Um artigo publicado no renomado Journal of pediatric surgery case reports (e disponível por completo neste link), ainda na edição de março deste ano, apresentou um caso inusitado — e raro: um bebê brasileiro que nasceu com uma espécie de “cauda”. Segundo o jornal, a criança veio ao mundo em janeiro deste ano, prematuro de 35 semanas, no Hospital Infantil Albert Sabin.
O bebê nasceu com extremidade de 12 cm sobre a nádega esquerda. Na ponta da “cauda” ainda tinha uma esfera composta por tecido conjuntivo e gordura.
A publicação explica que a extremidade foi removida após cuidadosos estudos. Os próprios médicos envolvidos no caso pontuaram que foram realizados diversos exames para tentar entender do que se tratava a cauda — e acima de tudo: se a retirada era segura.
Foram feitas ressonâncias magnéticas, que indicaram a anatomia, a localização interna e possíveis patologias da “cauda”. Em entrevista ao portal Uol, Humberto Forte, um dos cirurgiões envolvidos no caso explicou o que poderia ter causado a presença da extremidade: “Essas alterações são defeitos neurológicos no desenvolvimento da medula espinhal (…) Uma cauda pode revelar a presença desses defeitos antes mesmo do paciente manifestar sintomas típicos”.
O próprio artigo pontuou o cuidado para a manipulação e retirada da extremidade: “É essencial que o pediatra ou cirurgião pediátrico investigue a presença de disrafismo espinhal oculto em pacientes com suspeita de lesões cutâneas, pois podem ser a única anormalidade visível e o diagnóstico precoce pode prevenir a evolução para alterações neurológicas graves”.
Em toda a literatura mundial, somente 40 casos do tipo foram relatados, e como indica Forte, a identificação em uma publicação de tamanha importância de um caso no Brasil ajuda a levantar mais conhecimentos: “A importância desse artigo para a ciência médica brasileira é trazer ao conhecimento de todos a patologia dessas crianças e mostrar nossa experiência e expertise no cuidado delas”.
Além de Forte, também assinam o artigo Carlos Eduardo Lopes Soares (estudante da Universidade Federal do Ceará), Márcia Maria de Holanda Góes Bezerra (cirurgiã pediátrica do Hospital Albert Sabin), Verlene de Araujo Verdiano (neonatologista), Rodrigo Schuler Honorio (patologista do Hospital Albert Sabin) e Francisco das Chagas Barros Brilhante (cirurgião pediátrico do Hospital Albert Sabin).
Fonte: Correio Braziliense