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Major suspeito de bater na ex e na sogra é investigado por abusar de adolescente no Acre; ele nega

O comandante da 3ª companhia do 5º Batalhão da Polícia Militar em Assis Brasil, no interior do AC, major Moisés Araújo, preso no último dia 9 por agredir a ex-mulher e a sogra em Brasileia, também é investigado por abusar sexualmente de uma adolescente de 13 anos.


A denúncia do abuso foi feita pela família da vítima no início do mês de junho, no mesmo dia em que o major foi preso por violência doméstica. Os abusos teriam ocorrido este ano quando a menina ia visitar a mãe, que convivia com o major, em Brasileia. A vítima contou o crime para parentes e, posteriormente, para a mãe.


A mulher compartilha a aguarda com o pai da menina, que também mora no interior. A família contou que o último abuso ocorreu em maio deste ano, durante o aniversário da mãe dela que o major participou. Foi nesse dia que a vítima relatou, aos prantos, para uma tia o que acontecia. A criança é acompanhada por um psicólogo atualmente.


O major já foi indiciado pela Polícia Civil por violência doméstica, ameaça e lesão corporal contra a ex-companheira e a mãe dela. Ele foi solto no dia 10 de junho após a Justiça conceder liberdade provisória com algumas restrições.


Ao G1, o major Araújo negou que tenha abusado da menina. Ele negou também que tenha batido na ex-mulher e na mãe dela e diz que está sendo injustiçado.


A Polícia Civil informou que o inquérito sobre as agressões contra as duas mulheres ainda não foi concluído, mas as investigações seguem em curso.


Sobre o caso de estupro, o delegado Ricardo Castro, que conduz as investigações, disse que não pode comentar nada sobre o processo porque está sob segredo de Justiça.




Relacionamento conturbado


O G1 conversou com a ex-companheira do militar, que pediu para não ter o nome divulgado. Ela disse que o relacionamento com o major durou 1 ano e 5 meses, entre idas e vindas, brigas, agressões e denúncias. O namoro começou em Rio Branco, onde ambos moravam e, no início de 2021, o PM foi transferido para trabalhar em Brasileia, no interior.


A primeira briga teria ocorrido antes de um mês de namoro. A mulher contou que estava no aniversário de uma amiga em comum e, no final da festa, o ex chamou para ela ir para casa dele. Ela falou que não podia porque ficaria com os filhos, frutos do primeiro casamento.


“Ele começou a me xingar, falou que iria ficar com alguém, alterou a voz, me jogou em cima do carro dele e disse que eu ia sim e não iria me encontrar com macho. Em menos de um mês isso aconteceu. Ele abriu a boca e disse que nunca me amou, que estava me usando para ficar perto da minha amiga de infância, que gostava dela. Naquela hora fiquei sem chão”, relembrou.


A briga foi presenciada por outros moradores. Ela diz que a polícia foi acionada e retirou o major de frente da casa. Houve uma conversa entre ela e a amiga de infância, que negou o caso, e ela voltou a falar com o major. Com pedidos de perdão e promessas de que aquilo nunca mais aconteceria, a mulher reatou com o major.


“Ele começou a me perseguir, mandava flores, ursos. Depois que voltamos, ele voltou a ser agressivo, teve uma vez que jogou minha roupa fora, eu queria sair e ele não deixava. Peguei Covid em maio, fiquei mais submissa, brigava comigo, me machucava, me ameaçava muito”, lamentou.


Conforme a vítima, as brigas começavam do nada, mas, quase sempre, eram motivadas por ciúmes. Ela afirmou que o ex-marido sempre teve acesso ao telefone dela, checava mensagens e contatos. Mesmo com todos os abusos e violência, a mulher relatou que seguia com o militar acreditando que ele iria mudar e também porque o amava.


“Em novembro [de 2020], ele se jogou em frente do meu carro, queria meu celular dizendo que eu tinha macho. Me xingou de todos os palavrões, nomes horríveis. Eu tinha saído para fazer a unha e ele disse que ia encontrar alguém. Fui embora para Brasileia no dia seguinte e os familiares levaram ele para Cruzeiro do Sul, onde se acalmou mais e voltou a ter contato comigo”, disse.


Mudança para o interior


Novamente, o major teria prometido que iria mudar, que precisava conversar pessoalmente, que a amava. O ex-casal se encontrou em Rio Branco após uns dias e reatou o relacionamento. Em março de 2021, o militar foi transferido para Brasileia.


“Fui burra, me deixei levar, ele era manipulador, manipulava minha mente. A gente não passava dez dias de paz, sempre teve briga. As pessoas acordavam de madrugada com ele me xingando. Eu fazia de tudo para ele, vivia para ele, parei de trabalhar porque ele não confiava. Tinha um ciúme doentio”, complementou.


