Moraes manda ouvir ex-estagiária apontada como “informante” de blogueiro

Moraes incluiu Tatiana nas oitivas de uma das ações que inclui o blogueiro - (crédito: Rosinei Coutinho/SCO/STF)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, vai determinar que a Polícia Federal ouça Tatiana Garcia Bressan, ex-estagiária do gabinete do colega de Corte Ricardo Lewandowski, apontada como “informante” do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos. O aliado do presidente Jair Bolsonaro é alvo dos inquéritos das fake news e também da investigação sobre o financiamento de atos antidemocráticos.


O caso foi trazido à tona, ontem, pela Folha de S.Paulo. O depoimento da ex-estagiária está relacionado às mensagens obtidas pela PF em que Allan diz à ex-estagiária de Lewandowski que “fique como nossa informante lá”. “Será uma honra. Estou lá”, respondeu ela. Tatiana, de 45 anos, atuou no gabinete do ministro entre julho de 2017 e janeiro de 2019 e se ofereceu ao blogueiro para ser uma espécie de “olheira”. Ela pretendia trabalhar com a deputada e também bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF).


A ex-estagiária tem um histórico de defesa de Bolsonaro nas redes sociais e de críticas aos ministros e ao STF. Fez várias postagens e num diálogo com Allan chegou a dizer que o ministro Alexandre de Moraes, que conduz os inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos — nos quais o blogueiro está incluído —, tinha “personalidade sádica”. Tatiana tinha um perfil no Twitter, o @visittabb, no qual postava as críticas. Inclusive, ela tinha sido chamada a atenção por um superior hierárquico no Supremo para que deixasse de fazer postagens, pois isso seria incompatível com a função que ocupava no STF. A página pessoal de Tatiana, aliás, foi tirada do ar.


As conversas entre Allan e a ex-estagiária tiveram início em outubro de 2018 e se estendem até março de 2020. O depoimento da ex-estagiária deve ocorrer no âmbito do inquérito das fake news, uma das investigações que tramitam junto ao STF e são sensíveis ao Planalto. O próprio Bolsonaro é alvo das apurações, em petição que tramita ligada à investigação principal e mira os ataques e ameaças do chefe do Executivo às urnas eletrônicas.


Nas investigações que miram aliados do presidente, Allan é figura notória. Em setembro de 2020, foram apreendidas mensagens pela PF que revelavam a interlocução do bolsonarista com assessores do presidente. Em um dos diálogos, o blogueiro sugere “intervenção” das Forças Armadas. Ele também teria contado com a ajuda do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) para obter passaportes e deixar o país rumo aos Estados Unidos, onde vive atualmente.


Sobre a ex-estagiária, Lewandowski disse que “é lamentável que a Suprema Corte tenha sido infiltrada por uma pessoa sem compromisso com a ética pública e a democracia”.


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