Com aumento de preços, juros e desemprego, varejo perde confiança

Foto: Luis Nova/Esp.CB

O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV Ibre), divulgado ontem, recuou 2,7 pontos em dezembro, ao passar de 88,0 para 85,3 pontos, menor nível desde abril de 2021 (84,1 pontos). Para Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, com a nova queda, a confiança do comércio terminará 2021 com perda acumulada de 6,4 pontos.


“O resultado de dezembro é influenciado, principalmente, pela percepção de piora no volume de demanda pelo quinto mês consecutivo, sugerindo que, apesar da melhora nos números da pandemia da covid-19, o setor continuando sentindo os efeitos negativos da baixa confiança do consumidor, lenta recuperação do mercado de trabalho, alta inflação e juros em alta”, comenta.


Em médias móveis trimestrais, o indicador recuou 2,9 pontos, a quarta queda consecutiva. Tobler explica que as expectativas também pioraram, sugerindo que o início do próximo ano deve ser desafiador, sem perspectivas de retorno da trajetória de recuperação que vinha ocorrendo até o terceiro trimestre deste ano”.


Segundo a FGV, em dezembro, houve queda em cinco dos seis principais segmentos do setor. O recuo no mês foi resultado da piora da percepção sobre o momento presente e das expectativas em relação aos próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA-COM) caiu 4,3 pontos, chegando a 84,0 pontos, menor valor desde abril de 2021 (81,6 pontos). O Índice de Expectativas (IE-COM) recuou 0,9 ponto, ao passar de 88,2 pontos para 87,3 pontos, mesmo valor de abril.


“Depois de se recuperar ao longo do segundo e terceiro trimestres, o ICOM voltou a cair no último trimestre do ano”, aponta o levantamento. “O resultado trimestral confirma o cenário de desaceleração do setor no final do ano e os empresários ainda não vislumbram perspectivas de melhora em 2022”, completa.


O economista Hugo Passos reforça que o setor ainda sofre bastante com a retomada, com aumento dos preços, juros e desemprego em alta, afetando diretamente o comércio. “As famílias não observam melhorias no curto e médio prazos, o que acaba afetando na sua percepção de confiança, acarretando em menos consumo e afetando o comércio, que segue desafiador para o ano seguinte, ainda mais com projeção de um PIB menor”.


Expectativas

Já o economista e sociólogo Vinicius de Carmo, avalia que o recuo apresentado na última edição, publicada ontem, indica que a alta temporada do varejo não foi excepcional: “A maioria dos segmentos apresenta queda na expectativa capturada no índice de confiança do comércio. Ainda que o período mais agudo de pandemia pareça ter ficado para trás, a associação entre inflação crescente e a perda de fôlego na recuperação do mercado de trabalho indicam um cenário de expectativas em baixa e apreensão”.


A Sondagem do Comércio de dezembro coletou informações de 800 empresas entre os dias 1º e 23 do mês.


Fonte: Correio Braziliense


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