Na madrugada de 7 de junho, após a sogra do militar chegar da zona rural e ficar na casa do ex-casal, houve mais uma discussão e agressões físicas dentro da casa após a mulher descobrir uma suposta traição. Segundo a vítima, o major foi expulso de casa depois de agredi-la com com socos mais uma vez. Na casa estavam a mãe dela, de 51 anos, e o filho, de 16. Além do menino, ela tem uma filha que mora com o pai.


“Ele estava no banheiro e peguei o telefone dele, que sempre pegava o meu e olhava tudo. Ele voltou e sentou na cama e fiquei olhando o telefone, até que uma cidadã mandou mensagem dizendo: ‘se você não me quer, para de me iludir, você vem mexer comigo de novo, não me assume e me ilude dessa forma’. Era minha amiga, aquela que conhecia há anos, perguntei o que tinha com ela, falou que não tinha nada, sempre me colocava como louca”, recordou.


Mais agressões


Dois dias depois, o major voltou na casa da ex-mulher e teria agredido ela novamente. Dessa vez, a ex-sogra tentou tirar o militar de cima da filha e também sofreu agressões. A Polícia Militar foi acionada e as vítimas levadas para a delegacia da cidade.


“Ele voltou em casa para me agredir, pedia meu telefone. Minha mãe mandava ele me soltar, tomou meu telefone, me bateu muito, bateu na minha mãe, levantou a arma e disse para gente sair de perto senão ia atirar em nós. Ele rasgou minha roupa, fiquei pelada dentro de casa, minha roupa ficou na delegacia. Apontou a arma na minha cara”, acusou.


A vítima pediu medida protetiva contra o major. Ele não pode se aproximar dela e nem dos parentes dela, mesmo assim, ela diz temer pela vida e de acontecer algo pior. A mulher questionou também que o ex continua como comandante da 3ª companhia do 5º BPM em Assis Brasil mesmo após toda situação.


“Acho que resgatou o telefone que tinha sido entregue na delegacia, já olhou meu status. Agora, tenho medo dele, muito medo. Já me deparei com ele fardado. Esses dias fui em uma festa com minhas primas, quando me viu ficou no meio da rua com a arma na mão. Tenho medo dele, se a gente não fala só vão acreditar quando algo acontecer. Foi tirado o porte de arma dele quando não está de serviço, mas vive de serviço, entrou na minha casa de serviço e quem vai pegar a arma dele se é comandante?”, questionou.



Major se defende e diz que está sendo ‘injustiçado’


O major também negou que tenha agredido, traído e ameaçado a ex-mulher. Ele disse ainda que nunca levantou a mão para a mãe da ex-companheira e se diz vítima do ciúme da ex, que acabou envolvendo outras pessoas.


“Era nossa amiga íntima, conversava com ela. Nunca beijei nem tive nada com ela. Ela [a ex] me trancou dentro de casa em cárcere privado, me ameaçou com uma faca e depois tomei a faca dela e consegui sair. Quando a guarnição chegou lá, ela me agrediu com murro no estômago, jogou coisas nas minhas costas. Não toquei um dedo, o roxo que ela tem foi a mãe dela segurando ela, o filho. Ela ficou com minha arma, meu telefone, ficou três semanas com minhas coisas. Se apropriou de tudo que é meu”, alegou.


O militar alegou ainda que o relacionamento do ex-casal não era conturbado. Porém, no dia 9 de junho, após ter saído de casa dois dia antes, disse que teria voltado na residência para buscar alguns pertences quando foi agredido pela ex-mulher.


“Fui expulso de casa com a roupa do corpo. Voltei para buscar umas coisas na minha casa, quando me viu começou a me agredir com o cabo do rodo. Ela me agarrou pelo pescoço, caiu no sofá e me agarrou. Minhas camisas rasgaram, tentou pegar minha arma, estava só de calcinha e camiseta que acabou rasgado e correu atrás de mim nua”, diz.


Após a confusão, o PM também fez exames de corpo de delito. Ele falou que foi até a delegacia registrar uma notícia crime e foi preso em flagrante pela Polícia Civil. Araújo também foi acusado de violência doméstica em Cruzeiro do Sul, em 2018.


Sobre as medidas restritivas impostas pela Justiça, o militar explicou que tem cumprido as regras e vai provar a inocência.


“Fui injustiçado nesse caso, fui agredido por ela. Sou a favor da Justiça, tenho cumprido tudo o que foi imposto. Nem tudo que se houve é verdade, nem tudo o que uma mulher diz na frente de um delegado é verdade, existem pessoas muito más, enfeitiçadas pelo satanás para destruir a vida das pessoas. Isso que está acontecendo comigo”, concluiu.


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