Ação é atribuída a gangues de “bandidos”, homens fortemente armados que agem por dinheiro e não têm ligação com grupos jihadistas.
Homens fortemente armados atacaram um mercado popular no Estado de Sokoto, no noroeste da Nigéria, e mataram 43 pessoas no domingo (17). Popularmente conhecidos como “bandidos”, os criminosos não têm ligação com grupos jihadistas e agem a esmo, o que dificulta a ação das forças de segurança locais. As informações são do site The Defense Post.
“Quarenta e três pessoas foram confirmadas como mortas após o ataque de bandidos na aldeia de Goronyo”, disse o porta-voz do governo de Sokoto, Muhammad Bello. “Era um dia de mercado e havia muitos comerciantes”, explicou.
A ação de domingo foi semelhante a outra ocorrida em um mercado do distrito de Sabon Birni, no dia 8 de outubro. a ocasião, 19 pessoas morreram.
As forças de segurança nigerianas intensificaram a atuação na região desde setembro, como operações aéreas e terrestres. A estratégia das autoridades também inclui o corte dos serviços de telecomunicação em certas áreas dos Estados de Zamfara, Kaduna e Katsina.
Em Sokoto, as autoridades acreditam que a ação dos “bandidos” esteja aumentando devido às constantes operações das quais são alvo em Zamfara. “Estamos enfrentando muitos desafios de segurança em nossa própria área aqui, particularmente banditismo, sequestro e outros crimes associados”, disse Bello.
Devido ao problema, o governador Aminu Waziri Tambuwal solicitou “a presença de mais forças no estado e o envio de mais recursos”, nas palavras do porta-voz.
Por que isso importa?
A violência que atinge o noroeste da Nigéria forçou dezenas de milhares de pessoas a deixarem suas casas. Parte da população foge dos ataques dos “bandidos” e também da ação de grupos jihadistas como o Boko Haram. A violência se concentra sobretudo nos Estados de Sokoto, Zamfara e Katsina, mas já começa a se expandir para a região central do país.
Enquanto os jihadistas têm uma agenda ideológica muito clara, os “bandidos” agem somente por dinheiro e estão entre os maiores responsáveis pelos sequestros de jovens em idade escolar. As ações habitualmente ocorrem em instituições de ensino e visam grandes grupos de estudantes. O objetivo dos raptos é meramente financeiros, ou seja, receber o valor do resgate em troca da libertação das vítimas. As gangues também promovem invasões e saques em vilas, ações que têm aumentado ultimamente.
A violência no noroeste nigeriano aumentou nos últimos meses, e a OIM estima que houve cerca de 50 mil deslocamentos internos no país desde janeiro de 2020. Adicionalmente, 80 mil pessoas rumaram ao vizinho Níger nos últimos dois anos, situação que as agências de apoio à população temem gerar uma nova crise humanitária.