O Acre registrou 11.044 casos de síndrome gripal entre janeiro e o dia 11 de dezembro deste ano. O número é 17,6% maior dos casos confirmados no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 9.387 casos.
Do total de casos registrados em 2021, três são do tipo influenza A. A Vigilância de Influenza e outros Vírus Respiratórios da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) afirmou que o estado não tem casos confirmados da Influenza H3N2, especificamente da variante Darwin — detectada na cidade da Austrália que recebe o mesmo nome.
Pelo menos 9 estados brasileiros estão com alta nos casos de gripe. O aumento começou em meados de novembro e a cidade do Rio de Janeiro foi a primeira a declarar a epidemia. O estado da Bahia foi o primeiro a registrar o primeiro caso de morte causada por Influenza A H3N2. A vítima era uma mulher de 80 anos e residente em Salvador.
“Fazemos um monitoramento o ano inteiro da síndrome gripal. Com a pandemia, as notificações foram prejudicadas, mas continuamos monitorando. Observando um leve aumento de gripe, mas sobre a cepa que está circulando a gente depende de resultados do Laboratório Evandro Chagas. Esse ano isolamos três influenza no AC, só que sobre o subtipo ainda não chegaram os resultados”, confirmou a técnica responsável pela Vigilância de Influenza e outros Vírus Respiratórios da Sesacre, Tânia Bomfim.
Tânia afirmou que as três amostras dos casos de influenza A foram enviadas para o instituto de referência da região Norte para saber se alguma é do subtipo. Em dezembro, a Saúde enviou pelo menos uma amostra suspeita.
“Só podemos dizer que temos três casos isolados de influenza A. Não sabemos se é H3N2 ou H1N1. Lá vão isolar para ver se é da nova variante que está circulando, estamos aguardando. Trabalhamos por amostragem nas unidades sentinelas”, pontuou.
Síndrome gripal
Conforme os dados da Vigilância, em 2019 foram confirmados no Acre 28.658 casos de síndrome gripal até a semana epidemiológica 49 – entre 5 a 11 de dezembro.
Em 2020, quando surgiu a pandemia do novo coronavírus, os casos de gripe baixaram para 9.387 no período avaliado.
Em 2019 e 2020 o Acre não teve casos de influenza A registrados. O estado teve registro de outros tipos da doença, como por exemplo:
- Influenza B
- Influenza H1N1 (pdm2009)
- Influenza inconclusivo para H1N1 (pdm2009)
- Influenza A sazonal /H3
- Adenovírus
- Vírus Sincicial Respiratório
- Metapneumovírus
- Rinovírus
- Bocavírus
- Enterovírus
- Parainfluenza tipo
- Parainfluenza tipo2
- Parainfluenza tipo 3
- Parainfluenza tipo 4
Já em 2021, além de influenza A, o estado acreano também teve casos de Adenovíru, Vírus Sincicial Respiratório, Rinovírus e Parainfluenza tipo 3.
A gripe, causa pela infecção do vírus Influenza, apresenta sintomas agudos logo nos primeiros dias da doença:
- Febre alta;
- Calafrios;
- Dores musculares;
- Tosse;
- Dor de garganta;
- Intenso mal-estar;
- Perda de apetite;
- Coriza;
- Congestão nasal (nariz entupido);
- Irritação nos olho
Possível epidemia
Na quinta (16), a Prefeitura de Rio Branco, capital do Acre, fez um alerta para um possível surto de gripe com o avanço da doença no país. A coordenadora da Vigilância Epidemiológica do Município, Socorro Martins, explicou que a melhor forma de se prevenir da doença é tomando a vacina.
“Temos a vacina que previne contra esse vírus. A vacina da influenza previne contra três vírus: H1N1, H3N2 e o vírus do tipo B, que são vírus que podem levar a maiores complicações. É importante que a população seja vacinada contra a influenza, porque os sintomas da covid-19 são parecidos e com a pessoa vacinada contra a influenza, dá uma precisão para o médico fazer um diagnóstico mais preciso, se é covid-19 ou a influenza”, complementou.
Dados da Vigilância Municipal revelam que apenas 48,5% da população rio-branquense tomou a vacina contra a gripe.
Esse ano, a Campanha de Vacinação contra a gripe começou no dia 12 de abril e seguiu até julho. Segundo o cronograma do Núcleo do Programa de Imunização do Acre (PNI), deveriam ser vacinadas mais de 300 mil pessoas do público estimado em três fases.
Entenda o surto de gripe que se espalha pelo Brasil
Enquanto o número de casos de Covid-19 apresenta tendência de queda, o número de casos de Influenza só aumenta. Estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Bahia já apresentam indicadores de epidemia, conforme anunciado pelas secretarias de Saúde.
O grande número de infectados pelo vírus da Influenza chamou atenção de especialistas que, após avaliação, observaram se tratar do vírus H3N2, especificamente da variante Darwin — detectada na cidade da Austrália que recebe o mesmo nome.
“Em primeiro lugar, não é o H1N1, que é mais comum. O que está dando é o H3N2, que é um primo dele. E o que acontece é que essa vacina que a gente deu neste ano não cobre bem contra o H3N2. A vacina tem o H3N2, mas não especificamente este que está rodando, que é o Darwin”, explica Celso Granato, médico infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury.
“Além do que, as pessoas tomaram essa vacina faz seis meses. A gente vacina contra a gripe lá para maio, junho. Então, você está com uma vacina que já não cobre muito bem e também que já tomou há seis meses”, complementou o especialista.
O aparecimento dessa nova variante poderia explicar o grande número de casos de gripe também entre pessoas vacinadas.
Contudo, embora os serviços de saúde registrem uma procura maior por atendimento relacionado com sintomas gripais, não dá para afirmar com exatidão quais casos são de Covid, Influenza ou originados por outros vírus porque a testagem é baixa.
De modo geral, não são feitos testes para comprovar a infecção por Influenza e, no caso da Covid-19, o país ainda apresenta índices considerados baixos de testagem.