A esquerda nacional, em particular o PSOL, se afundam nas ilusões parlamentares e institucionais e viram as costas para o que está acontecendo no campo.
Enquanto a esquerda parlamentar vive no mundo encantado das manobras institucionais, CPIs, representações no STF, no mundo real o povo sofre cada dia mais intensamente.
O sofrimento do povo não é apenas por conta da miséria, da fome, da falta de assistência. O golpe de Estado estabeleceu um clima de terror ainda mais grave entre a população. Nunca a Polícia matou tanto no Brasil.
Mas é no campo que a população sofre mais. Os latifundiários estão cada dia mais à vontade para operar massacres contra os trabalhadores rurais e sem-terra. Em Rondônia, a situação é cada vez mais dramática.
Os companheiros da Liga dos Camponeses Pobres (LCP) estão sendo cercados pela Polícia Militar do estado e pela Força Nacional de Segurança, que foi mandada pelo governo Bolsonaro para reprimir os sem-terra. Os militantes da LCP no local estão denunciando que está sendo preparado um verdadeiro banho de sangue. Com a cobertura da polícia e dos governos, jagunços e pistoleiros a mando dos latifundiários estão armando emboscadas e provocações, forjando crimes para criar artificialmente pretextos para ataques contra os acampamentos.
Exclusivo: Advogado da LCP fala do massacre no campo
Enquanto essa dura realidade acontece, companheiros trabalhadores estão correndo risco de serem massacrados e alguns já estão sendo assassinados a sangue-frio, a esquerda pequeno-burguesa brinca de “democracia”.
Acreditaram que a CPI da Covid seria o fim de Bolsonaro. A farsa agora se revela. A burguesia não tem interesse em derrubar Bolsonaro. Outros setores da esquerda passaram mais de um ano bajulando João Doria, fazendo propaganda de que ele era o “civilizado”. Doria e o seu PSDB são mais bolsonaristas que o próprio Bolsonaro.
A presidenta da UNE tem um chilique quando é criticada por sentar-se à mesa com nada menos do que Fernando Henrique Cardoso, o homem da privataria.
O PSOL foi o que chegou mais longe na cretinice parlamentar. Não apenas acreditam na ilusão de uma mudança pelo Parlamento, como se aliam aos setores da direita do regime político. Foi o que aconteceu na votação da PEC 5, que pretendia limitar, ainda que timidamente, o poder do Ministério Público. Isso significa que o PSOL votou de acordo com os interesses do imperialismo. Quem comemorou a rejeição da PEC foi a Globo, Moro e Dallagnol.
Não apenas o PSOL se distrai com as ilusões nas instituições, como faz a maior parte da esquerda bajulando o STF, Doria e FHC, como defende o fortalecimento de um mecanismo antidemocrático que é o lava-jatismo. Ou seja, enquanto os companheiros da LCP arriscam ser massacrados, o PSOL dá mais poder aos golpistas, ao judiciário, ao imperialismo.
O símbolo do cretinismo do PSOL é aquela cena ridícula de seus deputados segurando laranjinhas nos corredores do Congresso. Essa cena pitoresca esconde um partido que deixou de ser apenas oportunista, reformista e conciliador. O PSOL assumiu definitivamente ser um partido que age de acordo com os interesses do imperialismo.
Mas o que de efetivo fez a CPI da Covid? O que de efetivo ocorreria caso um post de Bolsonaro fosse apagado no Twitter? O Brasil estaria sendo libertado do fascismo? Enquanto a esquerda adepta do cretinismo parlamentar, que acredita que a atuação no Congresso torna seus deputados (e os da direita “democrática”!) super-heróis, faz palhaçadas na tribuna, camponeses são executados diariamente.
As tribunas, que já devem estar entediadas de tanto discursinho fajuto, jamais ouviram uma única palavra de denúncia sobre o massacre operado pelo governo bolsonarista de Rondônia, pela PM ou pela Força Nacional. Jamais ouviram qualquer acusação dos latifundiários.