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Por que é baixo o risco de tsunami no Brasil após vulcão ficar ativo nas Ilhas Canárias

Após dias sob observação atenta do público e de especialistas, entrou em erupção neste domingo (19/9) o vulcão Cumbre Vieja, de La Palma, nas Ilhas Canárias (Espanha), lançando lava pelo ar e forçando a retirada de moradores e animais próximos.
A erupção do vulcão havia despertado preocupação deste lado do Atlântico, sob temores de que a atividade vulcânica pudesse provocar tsunamis na costa brasileira.

Esse risco, porém, é extremamente remoto, segundo vêm explicando geólogos.


Pelo Facebook, a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que monitora esse tipo de atividade, destacou que, mesmo após o início da ação eruptiva em La Palma, “o risco para o Brasil segue muito baixo” e que não há nenhum alerta de tsunami.


A origem dessa preocupação, segundo o geólogo Marcelo Assumpção, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP e integrante da RSBR, vem de estudos de cerca de três décadas atrás, “quando foi publicado um trabalho de geólogos americanos sobre a possibilidade de um desabamento de uma parte da ilha (de La Palma) provocar um tsunami no Brasil”.

Mas mesmo na época, disse ele pelo Twitter da RSBR, “a conclusão foi de que era muito pequena a probabilidade de que o deslizamento fosse suficientemente grande para provocar um tsunami perigoso”. Para que um tsunami dessa origem chegasse ao Brasil, a atividade vulcânica teria de ser “excepcional para derrubar uma parte da ilha provocando um deslizamento gigantesco em direção ao mar”, agregou. Não é o caso até o momento.


Como informa a Agência Brasil, estudos do pesquisador americano George Pararas-Carayannis, presidente da Sociedade Internacional de Tsunamis, também apontam que esse risco de tsunami em regiões distantes das Ilhas Canárias tem sido, há anos, “imensamente exagerado”.


Segundo ele, “atenção e publicidade inapropriadas da mídia a tais resultados probabilísticos têm criado uma ansiedade desnecessária de que megatsunamis poderiam ser iminentes e devastar populações costeiras em localidades distantes da origem – nos oceanos Atlântico e Pacífico”.


Também pelo Twitter da RSBR, o coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Anderson Nascimento, afirmou que “a atividade vulcânica na região das Canárias é comum e monitorada” e o risco de ela ter algum desdobramento no litoral brasileiro era muito baixo.


Imagens feitas à noite na ilha espanhola mostram fontes de lava disparando pelo céu e escorrendo pelo vulcão, atingindo algumas casas pelo caminho. A população já havia sido orientada a abandonar o local – segundo o líder das Ilhas Canárias, Angel Victor Torres, cerca de 5 mil pessoas foram evacuadas e não havia nenhum relato de ferimentos provocados pelo vulcão.


“Não imaginamos que ninguém mais tenha de ser retirado. A lava está se movendo rumo à costa e o dano será material”, disse ele, segundo a agência Reuters. “Segundo os especialistas, há cerca de 17 a 20 milhões de metros cúbicos de lava”.


Apesar disso, a ilha de La Palma continuava a receber tráfego aéreo, e o premiê espanhol Pedro Sánchez visitou o local de avião neste domingo. “Temos os recursos (para lidar com a erupção), os cidadãos podem ficar tranquilos”, declarou ele, também segundo a Reuters.


Ainda não se sabe quanto tempo durará a erupção, informou Stavros Meletlidis, especialista do Instituto Geográfico Espanhol, acrescentando que a lava será medida diariamente.


La Palma estava sob alerta máximo depois de o Cumbre Vieja apresentar mais de 22 mil tremores no intervalo de uma semana. A última grande erupção ali havia ocorrido em 1971.


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