A família de Carolina Lopes de Almeida, de 93 anos, foi pega de surpresa durante o velório da idosa na cidade de Guiratinga, interior do Mato Grosso. Depois de oito horas de cerimônia, um dos presentes notou que dona Caluzinha, como é conhecida na região, estava com a temperatura corporal mais alta do que o comum e um médico foi chamado.
Com sinais vitais constatados, a idosa foi encaminhada ao Hospital Municipal Oswaldo Cruz. Apesar de tudo, logo depois ela foi novamente dada como morta pela unidade de saúde. Ela foi sepultada no domingo (9/10). A história se espalhou pela região através do perfil do ator e comediante Ataíde Arco Verde, que mora na cidade.
“Oito horas depois do velório rolando, dona Caluzinha está quente. Aí alguém olha para dona Caluzinha, eis que ela abre o olho e dá uma piscada. Bom, nem preciso falar para vocês, a metade correu do velório e a metade correu para ver se dona Caluzinha estava mesmo viva”, contou.
De acordo com o site Repórter MT, uma equipe médica chegou a fazer manobras de ressuscitação no corpo, mas não conseguiram fazer com que ela recobrasse a consciência. Por volta das 19h, outros profissionais de saúde do hospital constataram o óbito, mas não esclareceram as possíveis causas da confusão.
Ainda segundo o texto, ela conviva com o mal de Alzheimer há cerca de 20 anos e tinha a saúde debilitada, mas era muito querida pela família e pela comunidade. Os familiares lamentaram o fato de a idosa ter sido preparada para o enterro, com chumaços de algodão introduzidos no nariz e na boca. Segundo eles, o socorro talvez pudesse ter funcionado, caso os procedimentos não tivessem sido feitos.
Nos comentários da publicação do Instagram, moradores da cidade comentam que tiveram esperanças de que a idosa estivesse mesmo viva. A família não divulgou a causa da morte e prefere não dar entrevistas. Procurado pelo Correio, o Hospital Municipal Oswaldo Cruz informou que, devido ao feriado, não há ninguém que possa comentar sobre o assunto na unidade.
Caso raro
Ainda que não se tenha certeza sobre o diagnóstico da idosa, uma condição clínica chamada catalepsia pode levar a uma falsa morte. Neste caso, os sinais vitais são bastante reduzidos, a pessoa fica paralisada, os músculos enrijecidos e sem a maioria dos reflexos.
O surto em geral, dura até dez minutos, mas pode chegar a horas ou dias. A prevalência na população é de 2,4% e, normalmente, está associado a doenças do sono (narcolepsia), e outros quadros clínicos como epilepsia e transtornos psiquiátricos graves.
Mesmo assim, o mais comum é que ocorram erros na presunção da morte. Como no caso de uma idosa de 75 anos que acordou minutos antes da própria cremação na Índia. Ela desmaiou a caminho do hospital e foi encaminhada direto para o serviço funerário, sem uma avaliação mais minuciosa.
Em Guiratinga, os relatos dão conta de que trabalhadores da funerária chegaram a notar movimentos leves em dona Caluzinha, mas atribuíram a percepção aos espasmos que podem ocorrer em cadáveres algumas horas após a morte.