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Pacientes com diabetes no Acre continuam sem insulina de ação rápida fornecida pelo Estado

A falta de insulina no Centro de Referência de Medicamentos Especiais (Creme) da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) tem obrigado dezenas de pais de pacientes com diabetes a pagar pelo medicamento ou buscar doações.


Já são quase três meses sem a medicação e a preocupação dos pais só aumenta, porque não há sequer previsão da chegada da insulina no estado.


No último dia 24 de junho, o chefe departamento de Assistência Farmacêutica da Sesacre, Rachid Amin, tinha informado que o medicamento é fornecido pelo Ministério da Saúde e que tinha previsão de regularização até o dia 30 de junho o abastecimento. No entanto, nesta segunda-feira (12), ele confirmou que ainda não recebeu as insulinas e afirmou que não há mais uma previsão.


A universitária Débora Motta, que é mãe da pequena Mariana Motta Mastub, de 8 anos, que faz uso diário de insulina, enviou ao G1um print de uma conversa com o Creme que mostra várias tentativas de buscar a medicação e é informada que não há previsão para regularização da situação.


Em conversa com o setor de farmácia da Sesacre, família foi informada que não tem previsão de chegada de insulinas  — Foto: Arquivo pessoal

Em conversa com o setor de farmácia da Sesacre, família foi informada que não tem previsão de chegada de insulinas — Foto: Arquivo pessoal


“Não chegou e está todo mundo desesperado. Não é possível isso, tinham dito que estava sendo regularizado. Ganhei uma insulina e foi o que me ajudou, porque eu não tinha mais, e tem muitos pais nessa mesma situação”, disse Débora.


A filha da universitária foi diagnosticada com diabetes tipo 1 em agosto de 2019 e, desde então, precisa fazer o uso diário da insulina após cada refeição.


Em janeiro deste ano, os familiares chegaram a relatar que a medicação estava em falta no estado e que as últimas distribuídas estavam perto de vencer.


A insulina de ação rápida é comprada e distribuída de graça pelo Ministério da Saúde para pacientes cadastrados. A medicação geralmente é usada por pacientes com diabetes tipo 1, quando o pâncreas para de produzir o hormônio.


Nesse caso, a caneta de insulina é necessária para manter os níveis de glicose estáveis depois da ingestão de alimentos. Por isso, é aplicada antes das refeições, e faz efeito em torno de meia hora.


Ao menos 70 pais de crianças com diabetes no Acre fazem parte do grupo “Família Doce” e estão na mesma situação. Fora os demais pacientes que precisam da insulina.


Uma caneta de insulina custa em média R$ 98 em farmácias de Rio Branco, sendo que a maioria dos casos usa duas por mês, além das outras medicações.


Especialista alerta

Em entrevista ao G1publicada em janeiro deste ano, quando a medicação também estava em falta no estado, a médica especialista em endocrinologia pediátrica, Catarina de Oliveira Souza, que acompanha a maioria das crianças em tratamento da diabetes em Rio Branco, alertou sobre os riscos, caso os pacientes fiquem sem a insulina.


Ela explicou que sem a insulina, que é usada para controlar os níveis de açúcar no sangue, esses pacientes podem ter complicações sérias e até ir a óbito.


“Elas não têm como ficar sem insulina, é impossível, não tem medicamento para substituir. Então, infelizmente é um prejuízo muito grande. Essa medicação controla os níveis de glicemia, então quando comem precisam tomar, quando acordam também, se não comer tem que tomar. Se eles não fazem uso da insulina, eles entram para o quadro que a gente chama de cetoacidose diabética, que é a forma mais grave da diabetes e pode, inclusive, levar a óbito. Então, é muito importante”, afirmou a médica.


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