Balanço divulgado nesta quarta-feira (22) pelo Ministério da Saúde mostra que foram registrados 32 casos no Brasil da nova variante do coronavírus, a Ômicron. Não há registro de mortes causadas pela cepa no país.
As infecções foram registradas em São Paulo (20), Goiás (4), Minas Gerais (3), Distrito Federal (2), Rio Grande do Sul (1), Rio de Janeiro (1) e Santa Catarina (1).
Há ainda, segundo a pasta, 23 casos em investigação, 2 deles em Goiás e 21 no Rio Grande do Sul.
Ômicron e vacinas: o que se sabe até agora
Fabricantes de imunizantes afirmam que, embora haja a possibilidade de que as vacinas existentes sejam menos eficazes contra a Ômicron, é provável que elas protejam os infectados pela nova variante contra quadros graves da Covid-19.
Os estudos, ainda preliminares, mostram que a nova cepa pode escapar parcialmente de uma primeira barreira de proteção oferecida pelos imunizantes. E sugerem um caminho: doses de reforço.
Considerada uma variante de preocupação pela OMS, a Ômicron foi identificada na África do Sul em 24 de novembro. O temor tem relação não só com o número de mutações, mas com a localização dessas variações dentro do vírus. Das 50 alterações genéticas na cepa, 32 estão na proteína spike, aquela que permite a entrada do vírus nas células humanas.
Grande parte das vacinas usa a proteína spike para induzir a resposta imune — por isso, alterações nessa parte do vírus preocupam tanto.
As primeiras pesquisas para testar o impacto da variante na proteção das vacinas ainda são preliminares, não foram revisadas por outros cientistas e coletaram poucos dados. Esses estudos são realizados em laboratório: cientistas analisam a interação entre amostras de sangue de vacinados (com anticorpos) e a nova variante. As conclusões iniciais são que há queda na capacidade da vacina de produzir anticorpos que neutralizam a Ômicron — o que os cientistas já esperavam.
Segundo uma pesquisa realizada na África do Sul com 12 pessoas, houve declínio de 41 vezes nos níveis de anticorpos neutralizantes contra a nova variante em vacinados com a Pfizer. O estudo, do Instituto de Pesquisa em Saúde de Durban, também mostrou que a proteção parece ser maior entre os que já tinham se infectado antes de tomar a vacina.
Para Alex Sigal, virologista que conduziu a pesquisa, os dados trazem boas notícias, apesar de ser preocupante a queda de anticorpos. Ele temia que as vacinas pudessem não fornecer proteção contra a variante. Havia o risco de que a Ômicron tivesse encontrado uma nova “porta” para entrar nas células — o que tornaria os anticorpos de vacinas inúteis.
“Está claro com os dados preliminares que a proteção é aumentada com uma terceira dose da nossa vacina”, disse Albert Bourla, CEO da Pfizer. Ele também disse que é possível que a população venha a precisar de uma quarta dose. Uma vacina adaptada estaria disponível “até março”, segundo a farmacêutica.
Na mesma linha, o cientista Xiangxi Wang, o principal pesquisador do Laboratório de Infecção e Imunidade do Instituto de Biofísica da Academia Chinesa de Ciências, afirmou que uma terceira dose da CoronaVac, desenvolvida pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, produz anticorpos capazes de reconhecer a Ômicron.
A AstraZeneca informou que a plataforma de vacina desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford “permite responder rapidamente a novas variantes que possam surgir”. A Johnson & Johnson afirmou que está testando amostras para medir a atividade neutralizante da Janssen contra a Ômicron. Paralelamente, a companhia busca uma vacina específica para a variante “e vai desenvolvê-la, conforme for necessário”, declarou.