-ohmimetro, o instrumento é fundamental para a realização da fiscalização técnica no local.