Com a educação brasileira na maior crise da história e diante de uma geração de crianças e jovens assolada, na pandemia, pelo fechamento de escolas que pode chegar perto de dois anos em algumas regiões, o governo federal preocupa-se em criar um tribunal ideológico do Enem para vetar questões que atentem contra “valores morais e éticos”.
O plano do Ministério da Educação (MEC), revelado pelo repórter Paulo Saldaña, desta Folha, está sendo questionado pelo Ministério Público Federal e pela Câmara. Se essa “comissão” for mesmo criada, irá apenas oficializar a censura que já paira sobre o exame —assim como em diversas áreas da educação e da cultura na gestão Bolsonaro.
O ministro da Educação, o pastor Milton Ribeiro, já havia declarado a intenção de conferir pessoalmente as questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que seleciona candidatos para universidades. O presidente Jair Bolsonaro, logo que eleito, afirmou que as perguntas seriam fiscalizadas por ele com antecedência. Desde então, estão proibidas questões de gênero e sobre a ditadura militar —“até porque nunca houve ditadura”, conforme disse o presidente ao comentar o sumiço desse tema.
O MEC deixou escapar, no último exame, uma pergunta sobre a diferença salarial entre Neymar e Marta, que Bolsonaro chamou de “absurda” e “ridícula” e afirmou que fazia parte de um banco de questões deixadas pelo governo anterior. O Enem é elaborado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), vinculado ao MEC. De acordo com a portaria que cria o tribunal ideológico, ainda não assinada, o presidente do instituto terá o poder de escolher uma comissão para barrar “questões subjetivas” e que afrontem “valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade”. O Inep é atualmente presidido por Danilo Dupas Ribeiro, que, quando o ministro disse que iria conferir as questões, afirmou que ele tinha esse direito.
Diante disso, a coluna submete aos censores informais do MEC, ou ao tribunal que poderá tirá-los do armário, 20 sugestões de temas de redação para o próximo Enem. Todos relacionados à atualidade, nada subjetivos e condizentes com valores morais.
1) O avanço de governos autoritários no mundo
2) Fake news em campanhas eleitorais e a serviço de governos
3) O significado da volta dos militares ao centro do poder
4) A importância das eleições para a alternância no poder
5) “E daí?”: a reação oficial diante da morte de brasileiros por Covid-19
6) Caem as máscaras: os esquemas de corrupção na pandemia
7) Milícias, política e a perpetuação da violência
8) Racismo e homofobia no discurso e na ação política
9) O incêndio na Cinemateca: a cultura nacional em cinzas
10) Apagão no CNPq: a política que deleta a ciência
11) A perseguição a professores universitários
12) A liberdade de imprensa como alicerce da democracia
13) Misoginia: por que as jornalistas mulheres são tão atacadas por governantes
14) A importância de Olavo de Carvalho na pensamento universal
15) A fome no Brasil e a sobra de comida para os pobres
16) O equilíbrio entre os três Poderes em democracias robustas
17) BBB: a bancada da bala, da Bíblia e do boi
18) Estado laico e ministros “terrivelmente evangélicos”
19) Mitos: como se constroem os Odoricos Paraguaçus da vida real
20) Tribunais ideológicos: o controle da educação como arma de manutenção de poder
O MEC deixou escapar, no último exame, uma pergunta sobre a diferença salarial entre Neymar e Marta, que Bolsonaro chamou de “absurda” e “ridícula” e afirmou que fazia parte de um banco de questões deixadas pelo governo anterior. O Enem é elaborado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), vinculado ao MEC. De acordo com a portaria que cria o tribunal ideológico, ainda não assinada, o presidente do instituto terá o poder de escolher uma comissão para barrar “questões subjetivas” e que afrontem “valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade”. O Inep é atualmente presidido por Danilo Dupas Ribeiro, que, quando o ministro disse que iria conferir as questões, afirmou que ele tinha esse direito.
Diante disso, a coluna submete aos censores informais do MEC, ou ao tribunal que poderá tirá-los do armário, 20 sugestões de temas de redação para o próximo Enem. Todos relacionados à atualidade, nada subjetivos e condizentes com valores morais.
1) O avanço de governos autoritários no mundo
2) Fake news em campanhas eleitorais e a serviço de governos
3) O significado da volta dos militares ao centro do poder
4) A importância das eleições para a alternância no poder
5) “E daí?”: a reação oficial diante da morte de brasileiros por Covid-19
6) Caem as máscaras: os esquemas de corrupção na pandemia
7) Milícias, política e a perpetuação da violência
8) Racismo e homofobia no discurso e na ação política
9) O incêndio na Cinemateca: a cultura nacional em cinzas
10) Apagão no CNPq: a política que deleta a ciência
11) A perseguição a professores universitários
12) A liberdade de imprensa como alicerce da democracia
13) Misoginia: por que as jornalistas mulheres são tão atacadas por governantes
14) A importância de Olavo de Carvalho na pensamento universal
15) A fome no Brasil e a sobra de comida para os pobres
16) O equilíbrio entre os três Poderes em democracias robustas
17) BBB: a bancada da bala, da Bíblia e do boi
18) Estado laico e ministros “terrivelmente evangélicos”
19) Mitos: como se constroem os Odoricos Paraguaçus da vida real
20) Tribunais ideológicos: o controle da educação como arma de manutenção de poder