Ir além da fisioterapia e ajudar pessoas. Este é o objetivo do fisioterapeuta Janimar Nogueira, de 36 anos, ao criar o protótipo de um braço robótico a partir de um manequim, impressão 3D, material de carpintaria e sensor elétrico.
Nogueira é fisioterapeuta e atua na ala Covid no Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, e, paralelo ao trabalho que faz na unidade de saúde, ele também investe tempo nas pesquisas para concluir o braço mecânico que ele, inicialmente, idealizou para ajudar um amigo amputado, que conheceu na época da faculdade em 2017, quando deu início as pesquisas.
“Nessa caminhada da fisioterapia você se depara com vários pacientes com sequelas de derrame, AVC, síndromes. E sempre tive esse sentimento de ir além da fisioterapia. Então, conheci um amigo, que é amputado e ele não tem o antebraço. Brinquei com ele e disse que montaria um braço para ele nem que fosse de manequim. E não deu outra”, relembrou.
Foi quando começou a pesquisar e disse que viu que era possível fazer um braço robótico com um custo baixo, em torno de R$ 1 mil, que foi o que ele gastou até agora. Além disso, Nogueira diz que para ser comercializado, o produto também sairia a um custo acessível, em torno de R$ 2,5 mil. Nas pesquisas dele, um braço hoje no mercado pode sair a partir de R$ 50 mil.
“O conhecimento só é válido quando é compartilhado e melhor ainda, ajudando o próximo. Em qualquer cidade que você for tem sempre alguém precisando de uma prótese ou uma perna que é uma área que quero ir. Então, o que quero é mostrar que é possível ajudar o próximo e com baixo custo”, contou.
Composição
O protótipo está concluído no que diz respeito a parte física e é capaz de fazer movimentos. Porém, ainda não está pronto para uso, ele ainda precisa apenas de fibra de carbono para deixá-lo leve e pronto para ser usado.
A composição do braço é de material de manequim que foi usado para fazer o antebraço, impressão 3 D para fazer os dedos, material de carpintaria para fazer a junção das articulações, e um sensor elétrico que faz os movimentos, no qual utiliza bateria de recarga portátil de celular.
Após acoplar o braço mecânico, ele é acionado automaticamente porque um cabo USB já faz a ligação direta com a bateria e permite os movimentos.
“É um quebra-cabeças montar algo que não existe no seu contexto e ter êxito. Do braço robótico foi isso, vi a necessidade e comecei a pesquisar, estudei, procurei empresas que trabalham com próteses robóticas e fui montando o quebra-cabeças e vi que o manequim é uma coisa acessível e que eu posso utilizar nesse primeiro momento”, contou.
Além disso, ele ainda fez trabalho de programação para chegar ao resultado que tem hoje. Porém, o trabalho não para por aí, ele ainda precisa de fibra de carbono para concluir o projeto e chegar a um ponto ideal para uso.
“Não estou satisfeito agora no momento. Fiz funcionar, vi que era possível e demonstrei que é uma área que tem que ser explorada e não é tão cara como as pessoas imaginam. E, a próxima etapa é conseguir uma parceria para colocar fibra de carbono porque todas as próteses que pesquisei tem fibra de carbono que dá a consistência do material e a leveza necessária. Para demonstração está pronto, para uso ainda não porque falta a fibra”, acrescentou.
Além do braço robótico, ele ainda estudou e montou outro protótipo para ajudar nos movimentos de pessoas que tiveram derrame para devolver o movimento do braço e também um mouse que não precisa de superfície para mover o cursor.
Braço está em fase de testes e conclusão — Foto: Arquivo pessoal