Em entrevista à rádio Aparecida, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) falou sobre a rejeição da PEC do voto impresso (Proposta de Emenda à Constituição 135/19) pelo plenário da Câmara dos Deputados.
Lula criticou a defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre o tema, que ele classificou como “tentar trazer de volta o tempo dos dinossauros”.
“O próprio presidente Bolsonaro e sua família sempre foram eleitos pelo voto eletrônico e nunca reclamaram. A única eleição que houve fraude foi a dele porque foi mentirosa com base em milhões de fake news”, disse.
“Sou favorável ao voto eletrônico porque não sei se não fosse isso eu teria um dia sido presidente da República nesse país”, completou.
Para Lula, o Congresso Nacional tomou a posição correta em tentar encerrar o debate sobre o voto impresso no Brasil, apesar do projeto receber 229 votos favoráveis. O número, segundo o petista, exemplifica o conservadorismo do Parlamento.
“Nós temos possivelmente o Congresso mais conservador desde a Proclamação da República. Um Congresso que tem muitos militares, muito ex-sargento, ex-cabo, ex-coronel que defendem liberar arma pra todo mundo e não acredita na educação”, afirmou. “Mas mesmo partidos que têm ministros não votaram totalmente favorável ao governo.”
Auxílio Brasil
O ex-presidente Lula também falou sobre o Auxílio Brasil, benefício social que substituirá o Bolsa Família. Na segunda-feira (9), Bolsonaro entregou ao Congresso a Medida Provisória que cria o programa.
Na avaliação do petista, a alteração do nome de uma das marcas do partido não é um problema, e sim o objetivo do governo federal com o anúncio.
“Bolsonaro tentar fazer um programa pensando apenas nas eleições é pobre, mas, de qualquer forma, quanto mais dinheiro no bolso do povo pobre melhor”, disse Lula.
Sobre a possibilidade de enfrentar Bolsonaro nas eleições de 2022, Lula disse que a candidatura dele ainda não foi definida nem confirmada pelo PT.
“Eu não disse que sou candidato, disse que tenho disposição de disputar as eleições, se for o caso. Mas as pessoas têm que entender que, se formos candidatos, será para ganhar as eleições.”