A Polícia Civil prendeu mais três pessoas suspeitas de participarem da morte do adolescente José Evlair Felix de Araújo, de 14 anos, achado em uma cova rasa, na cidade de Feijó, no interior do Acre, em agosto deste ano.
Com mais três prisões, sobe para oito o número de suspeitos do crime. A Polícia Civil diz que o adolescente foi entregue ao “tribunal do crime” pela tia e madrasta.
Os três suspeitos foram presos na sexta-feira (17) e um deles tem 18 anos e outros dois, 20. O delegado responsável pelo caso, Railson Ferreira disse que as prisões foram decretadas após as investigações. Todos os presos foram indiciados e respondem pelos crimes de homicídio qualificado, organização criminosa e ocultação de cadáver.
“A investigação não está perto de terminar, porque tem várias pessoas envolvidas. Essas três pessoas não participaram da execução, mas levaram o adolescente para o local onde foi morto”, esclarece.
Uma das linhas de investigação é de que o adolescente teria estuprado a prima de apenas cinco anos e, com isso, a mãe da criança – tia dele- teria o levado ao “tribunal do crime”. Ainda segundo a polícia, a madrasta que conviveu com ele por 12 anos foi quem o entregou para que a facção o executasse.
O delegado disse que o exame de conjunção carnal ainda não foi feito na menina porque ela está muito abalada e não havia conseguido fazer o procedimento.
“A menina está muito nervosa, se treme muito quando toca no assunto e eu não posso revitimizá-la. Ficamos de tentar mais uma vez após 50 dias, mas só se ela conseguir. O laudo seria importante para entendermos a motivação do crime, mas não temos que ver se a criança vai ter condições de fazer esse tipo de exame”, esclarece.
O crime
Cinco pessoas foram presas em flagrante por envolvimento na morte do adolescente na cidade de Feijó. O corpo do adolescente foi achado no dia 22 de agosto enterrado em uma cova rasa, em uma área de mata no Ramal do Quinôr, em Feijó, e coberto por palhas.
Conforme informações da Polícia Civil, a suspeita inicial é de que o menor tenha sido morto por vingança, após supostamente ter cometido um estupro contra a prima de cinco anos. A polícia duvida da versão de estupro e pediu exame de conjunção carnal para comprovar.
“Acredito que a própria tia planejou isso, criou o cenário para matar o próprio sobrinho. A tia pediu a cabeça pro tribunal e a madrasta levou ele pra facção,” disse o delegado na época.
A investigação aponta que, antes de ser morto, o adolescente foi levado a vários locais, dentro e fora do perímetro urbano e durante sua execução foi torturado.
“Ele estava muito lesionado, já em estado de putrefação, foi possível verificar que as partes íntimas estavam muito inchadas. Enterraram em cova rasa, movimentaram esse menor por quilômetros pela cidade, sábado [21] à noite tiraram de uma cova e colocaram em outra”, explicou o delegado.
‘Tia diabólica’
Segundo a polícia, a própria tia, conhecida por ‘Professora do Crime’, já tinha mandado disciplinar o irmão, que é pai do adolescente, há três meses.
“Mulher bem diabólica”, disse.
Foram presos: a tia de 28 anos, classificada pela polícia como “professora do crime” e responsável pela disciplina dentro da organização; outra de 32 anos, a Bibi Perigosa, e três homens de 26, 31 e 19 anos.
Ainda de acordo com a polícia, todos têm passagem pela polícia e fazem parte de uma mesma organização criminosa que age na região.
Os crimes cometidos pelos presos vão desde de organização criminosa, ocultação de cadáver, homicídio qualificado por motivo torpe e formação de quadrilha.