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Família realiza campanha sobre os riscos do consumo de álcool na gestação

“Toma que ajuda a produzir leite”. “Eu tomei e meus filhos nasceram saudáveis”. Certamente, você já ouviu alguém reproduzindo uma dessas frases para uma gestante. O fato é que a ingestão de bebidas alcoólicas durante a gestação é um risco para que o bebê desenvolva a Síndrome Alcoólica Fetal (SAF), que causa desde deficiências físicas a distúrbios de neurodesenvolvimento.
Os pais da pequena Ana Victória, onze anos, Cleisa Brasil e Cleiver Lima, a adotaram quando ela tinha, apenas, noves meses de nascida, e desde que fecharam o diagnóstico da filha fazem campanhas para alertar mães, que pretendem engravidar ou já estão grávidas, sobre o perigo do consumo de bebidas alcoólicas para o bebê.

Foto: Arquivo da família


“Fechamos o diagnóstico quando ela tinha, aproximadamente, três anos de idade, até então não fazíamos ideia do que era a SAF. Por conta da convivência com a Ana Victória, buscando tratamento e acompanhamento médico foi que conhecemos um pouco mais sobre a síndrome. Até que chegou um momento, em 2017, que o meu marido e eu pensamos que não poderíamos mais guardar essas informações só pra gente. E a partir de então começamos a fazer campanhas e tivemos vários parceiros”, conta Cleisa.
Os sintomas da SAF são: prematuridade, atraso no crescimento pré e pós-natal, baixo peso ao nascer, microcefalia, deformação facial (queixo retraído, olhos de menor tamanho, queda da pálpebra superior, lábio superior fino), deformidades do esqueleto e dos membros, malformações em órgãos como coração e rins, distúrbio de visão, má coordenação, má-nutrição, perda de audição, baixo desempenho escolar, problemas na fala, fenda palatina ou labial.
Este ano, a família está realizando uma campanha com três eixos, o primeiro de informação para a população em geral, onde divulgam vídeos sobre a síndrome em suas redes sociais. O segundo é buscar parceiros, geralmente universidades, para realizarem palestras para os acadêmicos da área de saúde. E o terceiro de políticas públicas, que visa provocar a elaboração de projetos voltados para a SAF.
“O foco da nossa campanha são as crianças, as mães, tanto as de adoção como as biológicas, pois muitas nunca ouviram falar nos efeitos do álcool sobre o feto, e as jovens. A gente precisa abrir os olhos da sociedade que existe o jovem que é portador da SAF e ele não tem a noção concreta do que está fazendo. A SAF faz parte do Transtorno do Espectro Alcoólico Fetal (TEAF), se a criança nasce com ela tem características faciais específicas, como é o caso da minha filha, como se fosse um estágio mais grave do TEAF. Mas existem crianças que não nascem com características físicas faciais e isso dificulta mais o diagnóstico e essas crianças têm dificuldade de aprendizagem, socialização, compreensão e regras. Elas são impulsivas, quando não tratadas são agressivas, então temos crianças e jovens nessa condição e os jovens que apresentam esse tipo de comportamento não são aceitos na sociedade. Por isso, nosso foco nesses três entes”.
A mãe relata que se preocupa com os dados sobre o aumento do consumo de álcool pelos brasileiros acima de 18 anos. De acordo com o IBGE, aumentou de 13,7%, em 2013, para 17,1%, em 2019. “Está tendo um aumento no consumo abusivo de álcool entre as mulheres, isso são dados da pesquisa Vigitel, temos uma média de 5,08% ao ano, entre mulheres de 18 a 34 anos, entre 2010 e 2019, que passaram a beber. Eles chamam de ‘beber pesado episódio’, que é aquela bebedeira de porre, que a pessoa não sabe nem onde está”.
Cleisa alerta, também, para outra preocupação é o consumo de bebida alcoólica entre meninas de 13 a 15 anos de idade, que é maior do que entre os meninos na mesma faixa etária. “Isso tudo é preocupante, pois estamos falando da saúde da mulher, da criança e da adolescente que está tendo uma vida sexual cada vez mais cedo e isso tudo acaba resultando nessa problemática social, que é gravíssima. Temos mais jovens com crianças com a síndrome, que não conseguem diagnosticar, que não tem suporte familiar e financeiro suficiente para dar o tratamento adequado para a criança. E uma vez que os profissionais desconhecem a síndrome a gente tem dificuldade de inserir essa criança na rede pública de saúde”.

Imagem: Divulgação


Esse ano, a família está promovendo algumas ações como a de hoje, 9, que participaram de uma tribuna popular, na câmara de vereadores de Rio Branco, onde falaram para o parlamento mirim sobre a síndrome e agradeceram pela aprovação da Lei Nº 2.275, de 10 de Janeiro de 2018, que dispõe sobre as diretrizes para a conscientização sobre a SAF.
Além disso, a família estará mobilizando as redes sociais com divulgação de lives com profissionais da área de saúde, direito e educação onde será discutido os aspectos relativos SAF e as pessoas que a possuem.
 
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