Um litro de leite ou uma lata de cerveja por R$ 1, um pé de alface por R$ 0,50 e barris de chope de graça. No último ano, a crise financeira causada pela pandemia de covid-19 se agravou e levou grupos de amigos, vizinhos ou até desconhecidos que moram perto a criarem grupos para compras coletivas, em busca de preços mais baixos.
O aplicativo mais conhecido para fazer esse tipo de compra no Brasil é o Facily, que cresceu exponencialmente por conta da crise. Ele teve 2 milhões de downloads nos primeiros dois anos e meio de operação, e igualou essa marca nos últimos oito meses, sendo metade disso só nos dois mais recentes.
O desemprego, a perda do poder de compra e a inflação acumulada nos últimos meses fizeram a população procurar opções mais baratas de compra, principalmente nas periferias das oito grandes cidades do Brasil onde o serviço está disponível.
Ao mesmo tempo, devido ao grande volume de acessos e pedidos, usuários do aplicativo Facily disseram à BBC News Brasil que ele hoje enfrenta problemas com atrasos nas entregas. A empresa diz que está investindo em infraestrutura para acabar com o problema.
Mas como o serviço consegue vender os mesmos produtos encontrados nas prateleiras do supermercado a um preço tão baixo?
Isso ocorre porque o aplicativo liga distribuidores de produtos a grupos de pessoas dispostas a se juntar para comprá-los em grande volume. O preço cai porque uma série de custos da cadeia de venda tradicional — como os supermercados, por exemplo — é cortada quando o produtor repassa sua mercadoria diretamente para o cliente final.
Desta forma, o comprador economiza em transporte, armazenamento e funcionários de uma loja, que normalmente são embutidos no preço final do produto. Mas precisa estar disposto a ter uma oferta menor de produtos, a buscá-los em casas na vizinhança e, em alguns casos, aguardar semanas e até meses pela entrega.