Os desfalques em massa causados pelas convocações das seleções nacionais não é mais um problema restrito somente aos clubes brasileiros. Nas últimas semanas, os técnicos Renato Gaúcho, do Flamengo, Cuca, do Atlético-MG, e Abel Ferreira, do Palmeiras, sofreram para escalar os times com as diversas baixas provocadas pela rodada tripla das Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo de 2022. Na Europa, Maurício Pochettino, do Paris Saint-Germain, viverá na pele o drama. O time francês foi mutilado pela data Fifa e jogará, nesta sexta-feira (15/10), contra o Angers, sem seis atletas.
Assim como nas equipes brasileiras, as convocações privaram o PSG de utilizar as principais estrelas de sua companhia: os atacantes Neymar e Lionel Messi são os desfalques de peso causados pelas seleções da América do Sul. Além dos astros, a Argentina ainda chamou Ángel Di Maria, Leandro Paredes, enquanto o Brasil convocou os serviços de Marquinhos. Além deles, o costarriquenho Keylor Navas vai perder a rodada do Campeonato Francês pelos compromissos de seu país as Eliminatórias da América Central.
Ao contrário do Brasil, onde as baixas provocadas pelo choque entre o calendário das competições nacional e os compromissos da Seleção Brasileira são frequentes, na Europa a prática não é nem um pouco comum. Por lá, os principais campeonatos de elite são paralisados no período reservado para as datas Fifa na temporada. E assim foi nesta última janela de jogos internacionais de Liga das Nações e Eliminatórias da Europa. Porém, no caso envolvendo os países da América do Sul, a pandemia acabou provocando os desfalques no time francês.
Com diversas partidas adiadas durante o auge da pandemia de covid-19, no ano passado, a Conmebol precisou correr atrás do tempo perdido para definir os representantes do continente na Copa do Mundo do Catar, em 2022. Para isso, com autorização da Fifa, a entidade passou a realizar três rodadas em cada data Fifa, ao contrário dos tradicionais dois jogos internacionais previstos em cada janela. Com isso, o período em que os jogadores convocados ficam com suas seleções subiu em três dias.
Em coletiva de imprensa, Pochettino riu quando perguntado como poderia “se blindar” contra os desfalques causados por seleções e seguiu uma linha parecida a utilizada por técnicos brasileiros. “Não podemos fazer nada. Nada mesmo. Os clubes, de certa forma, estão indefesos neste tipo de situação. É necessário fazer referência às federações nacionais, porque é do seu interesse e dos clubes. É claro que isso é algo a revisar no futuro. Porque não há equilíbrio, nem do ponto de vista econômico, nem do ponto de vista esportivo. Existe um desequilíbrio que deve ser revisto”, disse o argentino.
Se o PSG teve maior estrago em quantidade, os times nacionais precisaram lidar por mais tempo com a ausência dos principais jogadores. Principais envolvidos na briga pelo título da Série A do Campeonato Brasileiro na época dos chamados, o Flamengo teve quatro desfalques (Isla, Arrascaeta, Everton Ribeiro e Gabigol) e o Atlético-MG três (Guilherme Arana, Junior Alonso e Alan Franco), mesmo número de baixas do Palmeiras (Weverton, Gustavo Gómez e Piquerez). Com o panorama, foram necessários remendos nas equipes titulares em três rodadas.
Além dos jogadores de Brasil, Argentina e Costa Rica, o Paris Saint-Germain teve outros onze jogadores convocados por seleções europeias e africanas: Mbappé e Kimpembe estiveram com a França; Donnarumma e Verrati defenderam a Itália; Nuno Mendes e Danilo defenderam Portugal; Diallo e Gueye foram chamados por Senegal; Kehrer esteve com a Alemanha; Wijnaldum com a Holanda; e Hakimi com Marrocos. Todos, porém, voltaram na quarta-feira (13/10) e estão à disposição de Pochettino.