Tratar a água de uma forma mais saudável, com um custo mais em conta e ainda preservar a natureza. Foi pensando nisso que o engenheiro civil recém formado Maurício da Silva Souza, de 25 anos, desenvolveu como projeto de conclusão de curso um filtro de carvão ativado usando como matéria-prima sementes de açaí.
O projeto continua em desenvolvimento na Universidade Federal do Acre (Ufac). Ele diz que um dos principais objetivos do filtro é levar água potável a comunidades mais isoladas que não têm água tratada.
De acordo com o engenheiro, as sementes são transformadas em carvão ativado junto com outros materiais, como cascalhos de areia, que conseguem filtrar a água e dar a ela condições para o consumo humano.
Filtro se mostrou eficaz, melhorando a qualidade da água — Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre
O filtro desenvolvido por Souza se mostrou eficaz, melhorando a qualidade da água. Ele conseguiu produzir um material de baixo custo e que pode melhorar a qualidade de vida da população, principalmente as que vivem em regiões isoladas.
Souza afirma que o carvão ativado é um material que tem capacidade de coletar seletivamente gases, líquidos e impurezas e apresenta um excelente poder de clarificação, desodorização e purificação da água.
Ele fala que o carvão ativado é uma forma de carbono puro e que apresenta propriedades como remoção de impurezas dissolvidas em solução e que pode ser usado em pó ou granulado, dependendo de como vai ser utilizado.
“O carvão ativado pode ser usado no tratamento de água em filtro de areia como camada complementar. É uma alternativa para evitar o descarte de resíduos, transformando o lixo em matéria prima.”
Sobre usar as sementes de açaí como matéria-prima, o engenheiro diz que a ideia é dar um melhor destino à matéria orgânica, através da produção de carvão em estufa por queima controlada.
Secagem do carvão ativado ao ar livre — Foto: Reprodução
Matéria-prima encontrada no Acre
O engenheiro explica ainda que a ideia de criar o filtro veio para desenvolver um produto com matéria-prima encontrada no estado e que não precisasse ser trazida de outras localidades.
“A Funasa desenvolveu um filtro para comunidades isoladas utilizando zeólitas, que é um tipo de pedra extremamente porosa, porém, ela é extraída do nordeste e o valor é caro. Quando vi esse protótipo, pensei: ‘Será que consigo fazer um filtro com materiais 100% do Acre? Então, comecei a pesquisar na alguns meios de filtrar a água, nisso, as sementes foram a matéria-prima utilizada para a produção do carvão”, falou.
Engenheiro civil recém formado Maurício da Silva Souza, de 25 anos, ao lado do forno para carbonização — Foto: Reprodução
O pesquisador diz que assim seria mais fácil e mais barato para o estado conseguir levar seu projeto adiante.
“O Acre não é o maior produtor de açaí, mas tem uma produção muito grande, a única dificuldade de produzir o açaí aqui é porque a grande quantidade do produto é encontrada em Feijó e para trazer esse material para Rio Branco ele acaba estragando. Se tiver uma unidade de produção de polpa de açaí em Tarauacá o açaí pode ser produzido e congelado. Assim poderíamos ter uma produção bem maior do que temos hoje. Por isso que a gente não consegue ser um grande produtor de açaí. Ainda assim, a gente tem um a boa produção e não precisamos mais pedir esse carvão ativado de fora”, acrescenta.
O engenheiro fala que o carvão ativado tem muitas utilidades, mas que no caso do projeto dele a principal seria para a filtragem da água.