CIA anuncia unidade especializada em China

Cia foca sobre a ameaça chinesa aos interesses norte-americanos - (crédito: Saul Loeb/AFP)

Em uma demonstração de que o regime de Xi Jinping se tornou o principal inimigo dos Estados Unidos, a Agência Central de Inteligência (CIA) anunciou a abertura de uma unidade dedicada exclusivamente à China. De acordo com William Burns, diretor da CIA, o Centro de Missão da China (CMC) abordará o “desafio global” representado pelo país asiático.


“O CMC fortalecerá ainda mais nosso trabalho coletivo sobre a mais importante ameaça geopolítica que enfrentamos no século 21, um governo chinês cada vez mais conflituoso”, declarou Burns. “Ao longo de nossa história, a CIA tem se esforçado para enfrentar qualquer desafio que surgisse. Agora, ao enfrentarmos nosso teste geopolítico mais difícil em uma nova era de grande rivalidade de poder, a CIA estará na vanguarda desse esforço.”


Bonnie Glaser, diretora do Programa Ásia do German Marshall Fund dos Estados Unidos (em Washington), explicou ao Correio que, nos últimos anos, a China foi identificada como o principal desafio estratégico do governo norte-americano. “Vejo o novo esforço da CIA, focado na tecnologia, como algo consistente com essa avaliação. A relação entre China e EUA está em evolução. Ainda há elementos dessa relação que se assemelham à Guerra Fria entre norte-americanos e soviéticos. No entanto, as diferenças são maiores do que as similitudes”, afirmou.


O governo do presidente Joe Biden tem encarado a China como o principal “competidor estratégico”. Em junho passado, o democrata montou uma força-tarefa para avaliar e responder aos desafios militares de Pequim. Ontem, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, assegurou que a União Europeia (UE) e os EUA concordam “cada vez mais” na linha de ação que devem tomar em relação à China.


Taiwan

O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, admitiu que os Estados Unidos estão “muito preocupados com as ações militares provocativas da China perto de Taiwan”. “A atividade é desestabilizadora. Há o risco de erro de cálculo, com potencial para minar a paz e a estabilidade regional. Portanto, instamos fortemente a China a deter sua pressão militar, diplomática e econômica, além da coerção dirigidas a Taiwan”, disse.


Para Fang-Yu Chen — professor de ciência política da Universidade Soochow, em Taipé, capital de Taiwan —, uma invasão da China à ilha é “provável” e “plausível”. “Pequim tem aprimorado sua capacidade militar e ameaçado o uso da força. Há várias estimativas sobre um ataque: cinco, seis ou 10 anos. Eu acho que é apenas uma questão de tempo. Como Xi Jinping alcançará o seu terceiro mandato como líder supremo, ele pode querer conquistar mais”, afirmou ao Correio.


O estudioso taiwanês disse que as forças da ilha capitalista têm se preparado para uma ofensiva chinesa. “A única incerteza está na possibilidade de um partido pró-China, como o Kuomintang (KMT), chegar ao poder em 2024. Dessa forma, o KMT pode pensar que assinar um acordo de paz com a China é prioridade”, comentou Chen. “Acho que os Estados Unidos podem não se envolver numa guerra hipotética, mas fornecerão suporte logístico e mobilização a aliados, como o Japão. Com o tempo, Washington entenderá que não é possível deter Pequim com diplomacia.”


“O Centro de Missão da China fortalecerá ainda mais nosso trabalho coletivo sobre a mais importante ameaça geopolítica que enfrentamos no século 21, um governo chinês cada vez mais conflituoso”
William Burns, diretor da Agência Central de Inteligência (CIA).


Compartilhar

Facebook
Twitter
WhatsApp
LinkedIn
posto village ezgif.com gif to avif converter

Últimas Notícias