Pela primeira vez, a Eurocopa foi disputada em uma dúzia de sedes diferentes. A ideia do ex-jogador e ex-cartola Michel Platini era espalhar a festa por todo o continente.
Esse modelo trouxe um frescor à Euro 2020, mas também aumentou o desequilíbrio entre os times, no que toca ao deslocamento.
A Itália, por exemplo, precisou viajar muito mais que sua rival na final, a Inglaterra, que saiu de Londres apenas uma vez em toda a competição.
Os favoritos de sempre
Toda edição da Eurocopa começa com alguns favoritos de carteirinha. Alemanha, França, Espanha, Itália. Faz sentido, porque juntos esses times ganharam dez das dezesseis edições do torneio.
Outas seleções sempre aparecem como boas possibilidades, ou pela tradição, ou pelo histórico recente. Portugal defendia o título. Os Países Baixos já ganharam uma edição. Inglaterra… bem, a Inglaterra inventou o jogo.
Brincadeiras à parte, a verdade é que o favoritismo de uma equipe não surge do nada. Há inúmeras análises prévias, estudos e projeções que permitem antever uma tendência.
Se quiser ter uma ideia de quem está em alta, basta acessar um site de apostas esportivas. Mas, lembre-se, futebol nunca é uma ciência exata.
Por isso que, a cada edição, vemos surgirem as surpresas. A Grécia de 2004. A Islândia de 2016. Ou, indo mais longe, a Tchecoslováquia de 1976.
Nem sempre ganham, mas surpreendem, e acabam limando algum favorito no caminho.
As zebras da vez
Na Euro 2020, tivemos três gratas surpresas. A Suíça eliminou a poderosa França, fazendo o que faz melhor: boa marcação e contra-ataques com jogo coletivo sólido. Até por isso os helvéticos tiveram o maior garçom do torneio – Zuber, com quatro assistências. Não espere goleadas da Suíça, mas sim um futebol eficiente.
A República Tcheca foi outra zebra. Seguiu o roteiro de chegar de mansinho e ir em frente, até que topou com outra surpresa, a Dinamarca. Os tchecos, se não ganharam a copa, ao menos tiveram o gostinho de ter o artilheiro do torneio, Patrick Schick, que empatou com Cristiano Ronaldo, cada um com cinco gols. Mas um dos de Schick foi do meio de campo, então deveria valer dois. Ao gajo, resta a alegria de agora ser o maior artilheiro das Eurocopas junto com Platini – o ex-jogador e ex-cartola.
A Dinamarca chegou até a semifinal e só perdeu a vaga por um pênalti discutível na prorrogação. A história do time nórdico ganha ainda mais emoção por tudo que aconteceu na primeira partida, disputada contra a Finlândia.
Aos 42 minutos do primeiro tempo, a estrela do elenco, o atacante Eriksen, caiu no gramado com um mal súbito. Após um atendimento de emergência em campo, foi levado ao hospital e, por vários minutos, todos no estádio temeram o pior.
Felizmente o jogador se recuperou, a equipe seguiu em frente e terminou em quarto lugar. Essa sim, foi a maior surpresa da Eurocopa, em todos os sentidos.
A Azzurra voltou
Por fim, não podemos deixar de exaltar a Itália, berço do renascimento… do futebol ofensivo. Depois de anos sombrios, a Azzurra abandonou o futebol defensivista que a tirou da última Copa do Mundo e investiu em inúmeras novas caras. Chiesa, Spinazzola, Locatelli, Cristante, Berardi… vários deles jogadores de times médios ou pequenos da Serie A italiana, escolhidos a dedo pelo competente técnico Roberto Mancini.
Enquanto os outros favoritos usuais jogaram preocupados em marcar e fechar os espaços, os italianos se preocuparam em fazer gols. Funcionou muito bem.
Quando a atitude agressiva não trouxe a vitória, a Itália pôde contar com um grande goleiro – literalmente. Com 1,96m, Donnarumma defendeu três pênaltis na competição, sendo dois na grande final contra os ingleses. Foi o bastante para se tornar o melhor jogador do torneio e dar à Itália seu segundo título continental.
O Qatar é logo ali
Por fim, Eurocopa é sempre uma prévia do que se pode esperar da Copa do Mundo. Talvez o sucesso italiano mude alguns pontos de vista, e outras seleções decidam jogar para frente. Seria uma ótima notícia para todos que gostam de um futebol bem jogado.