Subvariante da cepa delta pode ser ainda mais infecciosa, dizem especialistas

Passageiros, com e sem máscara, em estação de metrô londrina: casos de covid aumentam no Reino Unido - (crédito: Niklas Hallen/AFP)

O aumento de casos diários de covid-19 no Reino Unido — foram registrados 49.156 na segunda-feira, o maior número desde julho e 16% a mais que na semana anterior — pode estar associado a uma subvariante da cepa delta, segundo especialistas britânicos e norte-americanos. A versão, chamada AY.4.2, responsável por 10% das infecções atuais na Grã Bretanha, tem potencial de ser até 15% mais transmissível, mostra uma pesquisa ainda em andamento. Por enquanto, ela foi registrada em poucos países.


A AY.4.2 é uma das 45 sublinhagens descendentes da delta que foram registradas em todo o mundo. Ele carrega duas mutações específicas na proteína spike, com a qual o vírus infecta células humanas, denominadas Y145H e A222V. Em um tuíte, Scott Gottlieb, ex-comissário da agência regulatória norte-americana Food and Drug Administration (FDA) destacou a necessidade de “pesquisas urgentes para descobrir se essa ‘delta plus’ é mais transmissível e se tem evasão imunológica parcial”.


Citado pelo jornal inglês Financial Times, Jeffrey Barrett, diretor da Iniciativa Genômica Covid-19 do Instituto Wellcome Singer, em Cambridge, afirmou que os estudos já estão em curso e que apontam para um potencial de transmissibilidade entre 10% e 15% maior que o da delta original. De acordo com o especialista, se a evidência preliminar for confirmada, a AY.4.2 pode ser a cepa de coronavírus mais infecciosa desde o início da pandemia. Contudo, ele observa que o aumento recente no número de casos registrados no Reino Unido pode ser apenas um “evento demográfico casual”.


François Balloux, diretor do Instituto de Genética da Universidade College Londres concorda com o colega e diz que é preciso cautela. “A maioria das mutações do Sars-CoV-2 emergiu independentemente, muitas vezes, em cepas não relacionadas. As mutações Y145H e A222V foram encontradas em várias outras linhagens do vírus desde o início da pandemia, mas permaneceram em baixa frequência até agora”, explica. “As primeiras cepas com ambas as mutações foram sequenciadas em abril de 2020. Nenhuma delas foi encontrada em qualquer variante preocupante”, afirma.


De acordo com Balloux, a AY.4.2 está sendo monitorada de perto no Reino Unido e em outros países europeus, embora ainda seja rara fora do Reino Unido. Houve apenas três casos detectados nos Estados Unidos até agora. “Na Dinamarca, outro país que, além do Reino Unido, possui excelente vigilância genômica, (a versão) atingiu uma frequência de 2%, mas diminuiu desde então. Além disso, um trabalho funcional está em andamento para testar se ela pode ser menos reconhecida por anticorpos.”


O especialista diz que não há motivos para alarde, mas que os cientistas precisam ser cautelosos. “Nenhuma das mutações é, a priori, uma candidata óbvia para o aumento da transmissibilidade viral, mas aprendemos que as mutações podem ter efeitos diferentes, às vezes inesperados, em diferentes cepas.”


Fonte: Correio Braziliense


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