Rio de Janeiro – Os policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), tropa de elite da PM, usaram, pelo menos, 60 fuzis durante a ação no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. A PM contabiliza 10 mortos em toda a ação.
No fim de semana, um PM e outro homem que teria participado dos confrontos foram mortos. E mais oito corpos foram encontrados por moradores na área de manguezal da região, na segunda-feira (22/11).
“As armas usadas pelos 60 agentes do Bope vão ficar à disposição da Polícia Civil para exame de balística. Queremos transparência nas investigações. Os policiais do 7º BPM (São Gonçalo) começaram a ser atacados na quinta-feira (18/11), quando fechamos cerco à região para impedir roubos de carga”, afirmou Ivan Blaz, porta-voz da instituição.
No sábado, um PM e outro homem que participavam dos confrontos foram mortos. Até o início da noite de segunda-feira (22/11), agentes da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí responsáveis pelas investigações identificaram sete dos oito corpos encontrados na segunda-feira (22/11). Um deles é David Wilson Oliveira Antunes, de 23 anos
A Polícia Civil já solicitou à PM a relação dos policiais que participaram da ação. A Corregedoria da PM também instaurou inquérito para apurar se houve desvio dos agentes. Eles vão começar a ser ouvidos pelo órgão ainda nesta semana.
David não tem anotações criminais, mas segundo a polícia estava usando roupas camufladas, como outros criminosos. Entre os identificados estão Kauã Brener Gonçalves Miranda, de 17 anos, que também não tinha passagem pela polícia; e Ítalo George Barbosa Govea Rossi, de 23 anos, o Sombra, que segundo a polícia, tem seis anotações criminais, entre elas por tráfico de drogas e associação para o tráfico de drogas.
Os outros identificados são Jhonatan Klando Pacheco Sodré, 28, com passagens e estava evadido do sistema prisional do Pará; Elio da Silva Araújo, 53, Rafael Menezes Alves, 28, e Carlos Eduardo Curado de Almeida, 21, todos com anotações criminais.
O Ministério Público, que foi informado da operação, vai investigar denúncias, feitas por moradores, de execuções, tortura e excesso por parte de policiais. Um perito integrante do quadro técnico da instituição também foi designado ao Instituto Médico Legal (IML) para acompanhar o exame dos corpos.
Defensores públicos, representantes da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj) e da Ordem dos Advogado do Brasil (OAB-RJ) estiveram com moradores na localidade conhecida como Palmeiras.
“A PM sai da comunidade após longo confronto no domingo, por volta das 18h, agradecendo aos moradores e desejando Feliz Natal. Pontos importantes, não houve comunicação da existência de mortes à Polícia Civil. Era fundamental para que o local fosse preservado para ser periciado”, criticou Maria Julia Miranda, defensora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública.
De acordo com a PM, o local era de difícil acesso e não foi possível precisar se havia mortos. A instituição alegou, ainda, que foram feitos registros de ocorrência na delegacia da região com material apreendido como armas, munições e drogas.