Idosa de 75 anos sofreu AVC e ficou três dias no corredor do Pronto-socorro da capital por falta de leitos em setor de observação adulto. Outro transtorno é que uma das salas passava por reforma e pacientes ficaram em meio à poeira e cheiro forte de pintura.
Pacientes do Pronto Socorro de Rio Branco estão pelos corredores da unidade por falta de leitos no setor de observação adulta. A jornalista Kátia Oliveira, que estava com a mãe de 75 anos internada no hospital, denunciou a superlotação e descaso com os pacientes no maior hospital de urgência e emergência do Acre.
A idosa teve um segundo AVC na última segunda-feira (20) e foi levada ao hospital pelo Serviço de Atedimento Móvel de Urgência (Samu). Inicialmente, ela foi levada à sala de emergência e depois precisou ficar no setor de observação. No entanto, sem leito, a maca dela foi colocada junto com outros pacientes no corredor.
Ao g1, a diretora do PS, Carolina Pinho, informou que o setor de observação adulta é um local “dinâmico”, que recebe muitos pacientes pela parte da noite e manhã, mas que à tarde, a situação é normalizada após os atendimentos e encaminhamentos.
A filha relata que durante os três dias que a mãe ficou internada, ela viu de tudo passar ao lado de sua maca, entre pacientes vítimas de acidentes, de tentativas de homicídio e até cadáveres, o que deixou a idosa ainda mais agitada.
“Estava lotado, lá dentro do setor realmente não tinha como colocar mais ninguém. Os acompanhantes estavam dormindo no chão, porque não tem uma cadeira para sentar, as cadeiras que têm lá se tornaram leitos. Ficamos nessa situação até quinta [23]. Minha mãe não tinha condições de se recuperar ali naquela situação. A pressão estava o tempo todo variando. Disseram que não tinha vaga nem no hospital do idoso, nem no Santa Juliana, aí depois que comecei a reclamar, deram alta pra ela. Mas, não houve nenhum encaminhamento para outros procedimentos”, reclamou.
Obra ao lado de pacientes
Para piorar a situação, uma das salas ao lado do corredor que a idosa e outros pacientes estavam, passava por reforma e, segundo a jornalista, ficou durante toda a terça-feira (21) sendo lixada para pintura. O pó invadiu o local e, segundo Kátia, até os funcionários estavam reclamando dos transtornos.
“Passamos por tudo isso. A vigilância foi lá, mas só viu o que estava vencido, não falou nada de estarem lixando parede com idoso doente ao lado. Um banheiro em péssimo estado para atender homens, mulheres e acompanhantes. Em plena pandemia, não tem distanciamento, não tem condições nem do pessoal da limpeza fazer um serviço decente”, disse Kátia.
Sobre a reforma, a diretora informou que a sala de raio-X estava com muita infiltração e precisava passar por reparos. Segundo ela, o hospital não tem espaço para fechar a ala enquanto passa por reforma. Nesse caso, não teria para onde transferir os pacientes.
“Nessa quinta (23), o setor de observação realmente estava cheio, com 35 pacientes, acaba ficando paciente no corredor, mas no final da tarde, nós estávamos com 15 pacientes. Sobre a reforma, o PS é um prédio antigo e a gente precisa fazer manutenção. O local onde ela estava realmente não é habitual de ter paciente, aconteceu que tinha paciente demais e ela acabou indo para um local onde não costuma ter paciente e aí estamos terminando de pintar a sala de raio-x. Não temos como fechar a ala para reformar e deixar os pacientes em outra, então infelizmente isso acaba acontecendo. Mas, por mais lotado que a gente esteja, nenhum paciente ficou sem comer, sem lençol limpo ou sem assistência médica”, disse a diretora.