Em um emocionante relato no Facebook, o médico Douglas Luiz Mariano, de Ariquemes, narrou sua saga para salvar uma criança recém-nascida. O bebê, de nome Arthur, foi transportado a longa distância e em meio a uma série de dificuldades.
Ao deixar o bebê em condições de lutar pela vida em pleno feriado de natal, o profissional de saúde também fez um desabafo ao final de seu texto, que rendeu centenas de comentários na rede social. LEIA ABAIXO, NA ÍNTEGRA:
Eu, Dr Douglas Mariano apareço nesta primeira imagem para mostrar a Tec. Enfermagem atrás de mim deitada sobre a maca da ambulância e ao seu lado aquele pacote verde que ela está segurando é um recém nascido de 7 meses, com umas das mãos ela segurava a mangueira de oxigênio bem pertinho do rostinho do bebê e com a outra mão ela o agasalhava e o acolhia para que não passasse frio e não sofresse uma hipotermia.
O recém nascido se chama Arthur. Transportamos o pequeno Arthur por 120 km em uma estrada de tráfego horrendo, para que ele fosse atendido em um hospital mais qualificado. Chegando no tal hospital minha equipe e eu fomos bem atendidos e tratados, ali estabilizamos o quadro do pequeno bebê, porém ele necessitava de uma UTI para neonatos ( recém nascidos) onde o único lugar que havia uma vaga era a 150 km mais à frente, ou seja outra cidade.
Já na segunda foto podemos ver que o Arthur já está dentro da ambulância em uma incubadora com o aporte necessário para viagem, como deve ser feito nesses casos. Seguimos o transporte de Arthur porém após 100 km percorridos a ambulância QUEBRA, então entramos em contato com o hospital da cidade mais próxima para que nos enviasse outra ambulância, e graças a Deus o socorro veio rápido.
Continuamos nosso caminho e depois de várias horas de luta, sofrimento, fome e sede, conseguimos enfim entregar o pequeno Arthur na UTI onde ali teria mais oportunidade de continuar a viver. O pequeno bebê com poucas horas de vida continuará lutando pela sobrevivência.
Essa história me fez refletir em alguns aspectos:
– O descaso dos nossos governantes em relação à área da saúde como a falta de medicamentos, transportes em péssimo estado de conservação, estradas com mais buracos que asfalto, Pq não é a primeira e nem vai ser a última vez que uma ambulância sofre algum problema em uma rodovia em transporte de paciente crítico sobre minha responsabilidade.
– Pessoas reclamando dos profissionais de saúde como se eles não fossem humanos, pensando que somos de ferro, que não temos necessidades, que não temos compaixão, quando na verdade é muito pelo contrário. Olhem a primeira foto e veja o carinho com que essa enfermeira cuidava do pequeno e forte Arthur. Nós profissionais de saúde as vezes não estamos nos nossos melhores dias, as vezes não vão nos ver sorrindo ou dar a atenção que vcs pacientes merecem, na verdade nem a nossa própria família as vezes não conseguimos dar essa atenção. Mas eu garanto a vcs felizes ou não, sorrindo ou chorando, sempre estaremos ali para lhes ajudar!
E depois de 12 horas de batalha enfim cheguei ao hospital de origem para mais 48 horas de plantão.
Um Feliz Natal a todos 
Desculpem pelo desabafo