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MP pede laudos em inquérito de acidente causado por jovem sem CNH que matou dentista no AC

Gabrielly Lima Mourão foi autuada por homicídio culposo após atropelar e matar motociclista no Acre — Foto: Arquivo

Gabrielly Lima Mourão foi autuada por homicídio culposo após atropelar e matar motociclista no Acre — Foto: Arquivo

Em parecer assinado no último dia 11, a promotora Nelma Araújo Melo de Siqueira, do Ministério Público do Acre (MP-AC), pediu que a Polícia Civil anexe ao inquérito os laudos do exame pericial em local do acidente de trânsito e cadavérico para que possa decidir como vai se posicionar no caso do acidente que matou a dentista a Maria Josilayne Ferreira Duarte, de 24 anos, no dia 29 de setembro deste ano.


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O carro que bateu contra a moto que ela dirigia na Estrada da Floresta, em Rio Branco, era dirigido por Gabrielly Lima Mourão, de 19 anos, que não tem carteira de habilitação. Ela foi presa em flagrante, mas liberada após pagar R$ 2,2 mil de fiança.


Segundo o processo, Gabrielly se manteve calada durante o interrogatório. A promotora destaca no documento que “não consta no feito o Laudo de Exame Pericial em Local de Acidente de Trânsito, o qual tem o condão de informar em quais circunstâncias ocorreu o sinistro. Interrogada, a condutora do carro preferiu ficar em silêncio. Assim, verifica-se que as provas coletadas até aqui são insuficientes, não sendo possível ao Parquet formar a sua opinio delicti. É sabido que para a configuração de crime culposo é necessário que o autor haja com negligência, imprudência ou imperícia, o que, até o presente momento, não restou comprovado no presente feito. No entendimento deste Órgão Ministerial, da forma como os autos se apresentam, já que não há testemunha ocular, o único meio de saber se a condutora do veículo dirigia de maneira anormal, com velocidade incompatível para o local, por exemplo, é através do Laudo de Exame Pericial Em Local de Acidente de Trânsito”, destaca.


g1 tentou ouvir a defesa de Grabrielly, mas não obteve retorno até esta publicação.


Pai é assistente de acusação


No último dia 4, o g1 informou que o pai da dentista Maria Josilayne Ferreira Duarte, de 24 anos, que morreu em um acidente de trânsito no dia 29 de setembro, vai atuar como assistente de acusação no processo judicial, que tramita na 1ª Vara Criminal de Rio Branco. Marcelo Penteado Duarte teve o pedido aceito pelo juiz Danniel Gustavo da Silva, no último dia 22, mas a a função vai ser exercida pelos três advogados dele.

Josilayne ia encontrar o noivo, Heverton Neri, quando foi atropelada e morta após a jovem Gabrielly Lima Mourão, de 19 anos, perder o controle do veículo que dirigia na Estrada da Floresta, em Rio Branco. A vítima tinha marcado de encontrar Neri quando ele saísse do trabalho para irem juntos à casa de uma amiga. (Veja o acidente no vídeo abaixo).


“Eu tinha que fazer alguma coisa como pai, não participei tanto do crescimento da minha filha, e eu acho que era uma coisa que eu tinha fazer. Tenho que pedir que seja homicídio doloso, foi irresponsável, o que ela [Gabrielly] tinha era uma arma na mão, tinha que ter responsabilidade. Quero tentar justiça, estou vendo com os advogados o que pode ser feito”, disse o pai.


 


O pedido dá a oportunidade ao representante legal da vítima de fazer parte do processo como auxiliar do Ministério Público, que é o autor da ação penal.


Como assistente de acusação, Duarte vai poder atuar em qualquer fase do processo, propondo meios de prova, ou seja, solicitando perícias, acareações ou busca e apreensão. Ele também fica apto a requerer perguntas às testemunhas, depois do Ministério Público, entre outras atuações.


