Um grupo de pelo menos 10 pessoas compareceu à delegacia da 4ª Regional em Rio Branco, na quarta-feira (1º), para fazer o boletim de ocorrência contra Leonardo da Silva. De acordo com o grupo, ele se aprestava como investidor financeiro prometendo alto retorno em lucros, mas, acabou sumindo sem dar satisfação. Ao G1, alguns integrantes revelam quantias altas dada a Silva.
O homem de 26 anos, suspeito de aplicar o golpe, se apresentava como investidor financeiro de uma empresa nacional e convencia as pessoas a fazerem os investimentos com a promessa que o lucro seria repassado em um período de seis meses com valores triplicados, segundo relato das vítimas.
O G1 tentou contato do Silva por telefone, mas o número está impossibilitado de receber chamadas. A reportagem também tentou contato por meio de uma rede social e de aplicativo de mensagem, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.
Três pessoas que caíram no suposto golpe disseram aoG1que confiaram no suspeito por ele ser conhecido, inclusive, alguns tem vínculo familiar e outros conheciam desde a infância. Em uma rede social, ele descreve no perfil que é investidor.
Uma enfermeira, que pede para não ter o nome divulgado, disse que investiu R$ 70 mil junto com o marido. Ela fez um boletim na última quarta-feira (1º), depois de o homem desaparecer na terça-feira (31), e afirma que pelo menos outras 50 pessoas teriam sido vítimas do estelionatário. A polícia não confirmou o número, mas diz que deve fazer um levantamento de todos os registros.
“Ele é uma pessoa que já trabalha com investimentos no Acre há alguns anos e fui apresentada a ele porque é da família do meu esposo. Como já fazia investimento com grandes empresários, ele tinha um resultado muito bom nos últimos 4 anos. Não sei como cai num negócio desses, mas ele veio pessoalmente, explicou e acabou nos persuadindo”, contou.
O G1 entrou em contato com um dos delegados da 4ª regional e ele informou que faria o levantamento dos registros das ocorrências, mas não quis comentar o caso. As vítimas não quiseram repassar o contato do pai do suspeito e disseram que ele está sofrendo ameaças.
“Como a gente conhecia o pai dele, que é uma pessoa de caráter e tinha investido com ele nesse mesmo lote, acabei investindo. Ele enganou o próprio pai. Nós íamos trabalhar com ele nessa corretora, eu meu esposo e o pai dele”, acrescentou a enfermeira.
Leonardo Silva teria desaparecido na terça-feira (1º) — Foto: Reprodução
Alto investimento
Segundo ela, algumas pessoas chegaram a investir valores de até R$ 500 mil e o golpe pode ser milionário. Outra vítima do corretor é um servidor público, de 38 anos, que investiu R$ 30 mil. Ele também pediu para não ser identificado. Todos os contratos desse grupo foram assinados em outubro de 2020 e o pagamento deveria ter sido feito em abril deste ano.
“Ele fez uma proposta de investimento, com retorno para seis meses, assinamos o contrato em cartório, e venceu no dia 6 de abril deste ano, mas quando chegou a data, ele não fez o pagamento e disse que teve alguns problemas na plataforma, questões burocráticas e pediu mais uns dias e foi vencendo e ele dizia que tinha extrapolado o limite de pessoa física por causa do pagamento de outros lotes e que estava abrindo uma conta jurídica, que seria aberta uma filial da empresa em Rio Branco”, contou.
O tempo passou e quatro meses depois os investidores não receberam os pagamentos, até que ele desapareceu nessa semana. Ainda conforme os denunciantes, o suspeito levava uma vida de luxo, comprava celulares caros, participava de muitas festas, tinha vários carros, fazia viagens e dizia até que tinha um avião.
“Ele falsificou e-mails, documentos, assinaturas e mandou pra gente. Todas as pessoas envolvidas, essas 10, são todas do mesmo ciclo, pessoas próximas. Sou amigo da família dele e o conheço desde quando era criança, então, pensei que ele jamais faria isso com a gente. Era uma pessoa bem articulada e por isso conseguiu enganar tanta gente. E fomos informados na delegacia que outras pessoas fizeram denúncia”, completou.
Outra vítima investiu R$ 15 mil. Também servidora pública pediu para que a identidade não fosse revelada e fez o investimento no mesmo lote dos outros dois denunciantes. A promessa é que o lucro seria de R$ 90 mil que seria devolvido em seis meses.
“Conforme ele fazia parte de um lote que ele tinha no momento e entrei com um só, com a promessa de resgate em seis meses. Entrei porque são pessoas conhecidas de muito tempo. Não vi indício de que pudesse ser uma fraude”, lamentou.