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Os polêmicos ‘robôs policiais’ que vigiam cidadãos em Cingapura

Foto: Getty Images

Fumou em área proibida? Estacionou a bicicleta indevidamente? Violou as regras de distanciamento social implementadas por causa da pandemia de coronavírus?


Se você mora em Cingapura, no sudeste asiático, você pode estar sendo observado por um robô-patrulha que emite aviso contra quem se envolve em “comportamentos sociais indesejáveis”.


Trata-se da mais recente arma incorporada ao arsenal de tecnologia de vigilância da cidade-estado, onde a população é rigidamente controlada.


Um exemplo famoso em todo o mundo é a restrição às gomas de mascar.


Quem for flagrado jogando chiclete na rua ou carregando grandes quantidades do produto pode ser multado em até mil dólares (cerca de R$ 5,5 mil).


Os robôs-patrulha, por enquanto, estão sendo apenas testados, mas já alimentam preocupações com a privacidade.


Cingapura se tornou um exemplo mundial de vigilância, com várias ferramentas para rastrear seus habitantes, de câmeras de segurança a postes de luz equipados com tecnologia de reconhecimento facial.


O teste foi feito durante três semanas no mês passado. Os robôs, apelidados de ‘Xavier’, foram enviados para patrulhar um conjunto habitacional e um shopping center.


As máquinas são dotadas de sete câmeras e alertam a população quando detectam “comportamentos sociais indesejáveis”.


Isso inclui fumar em áreas proibidas, estacionar bicicletas indevidamente e violar as regras de distanciamento social.


Durante uma patrulha recente, um dos robôs entrou em um conjunto habitacional e parou em frente a um grupo de moradores idosos assistindo a uma partida de xadrez.


“Por favor, mantenha uma distância de um metro, por favor, mantenha cinco pessoas por grupo”, alertou uma voz robótica, enquanto uma câmera em cima da máquina apontava seu olhar para eles.


Liberdades individuais

As autoridades de Cingapura defendem uma visão de “nação inteligente” hipereficiente e voltada para a tecnologia, mas ativistas dizem que a privacidade está sendo sacrificada e as pessoas têm pouco controle sobre o que acontece com seus dados.


Cingapura é frequentemente criticada por restringir as liberdades civis e sua população está acostumada a controles rígidos, mas ainda há um desconforto crescente com tecnologias invasivas.


A ativista de direitos digitais Lee Yi Ting lembra que os dispositivos são apenas a forma mais recente de vigilância no país.


“Tudo isso aumenta a sensação de que as pessoas em Cingapura devem ser muito mais cuidadosas com o que dizem e fazem do que em outros países”, disse ela em entrevista à agência de notícias AFP.


Mas o governo defendeu o uso de robôs, dizendo que eles não estavam sendo usados?? para identificar ou tomar medidas contra os infratores durante o período de testes, e que eram necessários para lidar com uma crise de trabalho conforme a população do país envelhece.


“A força de trabalho está realmente diminuindo”, disse Ong Ka Hing, da agência governamental que desenvolveu os robôs ‘Xavier’, acrescentando que eles poderiam ajudar a reduzir o número de policiais necessários para patrulhas a pé.


A ilha de cerca de 5,5 milhões de habitantes tem 90 mil câmeras de vigilância, um número que deve dobrar até 2030, e tecnologia de reconhecimento facial — que ajuda as autoridades a identificar rostos na multidão — pode ser instalada em postes de luz em toda a cidade.


Houve uma rara reação pública neste ano, quando as autoridades admitiram que os dados de rastreamento de coronavírus coletados por um sistema oficial foram acessados??- pela polícia. Posteriormente, o governo aprovou uma legislação para limitar seu uso.


Mas os críticos dizem que as leis da cidade-estado geralmente impõem poucas limitações à vigilância do governo, e os cingapurianos têm pouco controle sobre o que acontece com os dados coletados.


“Não há restrições de privacidade sobre o que o governo pode ou não pode fazer”, disse Indulekshmi Rajeswari, advogado de proteção de dados de Cingapura que agora mora na Alemanha.


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