9 dias internado, estudante baleado por sargento de trisal recebe alta de hospital no AC; ‘não fiz nada

Após passar por uma cirurgia na região do abdômen e ficar nove dias internado no Pronto-socorro de Rio Branco, o estudante Flávio Endres Ferreira, de 30 anos, recebeu alta e se recupera em casa. Ele foi baleado pelo sargento da PM-AC Erisson Nery, no dia 27 de novembro, durante uma confusão em um bar da cidade de Epitaciolândia, no interior do estado.
Ainda em recuperação do pós-cirurgia, devido aos quatro tiros que levou, ele contou ao g1 que está bem, na medida do possível. “Melhorando a cada dia.” Ele recebeu alta na terça-feira (7), após se recuperar de um quadro febril.
Em sua versão sobre o que aconteceu, o estudante disse que foi convidado pelos amigos para ir ao bar e saiu antes de acabar o jogo, porque tinha um compromisso da faculdade e ficou cerca de 2 horas fora e retornou para deixar um colega e resolveu entrar novamente para ver se os amigos estavam bem.
“Nisso, quando cheguei lá, já tinha percebido que eles [os amigos] não estavam muito bem e perguntei o que tinha acontecido e fiquei sabendo que o Nery já tinha ido lá e chutado a mesa deles e poucos minutos depois de me falarem isso, veio a mulher dele e me deu um soco na cara. Me assustei e no puro reflexo, empurrei ela e ele já chegou sacando a arma e efetuou o disparo”, contou.
Após a confusão, o sargento Nery está preso em Rio Branco por ter atirado no estudante. Ele já responde a um processo por ter matado um adolescente de 13 anos em 2017, quando o menino tentou furtar casa dele. Quatro anos após o crime, o policial ainda não foi julgado. O Ministério Público do Acre (MP-AC) fez a denúncia em julho deste ano pelos crimes de homicídio e fraude processual e a denúncia foi aceita um dia depois pela Justiça.
O sargento ficou conhecido nas redes sociais após assumir um trisal com a mulher, a também sargento da PM Alda Nery, e a http://ecosdanoticia.net/wp-content/uploads/2023/02/carros-e1528290640439-1.jpgistradora Darlene Oliveira. Os três moram na cidade de Brasileia e há alguns meses a sargento estava fazendo tratamento psicológico, quando o casal voltou a gerar polêmica ao surgir boatos de separação.
Ele segue preso no Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Acre (Bope), em Rio Branco.
‘Não era minha hora’
Depois do primeiro disparo, ele relembra que tentou sair, mas não teve tempo e foram feitos os outros dois e ele caiu. Já no chão, ele foi atingido pela quarta vez e foi agredido e chegou a ter os dentes quebrados.
“Mesmo no chão, eles me bateram, chutaram bastante. Uma pergunta que gostaria de fazer para eles: o que levou a tentarem acabar com minha vida? Porque realmente não fiz nada a eles, se quer olhei com olhar torto para eles. Não entendo o que pode ter movido para fazer algo assim comigo”, questionou.
Sobre o suposto assédio, ele nega a acusação. “Fiquei boa parte do tempo assistindo ao jogo sentado, não assediei ela não. Fiquei magoado porque não é do meu caráter fazer algo assim, sou contra qualquer abuso ou violência contra a mulher. Acredito que quis dar uma justificativa para corrigir o que fizeram. E que não contavam com as imagens do local e o respaldo de falar do assédio não justificou.”
Esperança
Apesar do medo e dor que sentia, Ferreira disse que tinha certeza que ia sobreviver.
“Sabia que ia sobreviver. Tinha certeza que não era minha hora, apesar do medo e muita dor. A viagem de Brasileia até Rio Branco foi muito difícil. O socorrista me deixou todo tempo consciente, mas acho que cheguei no limite e talvez uns 40 minutos a mais não resistisse”, falou.
Um dos tiros atingiu ele no peito e os outros três na região do abdômen e atingiu alguns órgãos como o intestino. Foi uma cirurgia grande, segundo relatou, do início do abdômen até o final.
“Fiquei todo aberto. Estou me recuperando, bem melhor já. Só o fato de estar em casa já é bem melhor. Sinto muita dor. Acredito que a cirurgia do tamanho que fiz leva uns três meses para ficar normal de novo. O sentimento é de agradecer a Deus porque acredito que nasci novamente, estou tendo uma nova oportunidade de vida. Em relação ao que aconteceu, espero que a justiça seja feita e que ele pague pelo que fez comigo. Não fiz nada, não merecia o que ele fez comigo ao tentar tirar minha vida de graça. Não sei o que passou na cabeça dele ao fazer isso.”
Ainda em recuperação, o estudante disse que deve passar por avaliação para saber se vai ficar com alguma sequela. Ele revelou que mexe o braço direito com dificuldade e vai passar por exames para saber por qual motivo não consegue movimentar.
 


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