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Em depoimento, médico afirmou que prestou socorro por 30 minutos a paciente que morreu; passaporte foi apreendido

Foto: Reprodução

Médico responsável por procedimento que matou paciente é ouvido pela polícia


O médico Brad Alberto Castrillion, que fez a hidrolipo na qual morreu a diarista Maria Jandimar Rodrigues, teve o passaporte apreendido depois do depoimento na 27ª DP (Vicente de Carvalho) na segunda-feira (20). Aos investigadores, ele afirmou que socorreu durante 30 minutos a paciente. Segundo ele, o socorro teria acontecido fora da clínica.


“Para a garantia de uma futura oitiva, solicitamos que ele entregasse o passaporte, já que ele é colombiano e poderia deixar o país a qualquer momento. Mas, a princípio, essa dúvida não existe mais, pois ele nos entregou o seu passaporte que está em nosso poder. O que garante, em um primeiro momento, a instrução criminal”, afirmou o delegado Renato Carvalho, titular da 27ª DP.


Outros depoimentos de funcionários da clínica são esperados para essa terça-feira (21).


De acordo com o delegado, o médico apresentou testemunhas que teriam visto o socorro. A polícia vai analisar imagens do shopping para saber se a versão de Brad é verdadeira. Segundo o médico, a paciente poderia ter problemas de saúde que não foram comunicados.


Médico colombiano Brad Sanmiguel — Foto: Reprodução

Médico colombiano Brad Sanmiguel — Foto: Reprodução

“O dr. Brad disse que, dentro da avaliação dele, ela poderia ter tido uma intercorrência, de uma patologia anterior que não teria sido dita para ele no momento do atendimento. E em virtude desta patologia anterior, ela poderia ter tido um mal súbito e veio a falecer”, afirmou o delegado.


Pacientes

 


Daiana França, paciente de Brad Alberto, depõe na delegacia — Foto: Raoni Alves/g1

Daiana França, paciente de Brad Alberto, depõe na delegacia — Foto: Raoni Alves/g1

Outra paciente que se submeteu a uma hidrolipo com o médico foi à delegacia para prestar queixa contra o médico. Trata-se da promoter Daiana França, que fez o procedimento na barriga e um preenchimento no bumbum no dia 4 de novembro. Ela ficou internada durante 23 dias, dos quais 16 foram em um CTI.


Também na segunda-feira (20), familiares de Maria Jandimar Rodrigues, que também fez uma hidrolipo, estiveram na delegacia para depor.


Daiana disse que Brad Alberto “se faz de maluco” e não explicou o que teria acontecido para que ela fosse internada.


“O médico foi muito negligente. Eu fiquei fazendo tratamento paliativo em casa e ele não queria que eu fosse para o hospital. Quando eu dei entrada no hospital, já estava com infecção generalizada”, contou.


 


“Ele não explica. Ele se faz de maluco. Ele não comenta sobre o caso. Para ele, o fato de ele ter me acompanhado, ele não me deu assistência financeira, mas ele ia no hospital me ver. Mas fora isso, ele não comenta o que aconteceu comigo”, acrescentou Daiana.


Infecção generalizada

 


A promoter também disse que não viu irregularidade no consultório do médico. Contudo, durante o período em que ficou no hospital, ouviu que o problema seria a falta de esterilização dos equipamentos.


“Dentro do consultório, na parte que ele opera, a gente entra apagada. Então, dentro eu não vi irregularidade. Mas no hospital foi cogitado que o material dele não estaria esterilizado da forma correta. Por isso eu tive essa infecção generalizada”, explicou Daiana.


Segundo a promoter, ela só decidiu denunciar o médico depois que soube da morte de Maria.


“Depois que eu vi a morte da Maria, eu não acho justo que outras pessoas paguem por isso. Fui eu, foi a Maria, e amanhã pode ser outra pessoa. Que ele pague. A Maria não teve a mesma sorte que eu. E eu quase também não tive. Eu espero que ele pague por tudo que ele fez.”


Filha de diarista cobra justiça

 


Brenda Rodrigues, de 21 anos, filha da diarista, contou que trocou mensagens com a mãe quando ela já estava na sala de cirurgia.


“A única coisa que resta é justiça. Precisou acontecer isso com ela. Eu creio em Deus que isso vai acabar. Vamos dizer, ela era a bola da vez naquela sala. E isso tem que acabar”, afirmou a filha.


 


Antes de entrar na delegacia, a jovem contou que a mãe enviou para ela uma foto da barriga já marcada pra iniciar cirurgia, feita pelo médico colombiano Brad Alberto Castrillon Sanmiguel.


“Eu falei: ‘Mãe, já subiu?’ (…) E a última mensagem dela foi a marcação da barriga com caneta. Ali, eu avisei que estava saindo de casa e a gente não se comunicou mais”, relembrou Brenda.


 


Brenda contou, ainda, que a mãe estava muito feliz por saber que faria o procedimento estético.


“‘Ela era muito vaidosa, trabalhadora. Me criou praticamente sozinha. Eu tenho 21 anos e foi praticamente tudo ela. Sempre foi ela. Depois chegou meu padrasto, minha família também presente, mas sempre foi ela. Eu morava com ela. Ela me pedia ‘filha faz meu cabelo que eu vou sair’ “filha, vou sair. Te amo. Beijo’. Era sempre assim”, disse Brenda.


Maria Jandimar Rodrigues tinha 39 anos e era diarista — Foto: Reprodução/ TV Globo

Maria Jandimar Rodrigues tinha 39 anos e era diarista — Foto: Reprodução/ TV Globo

A família de Maria agora espera que a Justiça seja feita e que o médico seja punido.


Perícia

 


Pela manhã, a Polícia Civil fez uma perícia na clínica onde médico atendia, também em Vicente de Carvalho. Os investigadores deixaram o Carioca Shopping, onde fica a clínica, por volta das 12h50.


O médico, que é colombiano, foi intimado a prestar depoimento e a apresentar as documentações e diplomas que confirmem sua área de atuação como cirurgião plástico.


Ele diz que a clínica tinha autorização para que lá fossem realizados pequenos procedimentos. A polícia informou que, na sexta-feira, seria o último dia de atendimento na clínica. O médico estava em busca de um lugar maior, com mais espaço para fazer as cirurgias.


g1entrou em contato com a defesa do médico sobre as passagens pela polícia, mas ainda não teve resposta.


Sobre a morte da diarista, o advogado Hugo Novais, que representa médico, disse que seu cliente está colaborando a investigação, que aguarda o resultado do exame de necropsia para se manifestar e que se solidariza com a família da paciente.


Laudo preliminar não aponta causa da morte após hidrolipo

 


O delegado Renato Carvalho recebeu o laudo preliminar do IML feito no corpo da diarista.


Segundo o delegado, o legista não conseguiu identificar a causa da morte da diarista, e vai pedir um exame complementar pra saber o que de fato aconteceu com a vítima.


Ainda segundo a polícia, o caso deve ser concluído em sete dias.


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