Morto no final do mês passado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em SP, Juliano da Silva Soares, de 36 anos, pode ter sido vítima do chamado “coquetel da morte”, também conhecido nos presídios como “gatorade” — uma mistura de cocaína, viagra e água que, quando ingerido, causa overdose. As informações são do colunista Josmar Jozino, do Uol .
O detento passou mal na cela em que vivia, a 308 do presídio, no dia 26. Ele foi atendido na enfermaria da unidade, submetido a procedimento de urgência e transferido para a Santa Casa da cidade. Morreu no dia seguinte.
O “gatorade” teria sido criado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) em nos anos 2000 para matar os inimigos.
Na cela onde estava Soares, na companhia de outros quatro presos, foram encontrados no ralo do banheiro 5,14 g de cocaína, 8,11 g de maconha, 14 comprimidos de cor azul, 20 de cor branca e quatro de cor verde, todos aparentando ser estimulantes sexuais. Todos esses comprimidos provavelmente seriam estimulantes sexuais.
Os presidiários da cela Alexsandro Aparecido Bonifácio Santana, Carlos Ronaldo Correa, Deives Aparecido Manoel, Sidnei Oliveira da Cruz e Wanderlei Macambira de Brito foram isolados disciplinarmente por 10 dias. A SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária) abriu procedimento de apuração preliminar para checar os fatos.
O “gatorade”
O ‘coquetel’ teria sido adotado em 2003 para substituir as facas caseiras e o “kit forca” (banquinho e lençol para enforcamentos). Em muitos casos, o “gatorade” mata em menos de meia hora. A mudança teria sido pensada para evitar a responsabilização criminal dos envolvidos nos assassinatos dos rivais.
Foi na Penitenciária de Iaras (SP) que o plano foi descoberto, em 2015, após a morte de Roberto Cipriano, 33 anos. Na garganta dele, peritos do Instituto de Criminalística encontraram uma tampa verde semelhante a de um refrigerante — daí o apelido “gatorade”.
O dente incisivo superior do preso foi quebrado e ele tinha ferimentos na língua e nos lábios. No mesmo ano, outros cinco presos também morreram da mesma maneira na Penitenciária de Iaras: Sérgio Luiz Fidélis, 32, Carlos Luciano, 36, João Alves de Lima, 37, Anderson Dantas Pungirum, 31, e Rodrigo dos Santos Cruz, 27 anos.
Toxicologistas do Hospital das Clínicas de São Paulo e da Faculdade de Medicina e Centro de Controle de Intoxicações, o viagra dilata os vasos sanguíneos e se misturado à cocaína pode provocar falência cardíaca.
Segundo a SAP, não é possível concluir a causa da morte de Soares, já que o laudo de exame necroscópico ainda não foi emitido pela Polícia Científica.