Ao g1, a avô de Josilayne, Eudenice Ferreira de Andrade, que foi quem criou a jovem e a chama de filha, diz que a família não tinha conhecimento de que o pai biológico dela tinha solicitado ser assistente de acusação e, muito menos, que a Justiça tinha aceitado o pedido.


Vídeo do acidente

Nas imagens que mostram a avenida a uma certa distância, é possível ver que pelo menos quatro veículos passam pelo local e logo depois o carro aparece em alta velocidade na via e bate contra a motocicleta conduzida pela dentista. É possível ver que a moto é arremessada de forma violenta para trás.


Vídeo mostra acidente que matou dentista em Rio Branco

Vídeo mostra acidente que matou dentista em Rio Branco


Dia do acidente

 


À Rede Amazônica, no dia 1º de outubro, Heverton Neri, noivo da dentista, falou que Maria Joseilayne tinha falado que iria mostrar algumas joias para uma amiga. Ele estava fechando a loja onde trabalha quando a companheira falou que em cinco minutos estaria lá para encontrá-lo.


Só que Maria Joseilayne atrasou e Neri desconfiou que algo tivesse acontecido à noiva.


Maria Josilayne e Heverton Neri estavam juntos há dez anos — Foto: Reprodução/Redes Sociais

Maria Josilayne e Heverton Neri estavam juntos há dez anos — Foto: Reprodução/Redes Sociais

“Sentei lá fora com uma colega de trabalho e falei: ‘Meu Deus, tenho medo quando ela fala cinco minutos, porque ela vem em cinco minutos’. Ela era uma pessoa muito correta, tinha hora para sair e hora para chegar, só que o coração apertou naquela hora, aí a minha colega falou que ela atrasou porque tinha tido um acidente. Cheguei lá e vi ela em óbito. Tiraram ela de mim, tiraram a minha vida, me tiraram tudo, tiraram minha parceira da vida, minha vida”, contou aos prantos.


Gabrielly não tinha carteira de habilitação e foi autuada pelo crime de homicídio culposo – quando não há intenção de matar. Ela chegou a ser levada ao Pronto-socorro de Rio Branco se queixando de dores e recebeu alta médica após passar por especialistas. Ainda no hospital, a Polícia Civil fez o interrogatório da jovem, que preferiu ficar em silêncio.


Heverton Neri esperava a noiva quando soube de acidente na Estrada da Floresta — Foto: Lidson Almeida/Rede Amazônica Acre

Heverton Neri esperava a noiva quando soube de acidente na Estrada da Floresta — Foto: Lidson Almeida/Rede Amazônica Acre

Motorista pediu para trocar de roupa no fórum

 


Conforme relatório informativo das condições sociais e pessoais, Gabrielly contou que mora com os pais e que não trabalha atualmente. Ela informou que tem feito consulta com psicólogo particular para depressão e que, às vezes, toma remédio natural para auxiliar na ansiedade.


No Fórum Criminal, ela disse que queria trocar de roupa, mas, segundo relatório, a jovem não aceitou as peças que são fornecidas pelo Atendimento à Pessoa Custodiada (Apec). O advogado particular dela, então, providenciou junto à família uma roupa e a medicação que tinha sido receitada para ela no PS para dor.


Maria Josilayne, à esquerda, morreu no acidente e Gabrielly Lima Mourão, à direita, foi solta um dia depois  — Foto: Arquivo pessoal

Maria Josilayne, à esquerda, morreu no acidente e Gabrielly Lima Mourão, à direita, foi solta um dia depois — Foto: Arquivo pessoal

Na audiência de custódia, após manifestação favorável do Ministério Público, a Justiça concedeu a liberdade provisória à jovem, com pagamento de fiança no valor de dois salários mínimos e cumprimento de medidas cautelares.


Entre as medidas cautelares que devem ser cumpridas por Gabrielly estão o comparecimento semanal à central integrada de alternativas penais e a proibição de dirigir veiculo automotor.


Fonte: G1 Acre


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