A travesti Alana, de 30 anos, faleceu após lutar contra uma doença que atacava seus pulmões. Na última segunda-feira (11), no entanto, seu enterro revoltou amigos e o movimento em defesa da comunidade transexual de Aracajú (SE). Lana, como gostava de ser chamada, foi velada usando terno, gravata e bigode, como se fosse um homem.
“O que ela mais me pedia, mesmo antes de falecer ou de chegar a ir ao hospital, era para que eu cuidasse para que ela fosse enterrada como ela é, e não foi o que aconteceu”, disse uma amiga de Alana, que também é uma mulher trans.
Já a vereadora da cidade Linda Brasil (PSOL), se pronunciou sobre o caso nas redes sociais. No Twitter, disse estar indignada e afirmou que “não é porque é da família que há legitimidade para praticar transfobia deliberadamente”.
“No calor da indignação acabei não detalhando (e até por respeito à vítima mesmo), mas esse caso foi sim aqui em Aracaju. Precisamos dar um basta nessa romantização de relações familiares que desrespeitam e negligenciam nossas vidas, identidades e existências”, escreveu a vereadora.
Linda aproveitou para lembrar da importância de políticas públicas no combate ao preconceito, mas que nem sempre são aceitas. “Inclusive, protocolei um projeto de lei de respeito ao nome social em consonância à identidade de gênero em lápides, jazigos e demais documentos relacionados, mas infelizmente ele não foi entendido como dentro dos parâmetros da constitucionalidade”.
Segundo relato da amiga de Alana Jéssica Taylor o jornal O Globo, ela foi abandonada pela família e estava depressiva. Jéssica comanda a instituição Transunides, que distribui cestas básicas para a população trans.
“Lana foi desrespeitada pela família, que colocou até um bigode nela e a enterrou de terno, indo contra a sua identidade de gênero. A família não aceitava a orientação sexual dela”.
“Eu achei uma violência. Só quem é trans sabe o que já passou até conseguir assumir a identidade. Nem na grande despedida, que é a morte, ela foi respeitada. Lana morreu de tristeza”, completou.