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Produção de combustíveis fósseis vai na contramão das metas ambientais globais

Países ​​planejam produzir 110% mais combustíveis fósseis em 2030 que o necessário para manter o aumento da temperatura no limite de 1,5° C
Mesmo com as ambições climáticas ampliadas e frente ao compromisso de zerar as emissões de gases do efeito estufa no mundo, os governos ainda planejam aumentar a produção de energia proveniente de combustíveis fósseis em 2030. Se esses números forem confirmados, a produção será o dobro da necessária para limitar o aquecimento global a 1,5º C, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
egundo relatório divulgado nesta quarta-feira (20) pelos principais institutos de pesquisa e pelo Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), nas próximas duas décadas os governos projetam aumentar a produção global de petróleo e gás e reduzir apenas modestamente a produção de carvão. Tomados em conjunto, esses planos significam que a produção de combustíveis fósseis aumentará pelo menos até 2040.
Para a diretora Executiva do Pnuma, Inger Andersen, “ainda há tempo para limitar o aquecimento de longo prazo a 1,5° C [acima dos níveis pré-industriais], mas esta janela de oportunidade está se fechando rapidamente”.
Andersen disse que na, Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), a COP26, que ocorre no início de novembro em Glasgow, “os governos devem adotar medidas rápidas e imediatas para fechar a lacuna na produção de combustíveis fósseis e garantir uma transição justa e equitativa. É assim que se parece a ambição climática”, disse ela.
O relatório deste ano fornece perfis para 15 grandes países produtores, mostrando que a maioria continuará a apoiar o crescimento da produção de combustíveis fósseis.
Reagindo ao relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou os recentes anúncios das maiores economias do mundo de acabar com o financiamento do carvão, chamando-os de “um passo muito necessário” na eliminação dos combustíveis fósseis. Entretanto, ele destacou que o relatório mostra que “ainda há um longo caminho a percorrer para um futuro com energia limpa”.
“É urgente que todos os financiadores públicos remanescentes, bem como privados, incluindo bancos comerciais e gestores de ativos, mudem o financiamento do carvão para energias renováveis, a fim de promover a descarbonização total do setor elétrico e o acesso à energia renovável para todos”, disse Guterres.


Investimento em energia limpa

Os países pesquisados ​​planejam produzir cerca de 110% a mais de combustíveis fósseis em 2030 do que seria consistente com o limite de 1,5° C, e 45% a mais do que permitiria um impacto de aquecimento de 2° C.
O relatório, lançado pela primeira vez em 2019, mede a lacuna entre os planos de produção dos governos e os níveis consistentes com o Acordo de Paris. Dois anos depois, o tamanho da lacuna permanece praticamente inalterado.
Os planos atuais levariam a cerca de 240% a mais de carvão, 57% a mais de petróleo e 71% a mais de produção de gás em 2030 do que seria consistente com a limitação do aquecimento global a 1,5 ° C.
A produção global de gás deve aumentar ao máximo entre 2020 e 2040, dando continuidade a uma tendência de expansão global de longo prazo inconsistente com o Acordo de Paris.
Desde o início da pandemia Covid-19, os países direcionaram mais de US$ 300 bilhões em novos fundos para atividades de combustíveis fósseis, mais do que direcionaram para energia limpa.
Em contraste, o financiamento público internacional para combustíveis fósseis dos países do G-20 e dos principais bancos multilaterais de desenvolvimento diminuiu. Atualmente, um terço desses bancos e instituições financeiras de desenvolvimento do G-20 adotaram políticas que excluem a produção de combustíveis fósseis no futuro.
Para o autor principal do relatório, Ploy Achakulwisut, a pesquisa é clara: “A produção global de carvão, petróleo e gás deve começar a declinar imediatamente e abruptamente para ser consistente com a limitação do aquecimento de longo prazo a 1,5° C”.
O relatório é produzido pelo Instituto Ambiental de Estocolmo (SEI), Instituto Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (IISD), ODI, E3G e UNEP. Mais de 80 pesquisadores contribuíram para a análise e revisão, incluindo várias universidades, grupos de reflexão e outras organizações de pesquisa.
 


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