São pelo menos três nacionalidades diferentes que procuram abrigo da cidade: venezuelanos, cubanos e equatorianos.
Sem registrar aumento significativo nos últimos dias, a casa de passagem que fica em Assis Brasil, cidade no interior do Acre que faz fronteira com o Peru, tem mantido o fluxo de imigrantes, sem registrar aumento, nas últimas semanas.
Segundo a coordenação do local, desde o mês de setembro, a média de estrangeiros que tem entrado no município é de 35 pessoas. Os dados foram repassados ao g1 nessa segunda-feira (4).
São estrangeiros de pelo menos três nacionalidades diferentes que procuram o abrigo da cidade: venezuelanos, cubanos e equatorianos. Todos os dias chegam pessoas na cidade, porém, a coordenadora da casa, Jesiana dos Santos, fala que tem ocorrido uma rotatividade e eles ficam no local, no máximo, até três dias e muitos saem no mesmo dia após dar entrada na documentação.
“Como eles estão migrando do Peru, todos os dias está chegando gente e no final de semana sempre aumenta. Só que tem sido rotativo porque, eles chegam aqui, a maioria deles já tem destino, alguns chegam com passagem comprada. Aqui eles fazem busca pela primeira documentação e depois seguem para Epitaciolândia, onde pegam a carteira de refúgio deles na Polícia Federal”, diz.
A coordenadora explica que muitos também não ficam no abrigo porque se hospedam em hotéis da cidade. Jesiana afirma que o fluxo atual está normal.
“Aqueles que já chegam com passagem comprada, alguns chegam a dormir, mas outros seguem no mesmo dia. Continuamos dando assistência com a documentação, acolhimento, alimentação com três refeições diárias, assistência em caso de necessidade de ir ao médico”, pontua.
Em fevereiro desse ano, a Ponte da Integração, que liga Assis Brasil e Iñapari, no Peru, foi ocupada por mais de 300 imigrantes. Na época, a cidade acreana chegou a ter mais de 600 imigrantes.
Em agosto e setembro, o número de imigrantes voltou a aumentar depois de o Peru, mesmo fechando a passagem para a entrada de imigrantes, liberou a saída deles para o lado brasileiro, então, é uma porta de entrada para venezuelanos. Porém, eles não tem permanecido na cidade.
Crise migratória
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A situação dos imigrantes começou a ficar tensa no interior do Acre no dia 14 de fevereiro, quando eles deixaram os abrigos que ocupavam e se concentraram na Ponte da Integração. No dia 16, os estrangeiros enfrentaram a polícia peruana e invadiram a cidade de Iñapari, no lado peruano da fronteira. Depois de confronto, o grupo foi mandado de volta para Assis Brasil.
Os estrangeiros tentavam sair do Brasil usando o Acre como rota. A ponte já chegou a ser ocupada por pelo menos 300 imigrantes, na maioria haitianos. Mais de 130 caminhões chegaram a ficar retidos tanto do lado brasileiro como no peruano e o prejuízo é calculado em mais de R$ 600 mil.
A crise migratória resultou na visita do secretário Nacional de Assistência Social, do Ministério da Cidadania, Miguel Ângelo Gomes, que esteve no dia 19 de março em Assis Brasil para ver a situação.
Na época, Gomes chegou a se reunir com o governador da Província de Madre De Dios, Luis Guillermo Hidalgo Okimura, e o prefeito de Iñapari, Abraão Cardoso. Na conversa, segundo a Agência do Governo do Acre, as autoridades peruanas haviam informaram que o país avaliava uma forma de abrir a fronteira para liberar a passagem dos imigrantes.
Rotas
São duas situações que fizeram com que o número de imigrantes crescesse na cidade de Assis Brasil; a primeira, a de imigrantes que entraram no Brasil entre 2010 e 2016 em busca de uma vida melhor e, com a crise da pandemia, tentam sair do país para seguir viagem até México, Canadá, Estados Unidos e outros países.
A segunda é que o Peru, mesmo fechando a passagem para a entrada de imigrantes, libera a saída deles para o lado brasileiro, então, é uma porta de entrada para venezuelanos que buscam melhores em estados brasileiros.
Alguns dos imigrantes retidos no Acre também tentam uma rota alternativa para chegar na Bolívia e de lá seguir viagem.