Acreana que morreu em SC ao tentar salvar criança que se afogava em mar sonhava levar família para conhecer a praia

Emylly Cristine da Silva morava em Itajaí desde janeiro de 2020. No sábado (25) foi com amigos do trabalho comemorar o Natal na praia. Ao ver a sobrinha de uma amiga se afogando, Emylly pulou na água e se afogou. Corpo deve chegar ao Acre nesta terça (28).
Emylly Cristine mandou fotos para a família antes de se afogar em Praia Brava, Itajaí, no sábado (25).
“O sonho dela era morar onde tinha mar, estava morando em um apartamento de frente para o mar”. Edilene de Carvalho diz que a sobrinha Emylly Cristine Sousa da Silva, de 22 anos, conseguiu realizar um dos sonhos e morar perto do mar 2020. Outro grande desejo era levar a família para conhecer a praia. Mas, no último sábado (25), Emylly morreu afogada na cidade de Itajaí, em Santa Catarina, ao tentar salvar uma criança de 11 anos que se afogava.
A criança foi retirada da água desacordada, mas conseguiu ser reanimada e levada para o hospital. O corpo de Emylly foi achado horas depois no final da praia por amigos que faziam buscas. Emylly Cristine era natural de Rio Branco e se mudou para Santa Catarina em busca de uma nova vida com dois amigos, em janeiro de 2020.
No sábado, a acreana foi para a praia com três amigos do trabalho, entre eles a tia da menina que ela tentou salvar. A família da jovem contou ao g1 nesta segunda-feira (27) que, antes do acidente, Emylly ligou para a mãe e contou que estava na praia com os amigos, mandou fotos se divertindo e falou que estava feliz. Ela também mandou fotos e vídeos na praia com os amigos.
“Falava com a gente todos os dias, falou que estava na praia com os amigos, estava feliz e na melhor fase da vida. Era o sonho dela morar num lugar que tivesse mar e levar a família para lá. A mãe dela ia visitá-la agora em janeiro. Falava que era lindo o mar”, disse a tia da jovem.
Família fez vaquinha para conseguir trazer corpo para o Acre
O corpo da acreana deve chegar à capital Rio Branco no final da noite desta terça-feira (28). A família contou com ajuda de amigos e conhecidos para trazer o cadáver para o estado acreano. Foi feita também uma vaquinha virtual para arrecadar R$ 8 mil para pagar a funerária.
“Ainda precisou de R$ 8 mil para a funerária liberar o corpo. Nossa família não tem essas condições financeiras, mas tudo está dando certo. A mãe dela está devastada porque ela morreu lá, não íamos poder velar ela, mas conseguimos o dinheiro e vamos velar. Ela tinha um seguro de vida de R$ 5 mil e os amigos fizeram uma vaquinha e conseguiram o restante”, destacou.
A família da jovem, que mora em Brasileia, interior do estado, foi avisada por um amigo, que saiu do estado acreano com Emylly, que ela estava desaparecida no mar. Um primo da jovem, que mora em Florianópolis (SC) cuidou dos preparativos e reconhecimento do corpo.


Acreana que morreu ao tentar salvar criança em mar de SC enviou vídeos para parentes no AC
Comemoração de Natal
Valéria Costa Gonçalves, tia da criança que Emylly tentou salvar, explicou que tinha combinado com dois amigos do trabalho e Emylly de passar o Natal em Praia Brava e aproveitou para levar a sobrinha de 11 anos. De acordo com ela, todos estavam tomando banho quando Emylly saiu da água porque estava com frio e queria olhar o celular.
Nesse instante, recorda Valéria, a criança foi arrastada pela correnteza e ela e a amiga, que estavam dentro do mar, tentaram puxar a menina, mas não conseguiram. “Eu e a Patrícia tentamos correr até ela, nadar, mas quase fomos levadas pela correnteza. A Emylly Cristine não pensou duas vezes, jogou as coisas que ela estava na mão na areia e se jogou na água e começou a nadar até ela, mas minha sobrinha tinha desaparecido no mar”, relembrou.
Ainda segundo Valéria, os bombeiros demoraram cerca de 20 minutos para chegarem no local. Ela recordou que viu a amiga acreana perto dos bombeiros quando eles resgatavam a sobrinha, mas depois ela sumiu na água.

Acreana estava com amigos do trabalho comemorando o Natal quando morreu — Foto: Arquivo pessoal
“Tiraram ela [criança] da água, prestaram o socorro devido, mas a Emylly Cristine não tinha voltado, Entramos em desespero e começamos a procurar novamente, mas já tinha anoitecido e o comandante do Corpo de Bombeiros retirou a equipe da água pois o mar estava muito violento e falou que não poderia continuar as buscas porque colocaria a equipe em risco”, lamentou.
Os bombeiros garantiram que as buscas seriam retomadas no dia seguinte. A criança foi levada para um hospital, onde fez exames e ficou em observação por 4 horas. Ao saber que Emylly estava morta, Valéria diz que entrou em pânico e precisou tomar remédios para se controlar e não deixar a sobrinha mais assustada.
“A Patrícia teve que ir para o hospital porque passou muito mal. Tomei vários remédios para me acalmar e não deixar minha sobrinha mais assustada do que estava. Ela [Emylly] se jogou na água para tentar salvar e ajudar ela, mas acabou se sacrificando”, disse emocionada.
Buscas
Gleiciane Fidelis saiu do Acre junto com Emylly em busca de uma vida melhor em Santa Catarina. Ela falou que conversou com a acreana minutos antes do afogamento. As duas tinham um relacionamento desde que moravam em Rio Branco, mas a relação tinha chegado ao fim recentemente.
Ela, inclusive, estava no grupo de amigos que fez as buscas na praia em busca do corpo de Emylly. “Era só nós duas aqui, ela só tinha a mim e eu ela. Contávamos uma com a outra para tudo. Não estávamos mais juntas, mas conversávamos direto. Minutos antes de entrar no mar, por volta de 18h45, que foi a última vez que falei com ela por telefone, ela pediu para colocar uma recarga no celular dela. Esse horário aqui é muito claro e, por isso, ela ainda estava na praia”, ressaltou.

Gleiciane Fidelis ajudou a procurar o corpo de Emylly em praia de Santa Catarina — Foto: Arquivo pessoal
Ao saber que Emylly tinha sumido no mar, Gleiciane mobilizou alguns amigos e foi para a praia em busca do corpo da ex-companheira.
“Falei: ‘a gente vai na praia procurar’. A gente não sabia por onde procurar, a praia é muito grande, tinha ondas muito altas, colocamos o chinelo na mão e fomos andando. Eu ia mais na frente e olhando, foi quando estávamos chegando bem no final da praia e vi o corpo dela na beira, estava deitada. Virei ela, comecei a tentar reanimar na esperança dela voltar. Chamamos o socorro, bombeiros, Samu, tudo. Quando colocaram uma toalha na cabeça ela vi que não tinha mais jeito”, lamentou.


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