Duas empresas “laranjas”, em Campo Grande, foram alvos da Operação Tríade, deflagrada pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, nesta terça-feira (10).
De acordo com o delegado responsável, Cristiano Ritta, a organização criminosa já lavou R$ 78 milhões para o tráfico de drogas, sendo R$ 50 milhões por duas pessoas na capital.
Em Campo Grande, as equipes do Rio Grande do Sul, com apoio do departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), foram aos locais, que seriam as empresas responsáveis por movimentar o montante milionário, e encontraram um terreno baldio e uma mecânica, usados como fachada.
Durante as investigações, a polícia do Rio Grande do Sul identificou que o suposto contador da organização criminosa é funcionário público, em Campo Grande. Só este homem, de acordo com a polícia, teria lavado R$ 35 milhões para continuar abastecendo o tráfico de entorpecentes no Brasil e no Uruguai.
Além do funcionário público, uma mulher, que trabalha em uma empresa de limpeza, movimentou mais de R$ 15 milhões na conta bancária da sua pessoa jurídica.
O G1 entrou em contato com a Prefeitura de Campo Grande a fim de receber informações do suspeito, que é funcionário público, mas até a publicação desta reportagem não recebeu retorno.
A operação
Intitulada de “Operação Tríade”, a polícia do Rio Grande do Sul deflagrou nesta terça (10) a ação para cumprir 120 ordens judicias de busca e apreensão, bloqueio de contas bancárias e sequestro de bens e valores nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
De acordo com o delegado Cristiano Ritta, o alvo da operação é desmantelar uma organização criminosa, com sede em Bagé (RS), na fronteira da cidade gaúcha com o Uruguai, que possui um complexo sistema de lavagem de dinheiro.
A organização criminosa, segundo o delegado da cidade gaúcha, tem como objetivo abastecer o tráfico de entorpecentes nos dois países e promover a lavagem de dinheiro a partir de centenas de operações ao redor do Brasil, com ramificações criminosas em São Paulo e no Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul.
As investigações
O delegado Cristiano Ritta explicou ao G1 que as investigações começaram no ano passado, quando a delegacia de Bagé apreendeu uma grande quantidade de cocaína e encontrou notas fiscais associadas as empresas “laranjas”, que seriam localizadas em Campo Grande.
“O esquema criminoso investigado foi descoberto a partir da apreensão se centenas de comprovantes de depósitos bancários realizados em cidades da fronteira, cujo destino eram contas bancárias de empresas e pessoas em diversas cidades do país, especialmente nos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul”, detalhou Ritta.
O delegado explicou que os criminosos utilizavam os cartões bancários das empresas “laranjas”‘ para gerenciar o sistema de recebimento de dinheiro e contabilidade do tráfico de drogas.
O delegado afirmou que todas as contas bancárias identificadas foram bloqueadas e o grupo responderá por tráfico de drogas, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e organização criminosa. “Mais de 100 indivíduos serão responsabilizados pelo crime de lavagem de dinheiro”.
“O próximo passo é finalizar esta fase da operação e encaminhar para o Poder Judiciário para que o Ministério Público ofereça a denúncia”, finalizou Cristiano Ritta.